Explanation of the Saint Tridentine Mass Rubrics.

sábado, 1 de junho de 2013

Como deve ser o Noivado.



O Noivado 29 de julho 2007


Todo jovem, num determinado momento da vida, coloca-se a questão do caminho a escolher para o futuro. Há perguntas que a natureza e o próprio Deus impõem à alma e esta deve responder: Que rumo tomará minha vida amanhã? De que maneira concreta vou servir a Deus? Qual será de fato o caminho pelo qual vou me salvar?

Perguntas obrigatórias, às quais cada um - homem ou mulher - deve responder sozinho, diante de Deus, em certo momento da vida. Decisão muito pessoal em que está em jogo sua vida, sua salvação.

Ninguém pode substituí-lo nessa tarefa, nem pais, nem irmãos, nem amigos, nem psicólogos ou psiquiatras, nem sequer seu confessor.

Claro que ele pode e deve pedir conselhos. Mas a decisão é pessoal, perante Deus. Por isso é bom fazer um retiro, para descobrir o estado de vida ao qual Deus nos chama.

Não se trata de escolher uma profissão: advogado, médico, comerciante, empresário, desportista ou costureira...

O estado de vida é algo muito maior, mais delicado, porque implica uma certa imobilidade, é algo permanente, dificilmente passível de mudança, que implica um modo determinado de viver as coisas que são fundamentais na vida. E de certo modo algo definitivo em termos pessoais, diante da sociedade e perante Deus.

Por isso, a decisão precisa ser sincera, generosa, tomada com seriedade.

Os caminhos que se apresentam antes dessa decisão são vários: formar uma família, isto é, o matrimônio; entrar em um convento, abraçando a vida religiosa; fazer-se sacerdote, ou seja, seguir a vocação sacerdotal se for homem; enfim, permanecer como está, isto é, solteiro, que também pode vir a ser uma verdadeira vocação.

Nestas palestras não se trata de considerar nenhuma dessas hipóteses; vamos nos ocupar de outro assunto, também muito importante por tudo o que acarreta: o noivado.

Certamente, o noivado não é um estado de vida, porque não é algo permanente (apesar de sempre terem existido e continuarem a existir os "noivos eternos"). Noivar não é escolher uma vocação (mesmo que pareça haver pessoas que o considerem como uma vocação e nunca se decidam a passar do noivado às responsabilidades do matrimônio).

O noivado supõe que a escolha do estado de vida já tenha sido feita: ou seja, que já se tenha escolhido o casamento depois de um exame sério e maduro, numa decisão muitíssimo pessoal (mesmo tendo sido necessário pedir conselhos aos pais, ao confessor...) diante de Deus, da família e da própria sociedade, ainda que a decisão permaneça no íntimo do coração.

Antes de penetrarmos no nosso tema, acrescentemos algumas considerações sobre a escolha do estado de vida para que vejamos que se trata de algo importante, que deve ser obrigatoriamente pensado com seriedade por todos os jovens.

A vocação para um estado de vida (qualquer um dos que mencionamos: matrimônio, vida religiosa, sacerdócio, inclusive o celibato) é um chamado de Deus, é uma graça.

Se Deus chama, tem suas razões e concederá as graças necessárias. Além disso, uma vez dada a vocação, Deus jamais vai retirá-la, a menos que sejamos incapazes ou indignos dela.

Para conhecer a vocação deve-se consultar a Deus, ao confessor, a si próprio, considerar suas inclinações e capacidades. A escolha do estado necessita de muita oração, e uma vez que se viu claramente o que Deus quer, uma decisão irrevogável deve ser tomada.

Aqui estamos em nosso assunto. Alguém pode dizer-me: "Padre, eu estou certa de que Deus me chama ao matrimônio, mas não aparece o noivo...".

Cabe aqui uma primeira advertência, um primeiro princípio por assim dizer, sobre o noivado: dizendo que estou seguro de que Deus me chama ao matrimônio porque meditei, consultei, rezei e considerei as diferentes possibilidades, isso significa que já tenho idade suficiente e que decidi meu estado de vida.

É absurdo e antinatural o namoro em tenra idade. Isso só causa danos à alma, muitas vezes irreparáveis. Quantos pais felicitam seus filhos ainda em idade escolar porque já estão namorando, sem dar-se conta da responsabilidade que têm e dos pecados que fomentam ao permitirem nessa idade namoros tão fáceis.

Retomaremos o assunto da idade mais à frente.

Façamos aqui uma advertência: em geral, a mulher "espera" o noivo e não sai para "buscá-lo" e há quem espera por muitos anos, como as "senhoritas" de oitenta e poucos...

Algumas jovens têm verdadeira fobia de permanecerem solteiras. O conselho é não desesperar, não cair em inquietudes excessivas, nem angústias. Vivendo nesse medo contínuo de não encontrar noivo, acabam afastando de si, sem querer, aquele que poderia ser o esposo destinado por Deus para elas: por que? Porque quando se encontram com um possível "candidato" manifestam tanta excitação e dão tantas manifestações de "querer" casar-se, que os jovens acabam julgando-as superficiais, fingidas, afetadas ou meio levianas. Resumindo, a única coisa que conseguem é fazerem-se menos respeitadas, menos capazes de despertar um verdadeiro amor.

Uma conduta mais discreta, mais prudente, mais cristã favorecerá com mais êxito o cumprimento de suas expectativas, de seus desejos.

Mas às vezes, a juventude vai passando e começam a aparecer os cabelos brancos da velhice e continua-se esperando...

Em todo caso, a "espera", que termina em matrimônio ou decepção, é um período crítico que algumas mulheres devem atravessar.

A mulher, nesse caso, deve pensar, cristãmente, que não está nesta vida para "casar-se" mas para ganhar o céu, para conseguir a felicidade eterna.

Por que então se preocupar e talvez fazer loucuras em relação ao que é somente uma maneira, um meio, uma vida entre tantas que Deus oferece para chegarmos a Ele?

O que quero dizer é que Deus talvez queira prová-las neste estado de "espera" durante toda a vida...

O Cardeal Goma, primado da Espanha durante a guerra civil espanhola, dizia sobre o tema: "consulte, interrogue, reze a Deus, espere: o noivo chegará a seu tempo. Se não chegar, não sofra: é que talvez a senhorita sofreria mais se ele viesse. E Deus e seu anjo da guarda querem livrá-la de uma vida amarga".

Se entendermos estas verdades, abraçaremos com entusiasmo a vida escolhida por Deus, que pode até vir a ser o sacrifício da "vocação matrimonial" e nos preocuparemos em cumprir a "vontade divina do momento presente", até o dia em que, cedo ou tarde, um novo chamado nos encaminhe para uma nova vida..., a verdadeira vida, a vida eterna.

Vamos então entrar em nosso tema, o noivado: sua natureza, condições, duração, etc.

Vamos nos casar. Deus nos chama para colaborar em sua obra criadora por meio deste sacramento tão grande, por meio deste estado de vida que é o matrimônio.

Vamos nos casar com o primeiro que se apresentar a nós? O primeiro homem que nos diga coisas lindas será nosso marido, nosso esposo por toda a vida? Meu futuro marido deve ser um bom moço, endinheirado e capaz de satisfazer todos os meus gostos? Ou quem sabe não seria melhor experimentar, namorar um tempo com um, depois com outro e outro?

Essas perguntas, em geral muito mal respondidas, indicam que pouco ou nada sabemos sobre o que é o noivado, que pouco ou nada sabemos sobre o que diz a Igreja sobre isso: o noivado deve ser sempre santo...

Em tempos passados, o assunto "noivado" era considerado com mais severidade. Os costumes de nossos avós e tataravós não são mais os de nossa época: a preparação para o matrimônio, a própria escolha do futuro esposo(a), dependiam mais dos pais do que dos próprios interessados, tornando desnecessário o encontro freqüente entre os noivos...

Hoje em dia, esses costumes desapareceram, mas os princípios morais que devem ser respeitados, não.

Vejamos então o que é o noivado, com quem se pode noivar, como deve ser o noivado, quando noivar, quanto tempo...

Que é o noivado?

Certo autor, querendo explicar em que consistia o noivado, começou por dizer o que ele não era:

* não é o recurso mais eficaz contra a monotonia, a chateação, porque para isso existem remédios especiais mais baratos, com mais garantis e mais agradáveis. E sobre esse ponto acrescentava: "se te aborreces, pelo amor de Deus, não recorras ao amor artificial porque, como o cristal, o aço e o alcantil artificiais, é tudo mentira e se acaba logo..."

* tampouco é o prêmio que se dá aos jovens aprovados no vestibulares. Esta aprovação dá o direito ao novo universitário de reclamar do irmãozinho que chateia porque quer jogar com ele, - "que praga que você é, não te metas com os grandes", ou para a avó que o olha abobada e orgulhosa - "a Faculdade é uma chateação", porém não concede o direito de ter uma noiva no sentido verdadeiro da palavra. Normalmente o que acontece é que ele ou ela se "estupidificam" pensando o dia inteiro um no outro, respondendo à mãe com monossílabos quando esta lhes pergunta algo. Ah! Humm! Riem às gargalhadas com as palavras do príncipe encantado que lhes chegam por meio daquele aparelhinho chamado telefone que concentra sua atenção durante muito de seu tempo.

O noivado também não é um castigo de Deus para os que não conseguem passar no primeiro ano de faculdade. Deus castiga os vadios, mas nunca tão duramente. Se não foi aprovado no primeiro ano, tenha piedade de si e recorra ao estudo..., dizia o autor.

O noivado, concluía ele, é algo como um contrato entre um rapaz e uma moça que pretendem fazer uma sociedade, edificar/comprar/alugar uma casinha/apartamento, enchê-las de filhos e complementar-se como as duas metades de uma laranja (em São Paulo: como a panela e sua tampa; como a mão e a luva) por "secula/seculorum".

A coisa é séria. Podemos dizer que o noivado é um estado preliminar ao matrimônio, uma familiaridade e conversação contínua entre um homem e uma mulher a fim de preparar-se para um futuro casamento.

Etapas prévias

As coisas grandiosas não acontecem num só dia. Precisam de tempo, de preparação, de etapas. A vida conjugal é uma dessas coisas grandiosas; portanto, é preciso chegar a ela passo a passo.

Esta preparação começa na adolescência. Não é ainda o noivado, mas a maneira com que se tratam jovens de um e outro sexo...

Este contato é natural e necessário não somente para conhecer o outro sexo, mas para conhecer-se a si mesmo, para estudar suas próprias reações e atitudes com os demais.

Uma evolução normal de qualquer jovem necessita desse contato. A partir de que idade? Desde os dezessete anos aproximadamente.

Este contato, especialmente no início, deve ser em grupos, não em particular, a sós.

"Se não queres fazer-te desgraçada - afirmava um sacerdote num livro dedicado às adolescentes - até que atinjas a idade conveniente... segue este conselho: "todas com todos e com ninguém". E acrescentava: "E não te esqueças: que tua mãe sempre saiba de tudo e conta tudo a ela".

Além disso, para que essas reuniões sejam efetivas, para que ajudem à própria formação e evitem perigos, não devem ser motivadas pelo simples encontro ou entretenimento mútuo. É melhor que tenham outro fim, como cultural, beneficente, etc.

Por que? Porque em tais circunstâncias, os jovens deixam transparecer facetas de sua personalidade e surgem mais motivos para conhecer-se. Caso contrário, pode se tratar somente de "causar boa impressão" e para isso "camuflar" elementos importantes de sua maneira de ser...

Em grupo, é inevitável que se dê a conhecer os aspectos de seu modo de ser. As intervenções, responsabilidades, pequenas colaborações e demais circunstâncias, permitem que se vá conhecendo a personalidade, o caráter, capacidades de cada um, pois essas atividades fazem com que esteja ali para algo além de "ser visto"...

Encontrando-se

Mais tarde, um jovem e uma jovem começam a encontrar-se. Encontrar-se não é o noivado, mas pode ser um prelúdio...

Aqueles que começam a encontrar-se, só como amigos, devem estar convencidos de que isso não lhes dá nenhum direito a nada e que, além disso, não se trata de uma diversão ou de uma brincadeira, mas de algo mais sério.

Esta etapa é lícita contanto que haja motivos honestos e dignos e não se trate de pura "diversão", passatempo ou namoricos. Essa intenção desvirtuada transformaria as saídas num "jogo falso", que além de graves conseqüências morais, pode acarretar graves conseqüências psicológicas.

A reta intenção permite que seja um período de muita formação, pois dá ocasião para exercitar a sinceridade, a nobreza, a generosidade, a delicadeza. Também é ocasião de prova de moralidade e força de vontade...

Permite um conhecimento mútuo em vista de uma futura relação mais duradoura, o noivado. Mas isso deve ser feito com prudência: não é bom passar tão depressa a esse estado mais formal e próximo ao casamento.

Também é importante saber que, se tais encontros começaram com nobreza, sinceridade, lealdade e valor, também devem terminar com a mesma nobreza, sinceridade, lealdade e prontidão, separando-se caso vejam que esse relacionamento não deva continuar... Inclusive é um dever "romper" antes que o coração se tenha entregado demais ou possa causar em um dos dois, ou em ambos, feridas consideráveis.

Está subentendido que a lealdade, a delicadeza, obrigam a uma especial discrição e segredo recíproco acerca das confidências mútuas que se possa haver...

Brincar de amor

As brincadeiras de amor, os "namoricos" como se chamavam antigamente essas relações superficiais, sem profundidade, sem intenção alguma de casar-se, puramente sensuais e sentimentais, são sempre condenáveis. A vida não pode queimar-se no fogo de um amor por passatempo.

É o amor sem compromissos nem responsabilidades; é o tobogã para os pecados graves contra a pureza; é abrir as portas para as ocasiões mais abomináveis e afastadas do verdadeiro amor cristão que diz respeito a compromissos definitivos, sacrifícios, renúncias, dom verdadeiro de si mesmo.

Esse tipo de namoro sem compromissos é a caricatura do amor de acarreta os piores males, destrói a verdadeira capacidade de amar e deixa suas feridas psicológicas de frustração, desencanto e amargura.

Muitas vezes também danos morais irreparáveis, ou talvez, a "surpresa" de um filho, fruto de aventuras que nunca deveria ter sido imaginadas.

E as mais prejudicadas são as mulheres, não os homens.

Os homens, levados por suas paixões, gostam desses namoros. Mas na hora da verdade, quando encontram uma moça enérgica que se recusa a estas "brincadeiras", mesmo que no momento fiquem aborrecidos, passam a ter particular respeito, admiração por ela e as apreciam muito mais.

A mulher, por sua natureza, por sua sensibilidade, se crê amada, sonhou ilusões e tudo termina em uma brincadeira que destroça seu coração. E se isso acontece não só uma, mas várias vezes, além de tornar-se incapaz de amores superiores, seu caráter se crispa, seu humor se modifica e ela se torna triste e insegura.

Deve-se fugir então deste tipo de relações, muito fáceis hoje em dia nos ambientes de estudo, de trabalho nos escritórios, nas empresas, como secretárias, empregadas, etc., que colocam a jovem em contato permanente com rapazes, na maioria das vezes, pouco dados a cumprir com seus deveres de cristão e quase sempre mal intencionados!

Um bom conselho: nada de conversações sentimentais, nada de intimidades e confidências de nenhum tipo, nada de carinhos com homens com quem mais tarde não poderá se casar. Não tenha intimidades a não ser com aquele jovem com o qual pensa e pode casar-se.

Saíram juntos... e então...

O noivado

Não é feminino tomar a iniciativa nas declarações de amor...

Fazê-lo descaradamente provoca no homem o complexo de ter sido "fisgado". A arte da mulher é fazer-se escolher. Insinuar, oferecer-se descaradamente, rebaixa o valor da mulher. O homem gosta de conquistar e não de ser conquistado, agarrado como um passarinho. Está na natureza das coisas...

Mas isso não quer dizer que a jovem deva ficar em casa esperando pelo príncipe encantado...

Deve-se fugir dos dois extremos: do oferecimento explícito que mais parece o de uma mulher mundana, e da permanência doentia em casa, como um fungo na sombra... A naturalidade de uma vida cristã oferece múltiplas ocasiões para conhecer e encontrar jovens com quem se casar.

Para casar-se, é indispensável amar-se; para amar é preciso conhecer-se; para conhecer-se é necessário conversar; para conversar há primeiro que se encontrar.

O autor que citávamos acima, que falava de um contrato bilateral entre o rapaz e a moça, dizia que a verdadeira moça se distingue por duas características: a primeira, é que ri somente a metade de quanto riem as outras e a segunda é que diz "não" às cinco primeiras declarações de um rapaz.

Onde encontrar um noivo

Surge então o assunto de onde encontrar, onde conseguir um noivo. Isto parece algo que provoca riso, mas tem muita importância e é coisa séria.

Lembro-me de que no colégio dos irmãos maristas, onde cursamos nossos estudos primários e secundários, quando o último ano estava terminando, um velho e experiente irmão nos deu um conselho para nos ajudar em nossa vida futura: "não busquem noiva na rua..."

Esse é o lugar onde se abordam facilmente as mulheres que hoje estão nos braços de um e amanhã nos de outro.

A jovem que aceira as insinuações de um desconhecido que lhe fala na rua, por mais interessante ou sério que pareça, não vale nada, não tem apreço por si mesma, nem por sua alma...

As reuniões familiares onde estão presentes amigos dos irmãos, os encontros na paróquia, nos priorados, nas casas de famílias católicas, hoje as tradicionalistas, podem ser boa ocasião para conhecer-se mutuamente.

Cuidado com os "amigos" do trabalho, da universidade, que estão em busca de aventuras e não pensam e não são tradicionalistas!

Com quem "noivar"

Surge aqui um assunto da escolha pessoal do(a) noivo(a).

Não nos deixemos seduzir pela habilidade do rapaz em cumprimentar, em pronunciar palavras que nos agradem. Raciocinemos, busquemos as condições que deve possuir aquele que será nosso futuro esposo, pai de nossos filhos. Condições sem as quais não se pode aceitar um compromisso matrimonial e portanto, um noivado.

O Papa Pio XII dizia com razão "Um afeto mútuo, nascido da simples inclinação de um para o outro, ou de um mero apreço pelos dons humanos que se descobre num e noutro, tal afeto, por mais belo e profundo que se mostre, ... não é suficiente nem pode garantir a união das almas. Somente a caridade sobrenatural, vínculo de amizade entre Deus e o homem, pode fazer laços que resistam a todas as sacudidas, a todas as vicissitudes, a todas as provas inevitáveis de uma longa vida conjugal. Somente a graça divina pode elevar-nos acima de todas as pequenas misérias quotidianas, de todos os contrastes ou desigualdades de gostos, de idéias, que crescem como erva daninha nas raízes da pobre natureza humana".

Devem ser exigidas outras condições que não sejam a beleza física, as qualidades humanas.

Estas condições pessoais devem ser descobertas durante o noivado. Por isso é lícito, e mesmo necessário que os noivos falem entre si, se encontrem sozinhos para se conhecerem melhor. Mas a prudência e a conveniência reprovam as longas conversas a sós e fora da casa paterna. Um sábio conselho cristão diz aos noivos: "Fale com seu noivo onde não os ouças, mas onde os vejam".

Nestas conversas, cada um deve ir formando uma idéia mais completa do caráter, dos dons morais, psíquicos e mesmo físicos do futuro consorte e deve também provar com a prática - por meio das conversas, do tratamento recíproco - a possibilidade de adaptar-se a seu modo de ser.

"Por acaso não é de suma importância para dois noivos assegurarem-se de que seus modos de vida são tais que possibilitam estar de acordo e chegar a uma harmonia?" (Pio XII, discurso de 12/11/1941).

O Pe. José M. de Llanos, falando sobre o noivado, ressalta que essas relações são cristãs quando "projetam, isto é, quando atendem mais ao dia de amanhã do que ao de hoje. Os noivos não só devem se divertir, mas devem projetar como se divertirão no futuro; que não só conversem, mas pretendam conversar sempre; não apenas se amem, mas queiram amar-se durante toda a vida. A esperança do amanhã é sua preocupação e seu alimento e, nas ocasiões perigosas, "esfria" os possíveis calores ameaçadores".

O matrimônio requer em ambos os esposos um propósito de colaboração. O propósito que não se aprende nos livros, mas é ensinado pelo coração, que ama a concordância das vontades e o concerto no governo e no andamento do lar; propósito que é afeição recíproca, atenção e solicitude mútua em relação ao lar comum; propósito que observa para aprender, que aprende para fazer, que faz de tudo para ajudar o outro (ou a outra). Isso existe uma mútua e lenta educação e formação conjugal, necessária para que duas almas que se amam reciprocamente cheguem à realização de uma verdadeira e íntima colaboração.

Esta harmonia que se deve alcançar no matrimônio e durante a vida conjugal, nos mostra, antes de mais nada, que, para permanecerem de acordo, é imprescindível que durante o tempo do noivado, os noivos se conheçam o melhor possível. É claro, pois as pessoas que provêm de famílias que, mesmo sendo semelhantes, não são idênticas, possuem maneiras diferentes de pensar, de atuar, e de tratar-se.

O Papa Pio XII dizia: "[É necessário], durante o tempo do noivado, investigar, discernir, de circunstância em circunstância, as virtudes e defeitos, as capacidades e as deficiências, não para criticar e brigar ou para dar preferência a seu modo de ser, (...) mas para dar-se conta do que se pode esperar, do que um cônjuge talvez terá de compensar ou suprir" (Discurso de 18/03/1942).

Em outra ocasião acrescenta: "Como os fogos de artifício encantam a vista nas noites de verão, o amor nascido de uma explosão pode facilmente extinguir-se com ela, reduzindo-se a vã fumaça. Pelo contrário, o amor verdadeiro e durável, como o fogo doméstico, afunda-se em minuciosas atenções e constantes vigilâncias e se sustenta não somente com as grossas lenhas que se consomem silenciosa e lentamente sob a cinza quente, mas também com os raminhos miúdos que crepitam alegremente com seu estalido e suas centelhas" (Discurso em 24/01/1940).

"Os noivos não podem se deixar levar por entusiasmos passageiros, porque logo aparecem os desenganos que já não têm mais remédio. A coincidência de crenças, sentimentos e tradições valem mais do que o amor à primeira vista, a repentina emoção do coração" continua Pio XII.

Conformidade de crenças e tradições! (entre o noivo e a noiva).

Quão importante é prestar atenção neste sábio conselho do Sumo Pontífice!

O essencial, o primeiro a se levar em conta, é que nosso futuro esposo seja católico e convicto, praticante. E católico tradicionalista. E se for piedoso, melhor ainda.

Estas condições não são fáceis, com certeza, mas nossa fé está em jogo e, quem sabe, nossa salvação eterna também. Vocês são jovens, casadoiras, (prontas para se casar e desejosas) e tradicionalistas. Creio não ser necessário discorrer sobre o que isso significa, mas consideremos a hipótese de noivar com um rapaz não tradicionalista.

Entra em jogo a prática da fé, a assistência à missa tradicional, o batismo, a educação católica dos filhos, etc. Em suma, está em jogo a própria salvação por fidelidade ao dever de estado.

Ele pode dizer: "vou deixar-te em liberdade para praticar tua religião, mas te advirto de antemão que eu não te seguirei na prática".

Existem duas possibilidade: ou ele cumprirá ou ele não cumprirá sua promessa.

Suponhamos que o marido seja fiel à palavra dada durante o noivado: ver-te-á rezar o terço e ele não rezará; ver-te-á ir à missa e ele não irá ou irá à missa nova; poderão falar de tudo, menos sobre o mais importante e interessante para ambos... Quantos sofrimentos! E além disso, quantos perigos!

Pouco a pouco pode acontecer que a senhora se vá contagiando com seu espírito, com seu catolicismo liberal, sem dar-se conta, insensível, paulatinamente. Talvez a fé de ambos resista, mas perderá vigor, energia e fervor, até cair na indiferença. Não morrerá, mas decairá como uma chama que não é alimentada ou que carece do ar necessário para se manter e crescer... Hoje por um motivo, amanhã para evitar uma discussão. Desse modo, logo os filhos insensivelmente se colocam do lado paterno...

E caso aconteça o contrário? E se ele não cumprir a promessa? Não é uma hipótese que devamos desconsiderar. Ao contrário! É uma realidade mais freqüente e pior que a primeira!

E nesse estado, quem poderá nos assegurar de que não perderemos a fé?

No começo deixar-te-á assistir à missa, comungar, mas um dia virá a proibição... E então, poderão talvez, por um tempo, continuar assistindo à missa às escondidas, mas esse caminho é muito difícil de percorrer, de se permanecer nele: o medo, o incômodo, a impossibilidade, a falta de ocasião irão sufocando a fé na alma, até que se abandona Deis para obedecer aos caprichos de um homem.

E, tratando-se de um homem que não pratica, maiores são os perigos e dificuldades!

Quando as senhoras descobrirem num rapaz esta condição essencial de jovem católico tradicionalista e praticante, não deixem de procurar também as demais qualidades necessárias para um bom esposo: suas qualidades morais, sua seriedade e sobriedade, seu espírito de trabalho, suas idéias, seu caráter e gostos, seu modo de ser, costumes, educação e até a posição social, quem são os que constituem "sua família"...

Por isso, com muita razão, o Catecismo Romano ensina que não se deve reprovar aqueles que, para escolher o esposo(a), acrescentam às causas primeiras - a procriação dos filhos - outras, que induzem os homens a preferir uma mulher a outra (ou vice-versa: a mulher preferir um homem a outro). Que se tenha em conta: "... as riquezas, a beleza, a nobreza de linhagem ou a igualdade de costumes. Nada disso repugna à santidade do matrimônio".

Durante esta etapa de conhecimento mútuo, devem trocar idéias sobre diversos aspectos da vida, sobre os filhos, a família, a moral conjugal e até posições políticas, sociais. Se no noivado houver discórdia sobre isso, no matrimônio haverá desgostos muito mais graves...

A falta de harmonia e os defeitos do caráter devem ser compensados por um lado com um espírito de mortificação e tolerância e por outro com o desejo sincero de corrigir-se: estou disposta a isso; está ele disposto também?

Há graus nessa busca da harmonia, é claro. Mas quanto maior for a harmonia, mais probabilidade há de se constituir um casamento feliz.

O ideal é que esta harmonia alcance detalhes como gostos, afeições, diversões, hábitos de vida, educação, limpeza, ordem, costumes, linguagem, etc.

Uma advertência importante: devido a uma tendência psicológica, muito natural e ingênua, pelo desejo de obter o objeto amado, antes do matrimônio, acontece que todos os seres, tanto eles como elas, em maior ou menor grau, arredondam suas arestas, se dobram à exigências do outro, dissimulam seus defeitos. Mas uma vez alcançado o ser amado, os caracteres se apresentam tal como são na realidade. Deve-se levar isto sempre em conta para não cair em engano.

Ajudados pela graça, pela oração e conselho do confessor, os noivos devem buscar pois, durante esse tempo de preparação que é o noivado, um no outro, as virtudes que serão as bases da vida do lar.

Algumas perguntas podem ser úteis nesta tarefa:

A senhora tem certeza de que o casamento com este jovem não será obstáculo para que viva na graça de Deus e cumpra todos seus deveres para com Ele, que é a suprema aspiração que a senhora deve ter?

A senhora e ele têm os mesmos princípios morais nos assuntos fundamentais da vida matrimonial, familiar, pessoal; os mesmos desejos e afetos?

Têm centros de interesse comum, ou os gostos de cada um são absurdamente opostos e se chateiam mutuamente com as coisas que interessam ao outro?

Acha que nunca e por ninguém mais - a não ser Deus - a senhora poderá sentir um amor maior do que o que sente agora por ele?

Acha que a firmeza do amor que sente agora não diminuirá com o tempo à medida que vá conhecendo a pessoa amada? Pelo contrário, aumentará cada vez mais à medida que o conhece melhor?

Está disposta a entregar-se totalmente, tem o desejo de fazer feliz a pessoa que ama ou vai casar-se buscando a sua própria felicidade?

A senhora possui paciência suficiente para compensar as suscetibilidades, para superar os possíveis defeitos de seu futuro cônjuge?

Depois de casada, terá necessidade da presença de outros amigos para não se chatear ou a presença de seu marido bastará para contentá-la?

Acha que se o matrimônio passar por uma tribulação (pobreza, enfermidade) ele lhe ajudará a aceitar a situação com resignação cristã?

Encontra nele virtudes e qualidades que lhe despertam admiração e lhe dão ânimo para ser melhor?

Domina seu gênio? Tem espírito de trabalho?

Simpatiza com sua família?

Tem modos ou expressões que lhe atacam os nervos?

Está disposta a tolerar suas faltas? E ele, as reconhece e demonstra boa vontade em corrigir-se?

Aceita seus erros ou se empenha sempre em ter a última palavra?

É compreensivo com o próximo ou sempre faz questão de brilhar?

Nada é perfeito neste mundo. Porém todos devem ter grandes desejos de se superar, de chegar à santidade. E o esforço mútuo, o apoio de um para o outro nesta tarefa, cheia de compreensão e caridade, é uma das maiores alegrias da vida conjugal.

O noivado deve santificar mutuamente os noivos, como tudo na vida cristã, porque se não, não serve...

Por isso, nem tudo é permitido no noivado.

O que é permitido, o que é proibido

Entramos aqui num tema delicado, no qual deve-se prestar muita atenção.

Em um mundo que permite tudo, que tudo consente, a jovem católica deve ter bem claro o que se pode e o que não se pode fazer com o noivo durante o noivado.

Um princípio geral que esclareceremos aos poucos, nos diz que: "são lícitos aqueles atos que segundo os costumes católicos de uma região são comuns entre os noivos".

Um primeiro aviso é que os noivos têm, durante seu noivado, os mesmos direitos que todos os solteiros, particularmente no que toca à pureza.

Podem ver-se com freqüência e falar-se sozinhos, mas sempre onde sejam vistos.

Podem dar-se mostras de amizade fraterna: os noivos não são duas pessoas desconhecidas e certas demonstrações de afeto e amor são permitidas.

Quais? "Aquelas que uma irmã tem com um irmão, e mesmo assim, com maior reserva", nos diz um autor que fala sobre o assunto.

Que haja prudência, dignidade, respeito e nobreza no trato mútuo.

Ser como um anjo da guarda para o noivo; tenham certeza de que se o noivo é católico e ama verdadeiramente a sua noiva, agradecer-lhe-á que se mantenha a certa distância.

Rezar e comungar juntos é uma grande ajuda para conservarem-se puros, para vencer as tentações. Os noivos verdadeiramente católicos devem dar sempre contas a Deus de todos os atos de sua vida, particularmente naqueles momentos, naquelas horas solenes que pretendem construir, fundar as bases de um futuro lar.

Conhecer-se, tratar-se intimamente com plena confiança não significa que são permitidas certas "confianças e intimidades". A graça de Deus não pode estar ausente da relação entre os noivos; o noivado só pode existir na graça de Deus. Isso é entesourar bênçãos do céu para o matrimônio.

Os noivos podem dar-se demonstrações de carinho, de afeto, mas sempre castas.

A noiva deve estar convencida de que quanto mais pura e respeitosa seja sua conduta durante o noivado, maiores serão as garantias de ter um casamento indissolúvel, tranqüilo e amoroso.

Por isso é preciso ter muito cuidado nas demonstrações de afeto e de amor que nem de longe podem ser comparadas ao que acontece hoje, ao que nos mostram os romances, as novelas, filmes e inclusive a vida quotidiana que vemos na rua e até mesmo entre nossos conhecidos...

Os noivos ainda não são esposos. Muitas coisas que entre os esposos são permitidas, são pecados graves entre os noivos ou pelo menos ocasiões voluntárias de pecado, perigo de pecados graves, dos quais estão estritamente obrigados a afastar-se.

É muito difícil que os noivos que não são prudentes em suas manifestações de afeto permaneçam no limite das intimidades lícitas: uma carícia leva a outra maior; um beijo leva a outro mais prolongado, apaixonado...

Sobre este assunto dos beijos: eles são indiferentes em si; portanto, tudo depende da intenção ou influência que tenham no instinto sexual e o perigo em consentir em excessos desse instinto. Por isso, quando o beijo é uma demonstração lícita de afeto casto, ele é permitido como sinal de amor cristão, segundo S. Afonso. Quando se busca o deleite sensível que o beijo produz, o beijo torna-se um pecado - e grave, nos ensina o Magistério da Igreja -, mesmo que se exclua o perigo de consentimento.

É por isso mesmo que a moral católica ensina que os beijos na boca são pecado mortal por ser lugar sumamente excitante, e que os beijos demorados, repetidos com freqüência, dados entre pessoas de sexos distintos, ordinariamente são pecados graves porque levam consigo grande perturbação. Além disso, procedem de um afeto libidinoso (entre solteiros raramente têm outro motivo). Assim sendo, estão proibidos aos noivos.

O próprio Santo Afonso Maria de Ligório acrescenta que "aos noivos não são permitidos contatos impudicos", isto é, quando se busca o deleite sensual ou é feito nas partes menos honestas ou desonestas (torpes) do corpo do outro.

Assim, fica claro que os noivos que queiram conduzir a bom porto seu noivado, só lhes é permitido, com reta intenção, as demonstrações de afeto nas partes honestas no corpo (naquelas que segundo um são costume, sem ofensa do pudor, se expõem à vista de todos (o rosto, as mãos, etc.) E mesmo assim, se houver perigo de consentimento em deleites impuros, devem abster-se até destes.

"Muitas vezes é preferível renunciar às lícitas que arriscar-se a cair nas que são pecado".

Para que as carícias sejam inofensivas, convém que sejam breves, delicadas, e "dos ombros para cima".

Insistimos: se as carícias ou demonstrações de afeto levarem voluntariamente a um deleite carnal ou levarem voluntariamente e sem necessidade a um perigo próximo de provocar tal deleite, serão sempre pecado grave.

E haverá sempre a obrigação de resistir aos deleites que venham involuntariamente.

Na mulher, normalmente, as demonstrações de ternura só provocam doces afetos; porém, nos homens, muitas vezes se desencadeiam grandes paixões.

Certas familiaridades, certas concessões que para a jovem ou entre mulheres são inofensivas, freqüentemente podem perturbar mais ou menos gravemente os homens.

Por isso, em tudo o que é demonstração de afeto entre noivos, é principalmente a noiva quem deve orientar, pôr limites, ser recatada, recusando toda familiaridade que exceda o que permitiria a um irmão, ... a um amigo.

Existe essa diferença e as jovens católicas devem sabê-lo.

Devem saber também que certas atitudes (como postura, modas, vestidos), tatos (beijos e abraços), certas familiaridades que nelas produzem somente doces afetos e sensações lícitas, normalmente são para os homens fonte de violentos desejos, emoções, sensações, tentações e às vezes provocam graves quedas.

É claro que há modos, posturas, linguagem, atitudes e vestidos femininos que são permanentemente provocação à impureza dos homens.

"Por isso, a castidade da mulher exige um cuidado permanente com a castidade dos demais".

Quando uma jovem encontrar o homem que Deus lhe destinou, vão ambos à Igreja, ao Priorado e, de joelhos, ofereçam a Cristo sacramentado o desejo de manter um noivado casto, com relações puras, santas, pedindo as graças necessárias para preparar um lar feliz e católico. Que os dois cheguem ao altar sem ter que se envergonhar de nada durante este tempo de preparação para o matrimônio, comprometendo-se a ajudar-se mutuamente, a frear as tentações do outro com severidade e decisão, com firmeza...

Para que Deus lhes ajude há que ser prudente: quando se virem, que não seja em lugares solitários, mesmo na própria casa quando não houver ninguém; não freqüentem lugares inconvenientes, nunca saiam sozinhos de férias, para caminhadas, acampamentos, longos trajetos de carro. Os passeios solitários não devem ser permitidos. Nada de lugares solitários e escuros. Tudo isso é colocar-se voluntariamente em ocasião de pecado.

Sempre ver-se em lugares visíveis. A obscuridade e a solidão são sempre perigosas. As longas despedidas na escuridão dos saguões são ocasiões de graves quedas.

Umas das melhores defesas morais para o comportamento dos noivos são os olhos alheios que os estejam vigiando. O comportamento dos noivos deve ser tal que a qualquer momento possam ser vistos por seus pais.

Os projetos dos quais falávamos devem ser preparados e estudados em "sociedade", isto é, à luz do sol... uma mão da noiva na sua família, uma mão do noivo na dele, ambos juntos com seus bons amigos...

O Pe. de Llanos dizia sobre o assunto:" como a fruta da árvore, o matrimônio é um banquete em perspectiva. Se arrancamos a fruta antes que ela caia, estará verde; dessa cor estará o noivado que rompe as amarras sociais e busca a solidão antes do tempo. As amarras sociais que hoje parecem correntes, farão o amor amadurecer, assim como o cabo da fruta preso à árvore amadurece a sobremesa de amanhã. Espera. O noivado não é um estado perene, não é banquete que já pode ser saboreado". Quem come uma fruta que ainda não amadureceu, que está verde, sobre em seguida as conseqüências...

Mas muitas vezes o argumento que o demônio inspira é o de pedir uma "prova de amor".

Ele dirá que nos ama, que somos seu único e total amor, mas acrescenta: "você não me quer; parece que não lhe interesso, é tão fria comigo". Ataca os sentimentos para vencer a noiva; exige uma prova de verdadeiro amor..., de fazer o que só está permitido no casamento e para o qual Deus o instituiu. E muitas caem porque temem um dua serem abandonadas pelo noivo. Se ele lhes pedir essa "prova" tenham certeza absoluta que o sujeito não presta e que devem romper o noivado imediatamente.

Amor é sacrifício, renúncia, exercício constante e perfeito da virtude que por nada exige provas que ofendam a Deus e a vocês mesmas e que são somente demonstrações de egoísmo, paixão desordenada e sem freio. Quem não sabe colocar limites para si, dominar as paixões agora, não o fará depois. E então, quem sabe o quê pedirá e exigirá de vocês quando estiverem submissas pelo sagrado vínculo do sacramento?

Pois bem, querem uma prova certa do amor do noivo? Não lhe permita nenhuma demonstração que não permitiriam diante de seus pais, de seu irmão.

Se o amor do noivo dor verdadeiro, esta condição, esta prova, leva-lo-á a respeitar mais a noiva, a amá-la mais, a continuar o noivado. Se seu amor não é verdadeiro, é melhor perdê-lo: suas intenções não são retas nem honestas.

"Jovem católica - dizia um sacerdote - considere vagarosamente essas idéias:

Se lhe atrai sua beleza física: só isso não é amor, é admiração...

Se sente palpitar seu coração em sua presença: só isso não é amor, é sensibilidade.

Se deseja uma carícia, um beijo, um abraço...: só isso não é amor, é sensualidade.

Se o que deseja é o bem de seu noivo, mesmo às custas de sacrifícios, mortificações, quando ocasiões difíceis se apresentarem: encontrou o verdadeiro amor.

Deve-se conhecer o noivo, a noiva, mas isso é muito mais do que freqüentar sua casa, é muito mais difícil que querê-la... Precisa-se de um exame de consciência pessoas; examinar-se diante dele, ele diante dela, diante de Deus, de seus mandamentos. O esposo deve ser algo de Deus para a esposa; a esposa, algo de Deus para o esposo...

Quando esse pensamento conduz à paz, a uma harmonia, a um complemento mútuo de compreensão, de satisfação intelectual, é sinal de que se está indo por bom caminho... Mas cuidado, há obstáculos a serem superados, inimigos a serem vencidos: a paixão que nubla, a tendência da carne que nos torna como animais, o egoísmo sutil que subjetiviza, a importância intelectual que nos impede de raciocinar e que faz plebeus a mais de 80% dos cérebros juvenis...

Uma jovem que havia guardado imaculada sua pureza escrevia o seguinte: "Exigirei que meu futuro marido se tenha guardado intacto como eu para nosso lar".

Também vocês têm o direito, a obrigação de reclamar a pureza de seu futuro marido, apesar do que o mundo de hoje nos mostra. Sejam firmes nesse assunto e terão fundamentos santos e inabaláveis para o lar ao qual Deus as chama.

Tudo isso nos mostra com que seriedade devemos enfrentar um noivado. Não é coisa para crianças; requer juízo, maturidade, inúmeras condições num e noutro, impossível de se existirem em crianças ou adolescentes.

Idade conveniente

Aparece aqui então a questão da idade. Em que idade pode-se começar um noivado entre jovens católicos?

O noivado só é lícito quando se tem idade suficiente para contrair casamento, porque seu objetivo é preparar-se para tal. Mas não se trata de considerar a "idade canônica", a idade estabelecida pela Igreja para a "validade" do casamento.

Geralmente, não há idade determinada para que haja um noivado formal. É preciso uma maturidade emocional, uma preparação moral suficiente para sustentar com capacidade suficiente as obrigações e os deveres de pai e/ou mãe.

Conhecemos pela história casamentos de adolescentes, quase crianças, formalizados mais pelos pais do que pelos próprios esposos. Porém, mesmo assim, alguns foram felizes e santos.

Hoje em dia não é assim. Dadas as circunstâncias do mundo em que vivemos, é totalmente desaconselhável o casamento e o noivado entre adolescentes.

Se tivéssemos que estabelecer uma idade mínima, assinalar com quantos anos convém uma jovem começar a namorar, diríamos que aos vinte anos aproximadamente. Não antes. E para o homem, um pouco mais...

Um autor nos diz que é a idade quando "a vida já deu às pessoas uma sensatez, uma prudência e uma visão da realidade que não se pode ter em tenra idade". Querer "ter um noivo" antes dessa idade é como comer fruta verde; e todos sabem o que acontece quando se come fruta verde... produz dores e mal estar.

Poucas vezes os amores prematuros, que não são amor e sim namoricos, tornam-se amor maduro e casto.

O que acontece é que esse primeiro fogo se apaga e acaba deixando o coração ferido, com amarguras.

É o amargor da desilusão, da acidez da fruta verde.

Ao "amor em tenra idade" seguem-se uma carreira de namoricos que só deixa velhas solteironas, amargas, tristes e desencantadas da vida... ou, ... ou acontecem os matrimônios "às pressas" ... e em seguida a separação, o divórcio com todas as suas seqüelas.

E já que falamos de idade, é bom falar de algo suplementar, porém importante: as diferenças de idade.

O melhor é que ele seja um pouco mais velho do que ela, alguns anos, não muitos, no máximo de quatro a seis anos.

Se for muito mais velho, não será fácil a acomodação mútua; talvez já tenha algumas "manias de solteirão" difíceis de serem vencidas por ele e suportadas por ela. Além disso, há o risco de tornar-se viúva, jovem ainda, prejudicando a educação dos filhos.

Se é ela quem "leva grande vantagem na idade", as dificuldades de acomodação à vida em comum são maiores... Mais que esposa, ela será sogra; mais que submissa, será a "chefa" de seu marido...

É necessário considerar neste assunto os costumes do lugar e lembrar que também já houve exceções e sempre haverá. Mas quatro a seis anos é a diferença de idades que a ordem da natureza parece exigir no amor humano, no matrimônio cristão.

Tempo do noivado

Por último, convém falar algo sobre o tempo do noivado, ou melhor, quanto tempo deve durar normalmente o noivado?

Já se pode imaginar dois extremos antinaturais. Existem aquelas que "para não perdê-lo", falam logo "sim" ao noivo e se casam três meses depois de tê-lo conhecido. Nem sequer se lembram da cor de seu cabelo, não têm consciência do que ele pensa e quando muito, sabem apenas o dia de seu aniversário...

Os sofrimentos que os esperam são indizíveis, os tropeços na vida conjugal, sem falar do risco que correm de que tudo termine em fracasso.

Nosso conhecido Pe. Castellani falava sobre isso: "no noivado os futuros esposos aprendem a conhecer-se. Isso faz com que não convém que seja curto, muito mais em nossos dias, onde há uma grande confusão social que faz com que às vezes os que se casam sejam desconhecidos entre si. Antes, as famílias se conheciam desde muito tempo e a sociedade não estava mesclada e agitada como está agora. É claro que o noivado não é o casamento. Cada um dos noivos arruma para si uma máscara de ótima aparência; mas se o noivado for mais longo, essa máscara cairá".

O outro extremo são os "eternos noivos", que perpetuam o noivado por tantos anos que já se perde a conta, não sabem mais quando se conheceram, nem como, talvez sejam noivos desde a infância...

Nada mais os atrai; não há nada de novo. Estão juntos, com um incentivo, a ilusão de um futuro lar. Ele conhece tudo sobre ela, ela conhece tudo sobre ele. Mais do que noivos, parecem dois seres que vivem para ter uma "companhia, alguém com quem sair, o noivo, a noiva "seguros" de que não ficarão pasmados em casa enquanto há uma festa que lhes interessa.

O normal, o natural, é um noivado de um ano ou dois, um máximo de dois anos e meio ou pouco mais.

Com menos tempo é muito difícil conhecer o futuro noivo suficientemente e é possível que depois de casados apareçam defeitos não suspeitados e que põem em perigo a vida conjugal.

Com mais tempo, facilmente se perde o respeito, o interesse em formar um lar, uma família católica e se cai no que já dissemos: um relacionamento cuja razão de ser é ter uma boa companhia sempre à disposição para o que se necessite.

É claro que existem exceções e que também deve-se ter em conta os costumes locais e outras circunstâncias que venham a ser razões suficientes para encurtar ou alongar esse tempo: conhecimento prévio, qualidades excepcionais, situações econômicas, de trabalho, estudo, etc.

Como palavras finais sobre esse tempo, repetimos o Pe. Llanos: "A escola do noivado tem por único sentido ser um meio de cultivo de um amor que brotou num primeiro dia feliz quando os dois se conheceram. O noivado é como uma estufa, um sulco na terra onde cresce em ritmo lento e misterioso a semente que Deus plantou quando quis e porque quis - eis aqui a interpretação mais simpática do que seja o noivado. Nele há algo que não está diretamente na vontade das duas partes, há um processo substancial em si que cresce arraigado nos dois corações. Ele e ela podem e devem fomentar o desenvolvimento lento e misterioso da "planta" interior que os aproxima e os une, mas nunca serão os donos absolutos deste crescimento. Impõe-se, antes de tudo, o respeito ao processo e a suas leis, que no fundo é o respeito à mão que dirige esse processo. Falando com mais profundidade: esse respeito é um ato de culto, um presente, um ato de submissão a Deus, pai e criador, que semeou o amor entre os dois jovens e o conduz. E porque esse processo tem sua lei cronológica e de crescimento, acelerá-lo é um disparate e um delito. Acelerá-lo é querer tirar dele suas conseqüências mais agradáveis, ou as mais definitivas, buscando uma floração de plenitudes antes de chegar a primavera. Eis um modelo para o modo de aprender a amar e ser amado no noivado: façam como o lavrador que sabe suas e esperar, que coordena o esforço de seu músculo com o olhar para os céus, observando se chegou o momento da chuva. Cultivar não é precipitar; cultivar tem tanto de serenidade quanto de afã, tanto de ritmo quanto de vigilância, tanto de esperança quanto de caridade. Cultivar, nesse caso, não é apenas conhecer e ser conhecido, é, além disso, sacrificar e saber ser sacrificado. Todas as relações têm de conceder ao sacrifício mútuo o dobro de força de alma que se concede à santificação mútua. O sacrifício mais fecundo do noivado é o de adaptar-se um ao outro uma vez que se percebeu os defeitos mútuos e combater em si defeitos que desagradam ao futuro cônjuge. Encarar os defeitos e superá-los com o afeto, expô-las com compreensão, ajudar o outro a combatê-los com a mais rigorosa ascética. Não há peça de solda que una mais os dois corações e as duas vidas do que esse "encaixe" cristão dos defeitos mútuos. Não há tarefa mais digna e mais prática do processo do amor cristão do que essa cumplicidade no combate dos defeitos mútuos. Em vez de desunir, torna-se o mais forte braço de união".

Parece-nos importante também uma advertência final: o dever mútuo de fidelidade durante o noivado, ou seja, ser noivo de só um jovem, exclusivamente. Um com uma.

A que me refiro eu? A que a jovem que está noiva deve ser fiel a seu noivo e não entrar em jogos perigosos com outros jovens com quem poderá, sim, conservar a amizade, mas nunca entrar em intimidades, confidências, conversações ou insinuações que despertem neles sentimentos perigosos, alimentem expectativas ou provoquem situações que não correspondem a sua atual condição de noiva católica que se prepara para o casamento.

Para finalizar, recordemos um provérbio russo: "antes de partir para a guerra, reze uma vez; antes de embarcar, reze duas vezes; reze três vezes antes de se casar".

É necessário rezar sempre, mas particularmente, de modo especial, antes do matrimônio. Durante o noivado, individualmente, juntos, ambos os noivos, um pelo outro, por si próprio, pelo noivado, pelo lar que vão formar.

Transcrevemos uma oração que os noivos devem aprender a rezar juntos, para que seu noivado seja realmente santo, os santifique e lhes permita alcançar um santo matrimônio:

"Senhor Todo Poderoso e cheio de bondade, Vós permitistes nosso encontro. Vós sois a fonte de toda luz e de todo amor. Dignai-vos por Vosso Espírito Santo preparar-nos para o sacramento do matrimônio. Ensinai-nos a conhecermo-nos verdadeiramente; fazei que nosso amor seja cada dia mais profundo, mais leal e mais puro.

Que sob vosso olhar nos respeitemos até o momento em que, pelo matrimônio, nos pertençamos mutuamente e desde então até o fim de nossas vidas. Por Jesus Cristo Nosso Senhor, Amém".

Outra oração que poderiam rezar juntos aqueles que queiram ter um noivado católico é a seguinte:

"Senhor Jesus, Vós que dissestes que onde dois ou três se reunirem em vosso nome, ali estaríeis Vós, e o que pedissem ao Pai, Ele o concederia, acercai-vos de nós e escutai nossa prece. Em vosso nome unimos nossos corações e nossos desejos; em vosso nome, porque consideramos nosso amor como dádiva vossa. Cremos que vós nos unistes, cremos que vós presidis nossa afeição, cremos que vós nos protegereis da ilusão. Vinda, Senhor, elevai ao Pai nossa oração. Vós conheceis nosso desejo mais íntimo: queremos que essa unidade que estreitastes entre nós seja duradoura e santa, que imite de algum modo aquela Unidade que Vós, com o Pai e o Espírito Santo, possuís e possuireis eternamente. E nesta unidade, Vós o sabeis, o sonho de um novo lar, de um Nazaré com a pureza e humildade de Maria, o trabalho e o esforço de José e vossa presença e imagem com nossos filhos, nascidos para Vós, e quantos Vós quiserdes nos enviar. Senhor Jesus, nossa gratidão só vos pode oferecer esses pobres corações de terra, cheios da ilusão mais pura, a fim de que Vós os bendigais com aquela bênção milagrosa de Caná. Convertei, Senhor, nosso amor de hoje, limpo e simples, em fecundo e doce vínculo matrimonial. A Mãe do Belo Amor intercede por nós. Ela se compadece de nós e nos ama. Vós fareis o milagre. Para que creiamos mais em Vós, na glória de vosso Pai e nosso, que convosco e o Espírito Santo vive e reina por todos os séculos dos séculos. Amém".

Como síntese da doutrina católica sobre o noivado, podemos dizer que não se pode viver cristãmente no matrimônio se não se viver cristãmente antes de chegar ao matrimônio.

A receita é a de toda vida cristã: a vida de oração, a freqüência aos sacramentos, a mortificação cristã, o desejo de cumprir sempre e em tudo a vontade de Deus, a devoção à Santíssima Virgem, a São José, ao Menino Jesus (a Sagrada Família, paradigma de toda a família católica), ao Anjo da Guarda. Não são coisas de uso facultativo, somente para aqueles que as desejam.

Manter-se na presença de Deus a cada instante, manter a vida interior e de piedade é o que permitirá à jovem ver com olhos sobrenaturais o que deve, o que é permitido e o que não é durante seu noivado para chegar pura ao casamento.

O que todos fazem, o que se vê sempre nos filmes, o que foi lido em algum livro, o que fala algum teólogo famoso, não justifica nunca atitudes contrárias às normas da moral católica.

Conhecer-se intimamente em vista de um matrimônio, vivendo castamente todo o tempo que dure o noivado, sempre na graça de Deus, é parte essencial dessa escola de amor cristão, inspirada não por um espírito egoísta e de possessão, mas por um espírito de renúncia, compreensão, respeito, delicadeza, verdadeira caridade.

O noivado será conveniente e lícito se a convivência com a outra parte provocar uma maior santidade, se a vida interior, o amor de Deus e a graça na alma crescem e se tornam mais nítidos conduzindo a uma vida exemplar.

LAUS DEO



Pe. Ricardo Olmedo

Professor de Moral no Seminário Internacional Nossa Senhora Corredentora.




Um exame de consciência para adultos.

Acredito num Salvador que me ama, que perdoa os meus pecados e que me dá a graça de me tornar santo. Jesus Cristo, através do ministério dos Seus sacerdotes, faz ambas as coisas no Sacramento da Penitência.

"Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio. . . Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, ser-lhe-ão perdoados; e a quem os retiverdes, ser-lhe-ão retidos." (João 20:21-23)

"Mesmo que os teus pecados sejam como escarlate, ficarão brancos como neve." (Isaías 1:18)

"Não vim chamar os justos, mas os pecadores." (Mateus 9:13)

"Os homens receberam de Deus um poder que não foi dado aos anjos nem aos arcanjos. Nunca foi dito aos espíritos celestes, ‘O que ligardes e desligardes na terra será ligado e desligado no céu’. Os príncipes deste mundo só podem ligar e desligar o corpo. O poder do sacerdote vai mais além; alcança a alma, e exerce-se não só em baptizar, mas ainda mais em perdoar os pecados. Não coremos, pois, ao confessar as nossas faltas. Quem se envergonhar de revelar os seus pecados a um homem, e não os confessar, será envergonhado no Dia do Juízo na presença de todo o Universo." (S. João Crisóstomo, Tratado sobre os Sacerdotes, Liv. 3)

Oração para antes da Confissão: Senhor, iluminai-me para me ver a mim próprio tal como Vós me vedes, e dai-me a graça de me arrepender verdadeira e efectivamente dos meus pecados. O Virgem Santíssima, ajudai-me a fazer uma boa confissão.

Como se Confessar: Antes de mais, examine bem a sua consciência. Em seguida, diga ao sacerdote que pecados específicos cometeu, e, com a maior exactidão possível, quantas vezes os cometeu desde a sua última boa confissão. Só é obrigado a confessar os pecados mortais, visto que pode obter o perdão dos seus pecados veniais através de sacrifícios e actos de caridade. Se estiver em dúvida sobre se um pecado é mortal ou venial, mencione ao confessor a sua dúvida. Recorde-se, também, que a confissão dos pecados veniais ajuda muito a evitar o pecado e a avançar na direcção do Céu.

Condições necessárias para um pecado ser mortal:

Matéria séria
Reflexão suficiente
Pleno consentimento da vontade
Considerações preliminares:

Alguma vez deixei de confessar um pecado grave, ou conscientement disfarcei ou escondi um tal pecado?
Nota: Esconder deliberadamente um pecado mortal invalida a confissão, e é igualmente pecado mortal. Lembre-se que a confissão é privada e sujeita ao Sigilo da Confissão, o que quer dizer que é pecado mortal um sacerdote revelar a quem quer que seja a matéria de uma confissão.
Alguma vez fui irreverente para com este Sacramento, não examinando a minha consciência com o devido cuidado?
Alguma vez deixei de cumprir a penitência que o sacerdote me impôs?
Tenho quaisquer hábitos de pecado grave que deva confessar logo no início (por exemplo, impureza, alcoolismo, etc.)?


Primeiro Mandamento: Eu sou o Senhor teu Deus, Não terás deuses estranhos perante Mim (incluindo pecados contra a Fé, Esperança e Caridade).

Descuidei o conhecimento da minha fé, tal como o Catecismo a ensina, tal como o Credo dos Apóstolos, os Dez Mandamentos, os Sete Sacramentos, o Pai Nosso, etc?
Alguma vez duvidei deliberadamente de algum ensinamento da Igreja, ou o neguei?
Tomei parte num acto de culto não católico?
Sou membro de alguma organização religiosa não católica, de alguma sociedade secreta ou de um grupo anti-católico?
Alguma vez li, com consciência do que fazia, alguma literatura herética, blasfema ou anti-católica?
Pratiquei alguma superstição (tal como horóscopos, adivinhação, tábua Ouija, etc.)?
Omiti algum dever ou prática religiosa por respeitos humanos?
Recomendo-me a Deus diàriamente?
Tenho rezado fielmente as minhas orações diárias?
Abusei os Sacramentos de alguma maneira? Recebi-os com irreverência, como, por exemplo, a Comunhão na Mão sem obedecer aos princípios e às sete regras promulgadas por Paulo VI como sendo obrigatórias neste caso?
Trocei de Deus, de Nossa Senhora, dos Santos, da Igreja, dos Sacramentos, ou de quaisquer coisas santas?
Fui culpado de grande irreverência na igreja, como, por exemplo, em conversas, comportamento ou modo como estava vestido?
Fui indiferente quanto à minha Fé Católica — acreditando que uma pessoa pode salvar-se em qualquer religião, ou que todas as religiões são iguais?
Presumi em qualquer altura que tinha garantida a misericórdia de Deus?
Desesperei da misericórdia de Deus?
Detestei a Deus?
Dei demasiada importância a alguma criatura, actividade, objecto ou opinião?


Segundo Mandamento: Não tomarás o Nome do Senhor teu Deus em vão.

Jurei pelo nome de Deus falsamente, impensadamente, ou em assuntos triviais e sem importância?
Murmurei ou queixei-me contra Deus (blasfêmia)?
Amaldiçoei-me a mim próprio, ou a outra pessoa ou criatura?
Provoquei alguém à ira, para o fazer praguejar ou blasfemar a Deus?
Quebrei uma promessa feita a Deus?


Terceiro Mandamento: Recorda-te de santificar o Dia de Sábado.

Faltei à Missa nos Domingos ou Festas de guarda?
Cheguei atrasado à Missa nos Domingos e Dias Santos de guarda, ou saí mais cedo por minha culpa?
Fiz com que outras pessoas faltassem à Missa nos Domingos e Dias Santos de guarda, ou saíssem mais cedo, ou chegassem atrasados à Missa?
Estive distraído propositadamente durante a Missa?
Fiz ou mandei fazer trabalho servil desnecessário num Domingo ou Festa de guarda?
Comprei ou vendi coisas sem necessidade nos Domingos e Dias Santos de guarda?


Quarto Mandamento: Honra o teu pai e a tua mãe.

Desobedeci aos meus pais, faltei-lhes ao respeito, descuidei-me em ajudá-los nas suas necessidades ou na compilação do seu testamento, ou recusei-me a fazê-lo?
Mostrei irreverência em relação a pessoas em posições de autoridade?
Insultei ou disse mal de sacerdotes ou de outras pessoas consagradas a Deus?
Tive menos reverência para com pessoas de idade?
Tratei mal a minha esposa ou os meus filhos?
Foi desobediente ao meu marido, ou faltei-lhe ao respeito?
Sobre os meus filhos:
Descuidei as suas necessidades materiais?
Não tratei de os fazer baptizar cedo? *(Veja-se em baixo.)
Descuidei a sua educação religiosa correcta?
Permiti que eles descuidassem os seus deveres religiosos?
Consenti que se encontrassem ou namorassem sem haver hipótese de se celebrar o matrimónio num futuro próximo? (Santo Afonso propõe um ano, no máximo).
Deixei de vigiar as companhias com quem andam?
Deixei de os disciplinar quando necessitassem de tal?
Dei-lhes mau exemplo?
Escandalizei-os, discutindo com o meu cônjuge em frente deles?
Escandalizei-os ao dizer imprecações e obscenidades à sua frente?
Guardei modéstia na minha casa?
Permiti-lhes que usassem roupa imodesta (mini-saias; calças justas, vestidos ou camisolas justos; blusas transparentes; calções muito curtos; fatos de banho reveladores; etc.)? †
Neguei-lhes a liberdade de casar ou seguir uma vocação religiosa?

* As crianças devem ser baptizadas o mais cedo possível. Além das prescrições diocesanas particulares, parece ser a opinião geral . . . que uma criança deve ser baptizada cerca de uma semana ou dez dias a seguir ao nascimento. Muitos católicos atrasam o baptismo por quinze dias ou um pouco mais. A ideia de administrar o Baptismo nos três dias que se seguem ao parto é demasiado estrita. Santo Afonso, seguindo a opinião geral, pensava que um atraso não justificado de mais de dez ou onze dias a seguir ao parto seria um pecado grave. Segundo o costume moderno, que é conhecido e não corrigido pelos Ordinários locais, um atraso de mais de um mês sem motivo seria um pecado grave. Se não houve perigo aparente para a criança, os pais que atrasem o baptismo por três semanas, pouco mais ou menos, não podem ser acusadas de pecado grave, mas a prática de baptizar o recém-nascido na semana ou dez dias que se seguem ao parto deve recomendar-se firmemente; e, de facto, pode mesmo recomendar-se um período ainda mais curto. — H. Davis S.J., Moral and Pastoral Theology, Vol. III, pg. 65, Sheed and Ward, New York, 1935

†Peça o folheto MODÉSTIA NO VESTUÁRIO


Quinto Mandamento: Não matarás.

Procurei, desejei ou apressei a morte ou o ferimento de alguém?
Alimentei ódio para com alguém?
Oprimi alguém?
Desejei vingar-me?
Provoquei a inimizade entre outras pessoas?
Discuti ou lutei com alguém?
Desejei mal a alguém?
Quis ferir ou maltratar alguém, ou tentei fazê-lo?
Recuso-me a falar com alguém, ou ressentimento de alguém?
Regozijei-me com a desgraça alheia?
Tive ciúmes ou inveja de alguém?
Fiz ou tentei fazer um aborto, ou aconselhei alguém a que o fizesse?
Mutilei o meu corpo desnecessàriamente de alguma maneira?
Consenti em pensamentos de suicídio, desejei suicidar-me ou tentar suicidar-me?
Embriaguei-me ou usei drogas ilícitas?
Comi demais, ou não como o suficiente por descuido (isto é, alimentos nutritivos)?
Deixei de corrigir alguém dentro das normas da caridade?
Causei dano à alma de alguém, especialmente crianças, dando escândalo através de mau exemplo?
Fiz mal à minha alma, expondo-a intencionalmente e sem necessidade a tentações, como maus programas de TV, música reprovável, praias, etc.?


Sexto e Nono Mandamentos: Não cometerás adultério. Não cobiçarás a mulher do próximo.

Neguei ao meu cônjuge os seus direitos matrimoniais?
Pratiquei o controlo de natalidade (com pílulas, dispositivos, interrupção)?
Abusei dos meus direitos matrimoniais de algum outro modo?
Cometi adultério ou fornicação (sexo pré-marital)?
Cometi algum pecado impuro contra a natureza (homosexualidade ou lesbianismo, etc.)?
Toquei ou abracei outra pessoa de forma impura?
Troquei beijos prolongados ou apaixonados?
Pratiquei a troca prolongada de carícias?
Pequei impuramente contra mim próprio (masturbação)?
Consenti em pensamentos impuros, ou tive prazer neles?
Consenti em desejos impuros para com alguém, ou desejei conscientemente ver ou fazer alguma coisa impura?
Entreguei-me conscientemente a prazeres sexuais, completos ou incompletos?
Fui ocasião de pecado para os outros, por usar roupa justa, reveladora ou imodesta?
Fiz alguma coisa, deliberadamente ou por descuido, que provocasse pensamentos ou desejos impuros noutra pessoa?
Li livros indecentes ou vi figuras obscenas?
Vi filmes ou programas de televisão sugestivos, ou pornografia na Internet, ou permiti que os meus filhos os vissem?
Usei linguagem indecente ou contei histórias indecentes?
Ouvi tais histórias de boa vontade?
Gabei-me dos meus pecados, ou deleitei-me em recordar pecados antigos?
Estive com companhias indecentes?
Consenti em olhares impuros?
Deixei de controlar a minha imaginação?
Rezei imediatamente, para afastar maus pensamentos e tentações?
Evitei a preguiça, a gula, a ociosidade, e as ocasiões de impureza?
Fui a bailes imodestos ou peças de teatro indecentes?
Fiquei sozinho sem necessidade na companhia de alguém do sexo oposto?
Note bem: Não tenha receio de confessar ao sacerdote qualquer pecado impuro que tenha cometido. Não esconda ou tente disfarçá-lo. O sacerdote está ali para o ajudar e perdoar. Nada do que possa dizer o escandalizará; por isso, não tenha medo, por mais envergonhado que esteja.



Sétimo e Décimo Mandamentos: Não roubarás. Não cobiçarás os bens do teu próximo.

Roubei alguma coisa? O quê, ou quanto?
Danifiquei a propriedade de outrem?
Deixei estragar, por negligência, a propriedade de outrem?
Fui negligente na guarda do dinheiro ou bens de outrem?
Fiz batota ou defraudei alguém?
Joguei em excesso?
Recusei-me a pagar alguma dívida, ou descuidei-me no seu pagamento?
Adquiri alguma coisa que sabia ter sido roubada?
Deixei de restituir alguma coisa emprestada?
Lesei o meu patrão, não trabalhando como se esperava de mim?
Fui desonesto com o salário dos meus empregados?
Recusei-me a ajudar alguém que precisasse urgentemente de ajuda, ou descuidei-me a fazê-lo?
Deixei de restituir o que roubei, ou obtive por embusted ou fraude? (Pergunte ao sacerdote como poderá fazer a restituição, ou seja, devolver ao legítimo dono o que lhe tirou).
Tive inveja de alguém, por ter algo que eu não tenho?
Invejei os bens de alguém?
Tenho sido avarento?
Tenho sido cúpido e invejoso, dando demasiada importância aos bens e confortos materiais? O meu coração inclina-se para as posses terrenas ou para os verdadeiros tesouros do Céu?


Oitavo Mandamento: Não levantarás falsos testemunhos contra o teu próximo.

Menti a respeito de alguém (calúnia)?
As minhas mentiras causaram a alguém danos materiais ou espirituais?
Fiz julgamentos temerários a respeito de alguém (isto é, acreditei firmemente, sem provas suficientes, que eram culpados de algum defeito moral ou crime)?
Atingi o bom nome de alguém, revelando faltas autênticas mas ocultas (maledicência)?
Revelei os pecados de outra pessoa?
Fui culpado de fazer intrigas (isto é, de contar alguma coisa desfavorável que alguém disse de outra pessoa, para criar inimizade entre eles)?
Dei crédito ou apoio à divulgação de escândalos sobre o meu próximo?
Jurei falso ou assinei documentos falsos?
Sou crítico ou negativo sem necessidade ou falto à caridade nas minhas conversas?
Lisonjeei outras pessoas?
As obras de Misericórdia espirituais e corporais

Descuidei-me no cumprimento das obras seguintes, quando as circunstâncias mo pediam?

As sete obras de Misericórdia espirituais

1. Dar bom conselho aos que pecam. 2. Ensinar os ignorantes. 3. Aconselhar os que duvidam. 4. Consolar os tristes. 5. Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo. 6. Perdoar as injúrias por amor de Deus. 7. Rogar a Deus pelos vivos e pelos defuntos.

As sete obras de Misericórdia corporais

1. Dar de comer a quem tem fome. 2. Dar de beber a quem tem sede. 3. Vestir os nus. 4. Visitar e resgatar os cativos. 5. Dar pousada aos peregrinos. 6. Visitar os doentes. 7. Enterrar os mortos.

Lembre-se que a nossa Santa Fé Católica nos ensina que ... assim como o corpo sem o espírito está morto, também a fé sem obras está morta (Tiago 2: 26).

Os sete pecados mortais e as virtudes opostas

1. Soberba.......................................Humildade

2. Avareza........................................Liberalidade

3. Luxúria..........................................Castidade

4. Ira.................................................Paciência

5. Gula..............................................Temperança

6. Inveja.............................................Caridade

7. Preguiça..........................................Diligência

Os cinco efeitos do orgulho

1. Vanglória: a. Jactância b. Dissimulação/ Duplicidade
2. Ambição
3. Desprezo dos outros
4. Ira/ Vingança/ Ressentimento
5. Teimosia/ Obstinação.

Nove maneiras de ser cúmplice do pecado de outrem


a. Alguma vez fiz deliberadamente com que outros pecassem?
b. Alguma vez cooperei nos pecados de outrem:
1. Aconselhando? 2. Mandando? 3. Consentindo? 4. Provocando?
5. Lisonjeando? 6. Ocultando? 7. Compartilhando? 8. Silenciando?
9. Defendendo o mal feito?

Os quatro pecados que bradam aos Céus

1. Homicídio voluntário. 2. O pecado de sodomia ou lesbianismo.
3. Opressão dos pobres. 4. Não pagar o salário justo a quem trabalha.

Os seis Mandamentos da Igreja

Ouvi Missa nos Domingos e Festas de guarda?
Cumpri o jejum e a abstinência nos dias prescritos, e guardei o jejum eucarístico?
Confessei-me pelo menos uma vez no ano?
Recebi a Sagrada Eucaristia pelo menos uma vez por ano?
Contribui, na medida do possível, para as despesas do culto?
Observei as leis da Igreja sobre o Matrimónio, ou seja, quanto ao matrimónio sem a presença de um sacerdote, ou no caso de matrimónio com um parente próximo ou um não-Católico?

As cinco blasfêmias contra o Coração Imaculado de Maria

Blasfemei contra a Imaculada Conceição?
Blasfemei contra a Virgindade Perpétua de Nossa Senhora?
Blasfemei contra a Maternidade Divina de Nossa Senhora? Deixei de reconhecer a Nossa Senhora como Mãe de todos os homens?
Tentei pùblicamente semear nos corações das crianças indiferença ou desprezo, ou mesmo ódio, em relação à sua Mãe Imaculada?
Ultrajei-A directamente nas Suas santas imagens?
Finalmente:

Recebi a Sagrada Comunhão em estado de pecado mortal? (Este é um sacrilégio muito grave).

O exame dos pecados veniais de Santo António Maria Claret

A alma deve evitar todos os pecados veniais, especialmente os que abrem caminho ao pecado grave. Ó minha alma, não chega desejar firmemente antes sofrer a morte do que cometer um pecado grave. É necessário tem uma resolução semelhante em relação ao pecado venial. Quem não encontrar em si esta vontade, não pode sentir-se seguro. Não há nada que nos possa dar uma tal certeza de salvação eterna do que uma preocupação constante em evitar o pecado venial, por insignificante que seja, e um zelo definido e geral, que alcance todas as práticas da vida espiritual — zelo na oração e nas relações com Deus; zelo na mortificação e na negação dos apetites; zelo em obedecer e em renunciar à vontade própria; zelo no amor de Deus e do próximo. Para alcançar este zelo e conservá-lo, devemos querer firmement evitar sempre os pecados veniais, especialmente os seguintes:

O pecado de dar entrada no coração de qualquer suspeita não razoável ou de opinião injusta a respeito do próximo.
O pecado de iniciar uma conversa sobre os defeitos de outrem, ou de faltar à caridade de qualquer outra maneira, mesmo levemente.
O pecado de omitir, por preguiça, as nossas práticas espirituais, ou de as cumprir com negligência voluntária.
O pecado de manter um afecto desregrado por alguém.
O pecado de ter demasiada estima por si próprio, ou de mostrar satisfação vã por coisas que nos dizem respeito.
O pecado de receber os Santos Sacramentos de forma descuidada, com distracções e outras irreverências, e sem preparação séria.
Impaciência, ressentimento, recusa em aceitar desapontamentos como vindo da Mão de Deus; porque isto coloca obstáculos no caminho dos decretos e disposições da Divina Providência quanto a nós.
O pecado de nos proporcionarmos uma ocasião que possa, mesmo remotamente, manchar uma situação imaculada de santa pureza.
O pecado de esconder propositadamente as nossas más inclinações, fraquezas e mortificações de quem devia saber delas, querendo seguir o caminho da virtude de acordo com os caprichos individuais e não segundo a direcção da obediência.
Nota: Fala-se aqui de situações em que encontraremos aconselhamento digno se o procurarmos, mas nós, apesar disso, preferimos seguir as nossas próprias luzes, embora frouxas.

Oração para uma boa confissão:

Meu Deus, por causa dos meus pecados crucifiquei de novo o Vosso Divino Filho e escarneci dEle. Por isto sou merecedor da Vossa cólera e expus-me ao fogo do Inferno. E como fui ingrato para conVosco, meu Pai do Céu, que me criastes do nada, me redimistes pelo preciosíssimo sangue do Vosso Filho e me santificastes pelos Vossos santos Sacramentos e pelo Espírito Santo! Mas Vós poupastes-me pela Vossa misericórdia, para que eu pudesse fazer esta confissão. Recebei-me, pois, como Vosso filho pródigo e dai-me a graça de uma boa confissão, para que possa recomeçar a amar-Vos de todo o meu coração e de toda a minha alma, e para que possa, a partir de agora, cumprir os Vossos Mandamentos e sofrer com paciência os castigos temporais que possam cair sobre mim. Espero, pela Vossa bondade e poder, obter a vida eterna no Paraíso. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amen.

Nota final

Lembre-se de confessar os seus pecados com arrependimento sobrenatural, tendo uma resolução firme de não tornar a pecar e de evitar situações que levem ao pecado. Peça ao seu confessor que o ajude a superar alguma dificuldade que tenha em fazer uma boa confissão. Cumpra prontamente a sua penitência.

Acto de Contrição

Meu Deus, porque sois infinitamente bom e Vos amo de todo o meu coração, pesa-me de Vos ter ofendido, e com o auxílio da Vossa divina graça, proponho firmemente emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender. Peço e espero o perdão das minhas culpas pela Vossa infinita misericórdia. Amen.



Cruzada Internacional do
Rosario de Fatima
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Para vocês, rapazes e moças.

pelo Rev. Pe. Xavier Beauvais

Vocês já foram adolescentes um dia e desde então começaram a ver o mundo com novos olhos.

Os novos horizontes da idade adulta
Sua imaginação voava para um novo horizonte: o da idade adulta. Vocês passaram a observar, de um modo diferente, homens e mulheres viverem. Talvez vocês tenham procurado imitá-los. A preocupação com o amor tinha até brotado em seu coração, mas vocês eram ainda muito jovens para ousar falar. As pessoas zombariam de vocês e vocês sabiam disso. Idéias confusas e imaginações loucas talvez lhes tenham passado pela cabeça. A educação familiar e a formação religiosa se esforçavam para estabilizar tudo isso, para dar um espaço, uma posição, um sentido, um objetivo a cada um desses chamados interiores. Mas ao mesmo tempo vocês eram solicitados por um clima social, um estilo de vida, talvez atraídos pela sedução dos meios de comunicação, os cartazes, os folhetos, as palavras, os sons que destilam um vazio sentimental, uma falsa concepção do amor humano, que infelizmente difundem uma concepção materialista e errada do amor humano.
Um empresário fez a seguinte observação:
Oferecem-nos “fatias de vida” habilmente dispostas e de um poder sugestivo impressionante. As histórias limitam-se freqüentemente à evocação de efêmeras conquistas sentimentais, de desentendimentos conjugais, temperados com cenas escandalosas das mais diversas. Quanto mais a vaidade da mulher é exaltada, mais a fidelidade do marido é colocada à prova. Sendo a vida moral dos cônjuges sem verdadeira consistência, é fácil imaginar que em cada romance há pessoas que sucumbem. E os naufrágios são numerosos, tanto perto das margens quanto em alto mar. Poder-se-ia pensar que isso é normal. Ilusões amorosas, incompreensão dos esposos, fuga de um, desespero do outro, brigas, voltas, casos de histeria, … e tantas outras coisas!”

As quimeras modernas
Rádio, televisão, jornais, internet, revistas; sabemos o que tudo isso sugere.
Saiamos agora do meio familiar. Vocês estavam numa idade em que a imaginação freqüentemente ficava sem rédeas, sem grande consciência do que estava conforme a lei natural e o que não estava. Vocês não tinham nenhuma experiência, mas queriam – e isso era legítimo – saber e compreender o plano de Deus sobre o amor humano. E o que lhes revelavam as ruas, as bancas de jornal, os romances baratos, a propaganda no metrô e no cinema, os outdoors, as leituras, os filmes, as músicas, toda essa sarabanda que os escoltava um pouco por toda parte para incrustar-se melhor em suas imaginações? O que lhes diziam, e dizem hoje mais do que nunca, sem nunca formulá-lo, essas imagens, esses filmes, essas músicas, essas publicidades?
Ora, elas dizem que:
- o amor, em primeiro lugar, é uma ocasião de prazer sentimental.
- o amor, em segundo lugar, é uma ocasião de prazer físico.
O discurso que a sociedade contemporânea oferece a vocês, rapazes e moças, não é somente estúpido e chocante, é simplesmente odioso. A imagem do prazer é de fato evocada por todas as fotos de revista, todos os filmes, onde somente uma silhueta física ocupa a imaginação. Ora, essa silhueta, essa criatura fictícia não tem nem coração, nem caráter, nem pudor. Ela não tem pai nem mãe, nem meio social, nem tradição nacional; ela não tem esposo, nem filhos, ela nunca os terá. Ela não é mais uma mocinha, ela nunca será mãe. Tudo que constrói a dignidade, a nobreza da mulher cristã, foi destruído, arrancado, desenraizado dela, isto é, a virgindade e a fecundidade.
Eis o que o depravado materialismo contemporâneo exibe em milhões de exemplares: uma criatura sem alma.
Como vocês sabem, é um clima tão habitual, tão permanente, que há um grande risco de sucumbir a ele sem se notar, um risco de não mais sentir, ao menos confusamente, que tudo isso é abjeto. Uma aspiração secreta, profunda e pura, até agora protegida pela graça divina, tão viva na alma de vocês quando eram crianças e até mesmo adolescentes, é então lenta e progressivamente imbuída, manchada pela obsessão quotidiana dos olhares, das palavras, das músicas que o cinema, a internet, propagandas e revistas sugerem, fazendo de vocês cúmplices vergonhosos.
Eis aí o cenário no qual vocês crescem hoje em dia. Essa é a concepção diabólica da economia social onde o gosto pela fortuna justifica todos os meios, inclusive os que desonram o amor, rebaixam as almas e destroem os lares. Tudo isso faz com que vocês tenham de enfrentar dificuldades maiores e mais numerosas do que as gerações anteriores. Vocês são inconscientemente moldados por tudo isso. Entretanto, lembramos-lhes algumas verdades cristãs sobre o casamento. Foi no colégio, em casa, ou na Igreja que vocês aprenderam, mas, para muitos, infelizmente, as questões de moral só chegam como proibições, tabus, e freqüentemente só surgem aí afirmações sem sentido, formalistas, convencionais.
E então, sob o aguilhão desse clima social, só há mais um passo a dar antes de afirmar que a moral cristã não é mais adaptada a nosso tempo, que não é prática, que não leva em conta os fatos, que é preciso alinhar-se à moda. Instala-se então a revolta contra tudo o que não segue a correnteza da facilidade, que oferece tantas e diversas solicitações. E sabemos onde essa correnteza pode levar.

Perigosos deslizes
Um deles são certos namoros. Mesmo com uma intenção mais ou menos longínqua de casamento, quantos namoros deixam de seguir, na maioria das vezes, a reta intenção de conhecer para depois comparar, para melhor escolher. O que alguns procuram nessas amizades é uma intimidade sentimental, uma necessidade de afeto que se quer suprir. Ora, isso não merece o nome de amor. De uma parte e de outra, é o egoísmo da sensibilidade que se procura satisfazer, satisfação que degradar-se-á progressivamente.
Esses encontros que acontecem sobretudo no escuro de uma sala de cinema, na atmosfera estressante de uma noitada, ou que continuam até tarde da noite em uma boate, expressam – vocês não negarão – expressam muito mais um desejo lancinante de intimidade física do que uma reserva profunda, nobre, e verdadeira de um rapaz e de uma moça que procuram conhecer-se verdadeiramente para saber, antes de confessar seu amor, se essa afirmação provém de um instinto indiferente ou se nasceu de motivos profundos, sérios e íntimos de suas almas.
Talvez todas essas questões não pareçam tão importantes para vocês que ainda não são casados. Entretanto, às vezes elas surgem de maneira trágica nos meses depois do casamento. Assim que o fogo do desejo é diminuído, são na verdade duas almas que se encontram face a face, dois caráteres, duas atitudes perante a vida … e às vezes, que pena!, dois egoísmos se defrontam. E quando a obnubilação de uma atração exclusivamente sensível é dissipada – e a experiência mostra que essa nuvem se dissipa rapidamente – jovens esposos, jovens esposas, sem ousar dizê-lo, começam a fazer comparações: “Ah, se eu tivesse casado com fulano … ele era menos atraente mas tão mais sólido”; “Se tivesse escolhido beltrana! Ela era menos vaidosa, mais reservada, mas hoje me parece muito mais feminina!”
Não é escutando cegamente nossas paixões que nos preservamos das adversidades. Existe uma armadilha sutil, freqüente, da qual só se escapa com a ajuda do Espírito Santo. É a armadilha de crer que rapazes e moças estão apaixonados na medida em que são irracionais. Não teria a razão nenhum papel a desempenhar no campo dos sentimentos? Há contradição e impossibilidade de conciliar o ponto de vista do coração com o da inteligência? Mesmo sendo a juventude a idade das paixões, ela não pode, por causa disso, viver em constante revolta contra a sabedoria prudente da maturidade. A razão não é inimiga do amor humano. Acompanhar nosso amor de reflexões, de observações, de meditações deliberadas não é enfraquecê-lo ou traí-lo, pelo contrário, é enriquecê-lo. A questão não é somente insuflá-lo com uma inspiração cega e apaixonada; é submetê-lo a uma outra inspiração, razoável e voluntária. É permitir ao amor que, depois do casamento, permaneça intacto, fortifique-se; é alimentar uma chama viva, a mesma que ilumina e aquece o lar.

Pensar antes de agir
A ordem natural das coisas num tal assunto é primeiramente julgar antes de decidir; em segundo lugar, procurar conhecer antes de chegar ao amor. Ora, por uma singular reversão devida à tentação, os jovens têm a tendência de decidir antes de julgar, e de amar antes de conhecer. É bom, é necessário julgar um rapaz, julgar uma jovem antes de decidir desposá-lo(a). É bom e necessário, tanto quanto razoavelmente é possível, conhecer o caráter, as aptidões, os gostos, as qualidades morais daquele ou daquela a quem se pensa unir sua vida, antes de se deixar levar por sonhos e desejos.
É difícil, me dirão! Sim. É doloroso? Sim, isso exige, incontestavelmente, uma renúncia interior. Mais doloroso é enganar-se, unir sua vida a um desconhecido, uma desconhecida, simplesmente porque pensamos que seu sorriso, seu olhar, ou sua situação, sua fortuna ou sua classe social eram promessas suficientes de felicidade.
Assim, existem moças que desposam uma silhueta, um automóvel ou uma situação. Cinco ou dez anos mais tarde, no fundo de seu coração, quando sofrem o egoísmo do marido e todas suas terríveis conseqüências, será que elas pensam que os motivos que determinaram seu casamento já prognosticavam tal infelicidade? Elas não pensaram no perigo que as ameaçava. Pensavam que os homens eram sempre mais ou menos egoístas. Quanto às riquezas, ao físico agradável ou à inteligência, isso nem sempre todos têm…
Existem também rapazes que desposam um sobrenome, um carinho ou uma herança futura, ou até mesmo uma cultura excepcional. E descobrem tarde demais que em outros lares a vida é mais doce, a comida melhor, as crianças mais bem cuidadas, mais educadas, a casa mais limpa, e que todos esses detalhes são exclusivamente o reflexo de um amor mais profundo, de um devotamento mais terno.

Os encontros católicos
É pensando nesses casos que entendemos o papel das relações entre rapazes e moças no seio de uma paróquia, dentro de um movimento católico. A função desses encontros não é esboçar, num plano inconscientemente egoísta, um laço sentimental, para esperar mais confortavelmente a idade ou a hora do casamento. A função desses encontros que vocês têm em grupo, quando saem todos juntos é, antes de tudo, ensinar-lhes a julgar-se reciprocamente. Nessa ocasião, a procura inquieta de uma intimidade sentimental ou de abandonos mais equívocos manchará a alma daqueles que estão na idade em que se decide seu destino.
É preciso que vocês, mais do que nunca, deixem Jesus Cristo viver e agir em suas almas, que devem ser constantemente alimentadas pela oração e pelos sacramentos. É Ele, Jesus Cristo, quem lhes dará a força de permanecer inteiramente reservados para o dom total que supõe um amor total. É Ele quem lhes dará a luz para bem julgar, evitando que a paixão chegue a obnubilá-los.
Tenham esta fé, a fé de que Deus sabe melhor do que vocês o que convém à sua verdadeira felicidade. Isso fará com que vocês evitem substituir a providência dEle pela sua própria vontade, a confiança em vocês próprios à confiança nEle.
É através da graça, usando de uma verdadeira liberdade, que vocês se encontrarão, caso sejam chamados ao matrimônio: é a verdadeira liberdade que os fará evitar encontros cujo objetivo não é conhecer-se nem julgar-se mas somente medir fraquezas e viver aventuras de prazer. Essas aventuras são de tal maneira imprudentes que destroem antecipadamente a felicidade conjugal, porque  só servem para exacerbar o egoísmo de cada um dos futuros cônjuges. Como vocês serão amanhã, espontaneamente, ocasião de aperfeiçoamento mútuo, se hoje, inevitavelmente, são um para o outro, ocasião de queda?

Bibliografia:   « La joie d’aimer » (Marcel Clement)
« Le combat pour ces jeunes » (Yves Salem)


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