Explanation of the Saint Tridentine Mass Rubrics.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Martyrologium Romanum - Day 29th, December.

Martyrologium Romanum 











Quarto Kalendas Januarii Luna octava Anno 2014 Domini

Cantuariae, in Anglia, natalis sancti Thomae, Episcopi et Martyris, qui, ob defensionem justitiae et ecclesiasticae immunitatis, in Basilica sua, ab impiorum hominum factione percussus gladio, Martyr migravit ad Christum.

Hierosolymis sancti David, Regis et Prophetae.

Arelate, in Gallia, natalis sancti Trophimi, cujus meminit sanctus Paulus ad Timotheum scribens. Ipse autem Trophimus, ab eodem Apostolo Episcopus ordinatus, praefatae urbi primus ad Christi Evangelium praedicandum directus est; ex cujus praedicationis fonte (ut sanctus Zosimus Papa scribit) tota Gallia rivulos fidei recepit.

Romae sanctorum Martyrum Callisti, Felicis et Bonifatii.

In Africa passio sanctorum Martyrum Dominici, Victoris, Primiani, Lybosi, Saturnini, Crescentii, Secundi et Honorati.

Constantinopoli sancti Marcelli Abbatis.

In pago Oxymensi, in Gallia, sancti Ebrulphi, Abbatis et Confessoris, tempore Childeberti Regis.

Viennae, in Gallia, Commemoratio sancti Crescentis, Episcopi et Martyris, qui fuit discipulus beati Pauli Apostoli ac primus ejusdem civitatis Episcopus, et cujus dies natalis quinto Kalendas Julii celebratur.

V. Et álibi aliórum plurimórum sanctórum Mártyrum et Confessórum, atque sanctárum Vírginum.

R. Deo grátias.



Martyrologium 

December 29th anno Domini 2014 The 8th Day of Moon were born into the better life 

At Canterbury, in England, the holy martyr Thomas, Archbishop of that see, who for his contending for righteousness and for the privileges of the Church, was smitten with the sword in his own cathedral by a band of wicked men, and so passed away to be with Christ (in the year 1170).
 
At Jerusalem, holy David, the King and Prophet (in the year of the world 2950). 

At Arles, holy Trophimus, of whom St Paul maketh mention in writing unto Timothy. He was ordained bishop by this same Apostle Paul, and was the first who was sent to Arles to preach the Gospel of Christ, and it was a spring, as holy Pope Zosimus writeth, whence streams of faith ran into all Gaul. 

At Rome, the holy martyrs Callistus, Felix, and Boniface. 

In Africa, the holy martyrs Dominic, Victor, Primian, Lybosus, Saturninus, Crescentius, Secundus, and Honoratus. 

At Vienne, in Gaul, holy Crescens, the disciple of the blessed Apostle Paul and the first bishop of the said city. 

At Constantinople, holy Marcellus (of Apamea) Abbat (of the Accemeti in the year 485 or 486 in that city). 

At Hiesmes, in the time of King Childebert, the holy confessor Evroul, Abbat (of the monastery of Ouche, in the diocese of Lisieux, in Normandy. He was born at Bayeux in 517, founded the Abbey of Ouche and became a monk in 567, and died on December 29, 596). 

V. And elsewhere many other holy martyrs, confessors, and holy virgins.

R. Thanks be to God.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Sermão de Natal de Santo Antônio de Pádua.


TEMAS DO SERMÃO














      Evangelho do primeiro domingo após o Natal do Senhor: “José e Maria…”, que é dividido em três partes.
      No primeiro tema do sermão, sobre a graça e a glória de Jesus Cristo, como está escrito: “Aprende onde está a sabedoria”. O primeiro tema, sobre a pobreza, como está escrito: “Deus fez-me crescer”. Ainda, sobre a miséria dos ricos, como está escrito: “Deus te golpeará com pobreza”. Sobre a humildade, condenação dos soberbos e exaltação dos humildes, como está escrito: “Olhando o Senhor pela coluna de nuvem”. Sobre a útil tristeza dos penitentes, como está escrito: “O espírito triste”. Sobre a obediência, como está escrito: “Fala, Senhor”. E, por fim, para os penitentes e religiosos, como está escrito: “Issacar é um asno forte”.
      No segundo tema, sobre a soberba e a humildade do coração, como está escrito “Depôs os poderosos”. Sobre a utilidade da ruína para os pecadores convertidos, como está escrito: “Haverá ruína para o cavalo”. Sobre a ressurreição da alma dos pecados, como está escrito: “A mão do Senhor pôs-se sobre mim”; e sobre a propriedade das prisões. Ainda, contra os amantes das coisas temporais, como está escrito: “Estendi as minhas mãos”. Sobre o duplo parto de Santa Maria, como está escrito: “Antes de dar à luz”; e a Paixão do seu Filho, como está escrito: “Lembra-te da pobreza”. Por fim, sobre as quatro estações do ano e o seu significado, como está escrito: “Quando chegará a plenitude dos tempos”.
     No terceiro tema, sobre a Anunciação ou o Natal do Senhor, como está escrito: “Quando tudo estava envolvido num grande silêncio”. E um sermão moral sobre a penitência, como está escrito: “Quando tudo estava envolvido num grande silêncio”.

EXÓRDIO. SOBRE A GRAÇA E A GLÓRIA DE JESUS CRISTO

    1. Naquele tempo: “José e Maria, mãe de Jesus, estavam admirados com o que diziam sobre ele” (Lc 2, 33).
     Disse Baruc: “Aprende onde está a sabedoria, onde está a prudência, onde está a virtude, onde está a inteligência, para que saibas tanto onde está a longa vida e sobrevivência, quanto a luz dos olhos e a paz” (Bar 3, 14). Diz o Salmo: “O Senhor dará a graça e a glória” (Ps 83, 12); a graça no presente, e a glória no futuro. As primeiras quatro premissas referem-se à graça, e as últimas quatro, à glória. A sabedoria, palavra que vem do latim, “sapere”, sentir sabor, está no gosto da contemplação; a prudência, em precaver-se das ciladas; a virtude, em suportar as adversidades; a inteligência, em recusar os males e escolher os bens. Por outro lado, a longa vida será a dos santos na eterna bem-aventurança; por isso: “Eu vivo, e vós viveis” (Jo 14, 19); a sobrevivência, na fruição da alegria; por isso: “Eu disponho do reino a vosso favor, para que comais e bebais sobre a minha mesa” (Lc 22, 29-30) etc.; a luz dos olhos, na visão da humanidade glorificada de Cristo; por isso, em João: “Pai, os que me deste, quero que, onde eu esteja, eles estejam comigo, para verem a minha glória, que me deste” (Jo 17, 24); a paz, na glorificação do corpo e da alma; por isso Isaías diz: “Conservarás a paz, porque em vós, Senhor, temos esperado” (Is 26, 3). Sobre a longa vida e a luz dos olhos fala-se no Salmo: “A fonte da vida está junto de vós, e na tua luz veremos a luz” (Ps 35, 10); sobre a paz e a sobrevivência: “Que pôs os teus fins em paz, e te sacia com a flor do trigo” (Ps 147, 14). A flor do trigo é a fruição da alegria da humanidade de Jesus Cristo, com a qual se saciarão os santos.
Ou então: Aprende, ó homem, a amar Jesus, e então aprenderás onde está a sabedoria etc. Ele é a sabedoria; por isso, nos Provérbios, lê-se: “A sabedoria construiu para si uma casa” (Prov 9, 1). Ele é a prudência; por isso disse Jó: “A sua prudência”, isto é, a prudência do Pai, “golpeou o soberbo” (Job 26, 12), isto é, o diabo. Ele é a virtude, como disse o Apóstolo: É a virtude de Deus e a sabedoria de Deus (cf. 1Cor 1, 24). Nele está toda a inteligência, a cujos olhos todas as coisas são manifestas (cf. Hebr 4, 13). Ele é a vida: “Eu sou o caminho, a verdade e a vita” (Jo 14, 6). Ele é a sobrevivência, posto que é o pão dos anjos, a refeição dos justos. Ele é a luz dos olhos: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8, 12). “Ele é a nossa paz, que de dois fez um” (Eph 2, 14).
Aprende, ó homem, essa sabedoria, para que saboreies; essa prudência, para que te cuides; essa virtude, para que tenhas sucesso; essa inteligência, para que conheças; essa vida, para que vivas; essa sobrevivência, para que não desfaleças; essa luz, para que vejas; essa paz, para que descanses. Ó bom Jesus, onde vos procurarei? Onde vos encontrarei? Onde, encontrando a vós, encontrarei esses bens? Possuindo-vos, possuirei esses bens? Procura e acharás. E, pergunto, onde mora ele? Onde se apascenta ao meio-dia? (cf. Cant 1, 6) Queres ouvir onde? Dize, peço-to. Em meio a José e Maria, a Simeão e Ana, encontrarás Jesus. Por isso, no evangelho de hoje, lê-se: “José e Maria, mãe de Jesus, estavam admirados” etc.
2. Nesse evangelho, essas quatro pessoas se propõem, e veremos o que cada uma significa do ponto de vista moral. José quer dizer “aquele que acrescenta”; Maria, “estrela do mar”; Simeão, “aquele que ouve a tristeza”; Ana, “aquela que responde”. José simboliza a pobreza; Maria, a humildade; Simeão, a penitência; Ana, a obediência. Dissertaremos sobre cada um.

I. SOBRE A POBREZA, HUMILDADE, PENITÊNCIA E OBEDIÊNCIA

3. José acrescenta (cf. Gen 49, 22). Quando o homem miserável dá-se às delícias, dilata-se nas riquezas, então decresce, porque perde a liberdade. O cuidado com as riquezas fá-lo servo, e enquanto serve essas coisas, diminui para si, dentro de si mesmo. Infeliz da alma que é menor do que aquilo que possui: é menor quando se submete às coisas, ao invés de submetê-las a si. Essa submissão servil é mais óbvia quando se possui com amor, e com dor se perde. Porque essa dor é grande servidão. E o que mais seria? Não há verdadeira liberdade senão na pobreza voluntária. Esse é o José, que acrescenta, e diz, no Gênesis: “Deus me fez crescer na terra da minha pobreza” (Gen 41, 52). Na terra da pobreza, diz ele, e não da abundância, “Deus me fez crescer”: cresce naquela, e decresce nessa. Por isso, o segundo livro dos Reis diz que “Davi, aproveitava e ficava cada vez mais robusto, enquanto a casa de Saul decrescia todo dia” (2Reg 3, 1). Davi, que diz no Salmo: “Eu sou mendigo e pobre” (Ps 39, 18), “aproveita como a luz resplandescente, e cresce até o dia perfeito” (Prov 4, 18), e robustece-se cada vez mais, porque a pobreza alegre e voluntária rendeu-lhe essa força. Por isso, diz Isaías: “O espírito dos fortes”, isto é, dos pobres, “é como um turbilhão que empurra a parede” (Is 25, 4) das riquezas. As delícias e riquezas prendem e dissolvem. Por isso, diz Jeremias: “Até quando te dissolverás nas delícias, ó filha vagabunda?” (Jer 31, 22).
A casa de Saul, que quer dizer abusador, isto é, os ricos deste mundo, que abusam dos bens e dons do Senhor com os apetites do seu corpo, decresce todo dia. Por isso disse Moisés, no Deuteronômio: “O Senhor te castigará com pobreza, febre, frio, ardor, agitação, ar insalubre, e gosto ruim na boca, e serás perseguido até perecer” (Deut 28, 32). O senhor castiga, isto é, permite que castiguem, o rico deste mundo com pobreza, porque sempre quer ter mais; febre, porque tortura-se e dói-se vendo a felicidade alheia; frio, isto é, temor de perder as coisas adquiridas; o ardor de adquirir o que não possui; a agitação da gula; o ar insalubre da má fama; o gosto ruim da luxúria. É assim que decresce a casa de Saul. A casa de Davi, porém, mendigo e pobre, cresce de virtude em virtude na terra da sua pobreza.

4. A seguir, sobre a humildade. Maria, estrela do mar. Ó humildade! Estrela radiante, que ilumina a noite, guia até o porto como uma chama coruscante, e mostra o rei dos reis e Deus, que diz: “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 29). Quem não tem essa estrela “é cego e míope” (2 Pt 1, 9), a sua barca será destruída pela tempestade, e ele submergirá em meio às ondas. Por isso se diz, no Êxodo, que “Olhando o Senhor, pela coluna de nuvem e fogo, para os exércitos dos egípcios, matou o seu exército, e virou as rodas dos carros, e eles afundaram. Os filhos de Israel, porém, passaram a pé enxuto pelo meio do mar, e as águas dele ficaram como muros, à direita e à esquerda” (Ex 14, 24-25. 29). Os egípcios, que a nuvem tenebrosa obnubilava, são os ricos e poderosos deste século, que a fumaça da soberba põe em trevas, os quais o Senhor mata; e vira-lhes as rodas dos carros, isto é, a dignidade e glória daqueles que giram pelas quatro estações do ano; e os afunda no fundo do inferno. Os filhos de Israel, porém, iluminados pelo resplendor do fogo, são os penitentes e pobres de espírito, iluminados pelo resplendor da humildade; a pé enxuto, eles passam pelo mar deste mundo, cujas águas, isto é, amargas inundações, são-lhes como muros, porque eles se armam e defendem-se da prosperidade da direita e da adversidade da esquerda, de modo a não serem elevados pelo prestígio popular, nem precipitados pela tentação da carne.
Sobre isso, fala o Deuteronômio: “Mamarão das inundações do mar como do leite” (Deut 33, 19). Note-se que ninguém pode mamar nada, se não o apertar com os lábios. Os que têm a boca aberta no ganho de dinheiro, na negociação da vanglória, no favor popular, não conseguem mamar das inundações do mar. É difícil separar os lobos do cadáver, as formigas da semente, as moscas do mel, os beberrões do vinho, as meretrizes do prostíbulo, os comerciantes do mercado. Salomão, nos Provérbios, disse algo semelhante: “O provérbio é o seguinte: O adolescente está no seu caminho; mesmo envelhecendo, não sairá dele” (Prov 22, 6). Só os humildes, que fecham seus lábios ao amor das coisas temporais, mamam das inundações do mar como do leite.
Ó estrela do mar! Ó humildade de coração, que convertes o mar amargo e impróprio em doce e formoso leite! Ó quão doce é para o humilde a amargura! Quão leve a tribulação, que suporta pelo nome de Jesus! As pedras foram doces para Estêvão, a grelha para Lourenço, os carvões ardentes para Vicente: por Jesus, mamaram as inundações do mar como leite.
Na palavra “mamar”, nota-se a avidez com deleitação. Só a humildade sabe mamar das tribulações e dores com avidez e deleitação. Por isso, nos Cânticos: “Quem te dará a mim, meu irmão, mamando nos peitos de minha mãe?” (Cant 8, 1). Fala-se aí de três pessoas: a mãe, a irmã e o irmão. A mãe é a penitência, que tem dois seios: a dor da contrição, e a tribulação da satisfação; a irmã é a pobreza; o irmão, o espírito de humildade. Diz, pois, a irmã pobreza: Quem me te dará dará, ó meu irmão, espírito de humildade, para que com avidez mames nos seios de nossa mãe? Eis o irmão e a irmã, José e Maria, o esposo e a esposa, a pobreza e a humildade. “Quem tem esposa é esposo” (Job 3, 29). Bem-aventurado o pobre, que toma a humildade como sua esposa.

5. A seguir, sobre a tristeza da penitência. Simeão, aquele que ouve a tristeza. Dela fala o Apóstolo: A tristeza que é segundo Deus opera a salvação (cf. 2Cor 7, 10). E nos Provérbios: “O espírito triste seca os ossos” (Prov 17, 22), pelo peso da devassidão e petulância. Por isso Jó: “Castiga pela dor no leito, e faz enfraquecer todos os seus ossos. O pão lhe é abominável à sua vida, e a comida que antes desejava, à sua alma” (Job 33, 19-20). O leito é a deleitação carnal, na qual a alma jaz como que paralítica, dissoluta em todos os membros. Por isso, em Mateus: “Mostraram-lhe um paralítico jazendo num leito” (Mt 9, 2). O Senhor castiga pela dor no leito, quando incute a dor dos pecados na alma que repousa na deleitação carnal, e então ouve a tristeza, que faz enfraquecerem todos os seus ossos.
Daniel, tendo uma visão, disso: “Não ficou em mim nenhuma força, mas até a minha aparência mudou, e encolhi, e não tive mais forças” (Dan 10, 8). A quem aconteceu isso, torna-se abominável o pão, isto é, a deleitação carnal, à sua vida e à sua alma, isto é, à sua animalidade, o alimento antes desejável. Eis o que diz Daniel: “Não comi o pão desejável, carne e vinho não entraram na minha boca, nem fui ungido com unguentos” (Dan 10, 3).
Disse Salomão: “O coração que conheceu a amargura da sua alma, não se misturará na sua alegria um estrangeiro” (Prov 14, 10). Onde estiver a mirra da tristeza, aí não será admitido o verme da luxúria. Por isso Isaías diz: “Afastai-vos de mim, chorarei amargamente”. Como a fumaça espanta as abelhas, assim a amarga e lacrimosa compunção expele os demônios, que rodeiam a alma como as abelhas, o favo. “E não trateis”, ó afetos carnais, “de consolar-me”, porque, como disse Jó, “vós todos sois consoladores pesados” (Job 16, 2). “A minha alma não quis ser consolada” (Ps 76, 3) pelo vosso consolo. “Vossas consolações, ó Senhor”, e não as minhas – porque “ai de vós, que tendes o vosso consolo” (Lc 6, 24) -, “alegraram a minha alma” (Ps 93, 19). “Não trateis, pois, de consolarme sobre a devastação”, isto é, aflição, “da filha” isto é, da carne, que é filha “do meu povo”, isto é, da população dos meus cinco sentidos. Dele fala o Salmo: “Que submete o meu povo a mim” (Ps 143, 2).

6. Segue-se a respeito da obediência. Ana, “aquela que responde”, assim como Samuel: “Fala, Senhor, que teu servo escuta” (1Reg 3, 10); e como Isaías: “Eis-me, enviai-me” (Is 6, 8); e como Saulo: “Senhor, que quereis que eu faça?” (At 9, 6). Diz o Eclesiástico: “A resposta suave quebra a ira” (Prov 15, 1), “e o modo de falar gracioso abundará no homem bom” (Eccli 6, 5). “A resposta suave” do humilde súdito “quebra a ira” do superior soberbo. Por isso se diz nos Provérbios: “A paciência” do súdito “aplaca o príncipe” (Prov 25, 15). “Não lutes contra o ímpeto da correnteza”, como diz o Eclesiástico (Eccli 4, 32), isto é, a vontade do superior, “mas humilha a tua cabeça diante dele” (Eccli 4, 7).”E o modo de falar gracioso abundará no bom” súdito, de modo que pode dizer com Jó: Chamai-me, e responder-vos-ei (cf. Job 14, 15). Ele responde a quem chama e obedece de coração quem lhe é superior.
Eis que explicamos brevemente essas quatro virtudes, por que quem quer encontrar Jesus tem essas quatro pessoas, em meio às quais repousa a salvação. José e Maria levaram Jesus ao templo. Simeão e Ana professam e bendizem. Porque a pobreza e a humildade levam o Jesus pobre e humilde. A pobreza o leva nos braços.

7. Por isso, no Gênesis, lê-se: “Issacar é um asno forte, deitado nos confins; viu que o descanso era bom, e que a terra era ótima; abaixa o braço para carregar” (Gen 49, 14-15). Issacar quer dizer recompensa, e significa a pobreza, que abandona todas as coisas temporais, para poder receber a recompensa da eternidade. Ela é chamada “asno forte”. O asno é um animal de carga, apascentado nos lugares ásperos e vis. Assim a pobreza carrega o peso do dia e do calor (cf. Mt 20, 12), e vive nas coisas grosseiras e ásperas. Migalhas de pão, diz São Bernardo, e simples água, vegetais ou legumes simples de modo algum são coisas deleitáveis, mas, no amor a Cristo e desejo da deleitação interior, é muito deleitável poder satisfazer com eles um ventre sóbrio e mortificado. Quantos milhares de pobres satisfazem deleitavelmente a natureza, com esses alimentos ou semelhantes! Seria facílimo e deleitável viver segundo a natureza, adicionando o condimento do amor de Deus, se a nossa insanidade no-lo permitisse.
Continua-se: “Deitado nos confins”, não “entre os confins” (Gen 49, 14). Dois são os confins, a saber: a entrada e a saída da nossa vida. Nesses deita-se, descansa a pobreza. Contempla a paupérrima entrada do homem, e vê a sua vilíssima saída, e por isso não quer deitar-se entre os confins, para ouvir, como diz o livro dos Juízes, o murmúrio dos rebanhos (Judic 5, 16), isto é, a suave sugestão dos demônios. Habita ou deita-se entre os confins aquele que não contempla a entrada e a saída da sua vida, mas prefere descansar no prazer da carne e na vaidade do mundo.
Segue-se: “Viu que o descanso” da celestial bem-aventurança “era bom, e que a terra” da eterna estabilidade “era ótima; abaixou o braço para carregar” o pobre Jesus, Filho de Deus. Carrega Jesus quando suporta pacientemente, por amor dele, tudo o que lhe acontece de adverso. Por isso diz o Eclesiástico: “Recebe tudo o que for ligado a ti, e segura-o mesmo na dor” (Eccli 2, 4). A pobreza carrega-o nos braços, a humildade, no peito e nos braços. Por isso diz-se nos Cânticos: “O meu amado é para mim um raminho de mirra, e morará entre os meus seios” (Cant 1, 12). Nesse diminutivo, “raminho”, denota-se a humildade; a mirra designa a amargura da Paixão do Senhor. O coração fica entre os seios, como se a esposa dissesse: Eu carrego no coração o meu amado Jesus, raminho de mirra, isto é, humilde e crucificado, para que eu seja humilde de coração, e fixe meu corpo à cruz com ele. Portanto, a pobreza e a humildade levaram Jesus ao templo, quer dizer: todos os que veem ao templo da Jerusalém celeste, que não é feito por mãos de homens.
Ainda, a penitência e a obediência professam e bendizem. Por isso diz o Salmo: “A confissão e a beleza estão diante dele” (Ps 95, 6), falando do penitente, cuja confissão é beleza. Porque a confissão limpa a lepra do pecado e enfeita com a graça do Espírito Santo. Por isso diz o Salmo: “Vestiste confissão e decoro” (Ps 103, 2), isto é, os penitentes, que são limpos pela confissão e decorados com a graça. Segue-se: “A santidade e a magnificência estão na sua santificação” (Ps 95, 6), falando do obediente, que o Senhor santifica com a santidade da consciência na mortificação da própria vontade, e a magnificência da vida na execução da ordem alheia. Eis onde habita o rei das virtudes. Tem, pois, essas virtudes, e encontrarás o Deus de sabedoria e o Deus das virtudes, Jesus.
A ele, caríssimos irmãos, imploremos humildemente, para que edifique a casa dos nossos costumes nessas quatro colunas, para que ele possa habitar conosco e nós com ele. Conceda-no-lo aquele que é bendito pelos séculos. Amém.

II. SOBRE A PROFECIA DE SIMEÃO

8. “Disse Simeão a Maria sua mãe: Eis que ele é posto como ruína e ressurreição de muitos em Israel” (Lc 2, 34). Diz Santa Maria em seu cântico: “Depôs do trono os poderosos, e exaltou os humildes” (Lc 1, 52). “Depôs”, isto é, pôs abaixo. É isto o que o Senhor diz no profeta Abdias: “A soberba do teu coração transviou-te, tu que habitas nas fendas do rochedo, exaltando o teu trono. Dizes no teu coração: Quem me faria cair por terra? Mesmo que fosses elevado como a águia, e em meio às estrelas pusesses o teu ninho, ainda assim te deporia”, isto é, poria abaixo, “diz o Senhor” (Abd 1, 3-4). Leiam-se os sermões sobre o evangelho: “Saiu o semeador a semear a sua semente” (Dom. in Sexagesima) e: “Um cego sentava-se à beira da estrada” (Dom. in Quinquagesima I).
“Depôs os poderosos.” Isto é dito em Daniel: “Eis que um santo vigilante desceu do céu, e clamou fortemente, dizendo assim: Derrubai a árvore, desgalhai-a e tirai suas folhas, e dispersai os seus frutos” (Dan 4, 10-11). O nome “árvore”, em latim, “arbor”, vem de “robusteza” (“robur”), e indica o poderoso deste mundo, que, como disse Jó, “estendeu contra Deus a sua mão, e robusteceu-se contra o Onipotente” (Job 15, 25). Eles seguramente morrerão e serão lançados no inferno, e então os seus ramos, isto é, o poder dos parentes, a nobreza da linhagem, que costumava incrementar e alargar, cairão; então as folhas, isto é, os discursos cheios de vento da soberba, serão abaladas; então os frutos das delícias e riquezas, que ajuntou para o seu mal, serão dispersos.
“Depois do trono os poderosos, e exaltou os humildes.” Isto diz Jó: “Levanta os tristes na salvação” (Job 5, 11); e ainda: “Quando te creres consumido, levantar-te-ás como um luzeiro. E terás confiança na esperança dada a ti” (Job 11, 17-18). Depôs o soberbo Aman e exaltou o humilde Mardoqueu. Aquele caiu do trono, esse subiu no seu lugar. Bem diz Santa Maria: “Depôs do trono os poderosos, e exaltou os humildes”. Por isso, diz-lhe, a respeito do seu filho, São Simeão, no evangelho de hoje: “Eis que ele é posto como ruína” etc. Ele dis isto em João: “Eu vim ao mundo para o juízo, para que os que não veem vejam, e os que veem fiquem cegos” (Jo 9, 39). Sobra a ruína daqueles, Isaías fala: “Jerusalém ruiu, e Judá pereceu, por causa da sua língua” (“Crucifica-o, crucifica-o”) “e das suas invenções” (“Posso destruir este templo feito por mãos de homens” etc) “contra o Senhor, para provocar os olhos da sua majestade” (Is 3, 8).

9. Do ponto de vista moral. Diz o Eclesiástico [Provérbios]: Vira o ímpio, e ele não mais será (cf. Prov 12, 7) ímpio. Caiu Saulo perseguidor, e levantou Paulo pregador. Isso é, pois, o que quer dizer: “Eis que ele é posto em ruína” dos pecadores. Dessa ruína fala Zacarias: “Haverá ruína para o cavalo e o mulo, para o camelo e o asno e todos os jumentos” (Zach 14, 15). No cavalo é designada a soberba, pois Jeremias dia: “Todos voltaram para o seu curso, como um cavalo impetuoso” (Jer 8, 6). No mulo, a luxúria, pois diz o Salmo: “Não vos façaos como o cavalo e o mulo” (Ps 31, 9). No camelo, a avareza, por isso: O camelo, isto é, o avarento, não pode passar pelo buraco da agulha, isto é, a pobreza de Jesus Cristo (cf. Mt 19, 24). No asno, o torpor da negligência, que é o esgoto de todos os vícios. Por isso o asno é chamado, em latim, “asinus”, semelhante a “alta sinens”, isto é, que permite coisas altas. O torpor da negligência não sobe a coisas altas, mas quer ir sempre pelo plano. Por isso diz Abraão os seus filhos, no Gênesis: “Esperai aqui com o asno” (Gen 22, 5). Os filhos são os afetos pueris e carnais, que esperam com o asno, isto é, com o torpor e retardo do asno. No jumento, a voluptuosa deleitação dos cinco sentidos, dos quais fala Isaías: “Sina dos jumentos do sul. Para a terra da tribulação e da angústia, de onde vêm a leoa e o leão, a víbora e a serpente voadora” (Is 30 ,6). A terra é a carne, na qual germinam em nós os espinhos da tribulação e os tríbulos da angústia. Esta é a sina dos jumentos, isto é, dos cinco sentidos, que são os jumentos do sul, isto é, as alegrias mundanas. Na terra de tribulação e angústia que os jumentos pisam e estercam, estão a leoa da luxúria e o leão da soberba, a víbora da ira, a serpente voadora da inveja e vanglória.
Ó Senhor Jesus, caiam em ruína todas essas bestas e jumentos, para que o jumentinho do pecador morra junto e, morrendo, ressuscite espiritualmente. Digamos pois: Eis que ele é posto em ruína.

10. Segue-se: “E ressurreição de muitos”. Há concordância acerca disso em Ezequiel: “Pôs-se sobre mim a mão do Senhor, e conduziu-me para um campo, que estava cheio de ossos de mortos. Eram muitíssimos, e veementemente secos. E disse-me: Profetiza, filho do homem, sobre esses ossos, e dize-lhes: Ossos áridos, ouvi a palavra do Senhor. Eis que eu infundirei em vós o espírito, e vivereis, e dar-vos-ei nervos e farei crescer carnes sobre vós, e estenderei pele sobre vós” (Ez 37, 1-2. 4-6). Os ossos secos são os pecadores, que são secos do influxo da graça, e cujo coração seca, porque esqueceram-se de comer o pão (cf. Ps 101, 5), que contém todo sabor e todo deleitamento (cf. Sap 16, 20); Deles diz Jó: Os ossos de Beemot são como canos de ar (cf. Job 40, 13). Pervertidos na malícia, duros como os ossos do diabo, pois sustentam os carnais como os ossos sustentam a carne, são como canos de ar, porque repelem de si as setas aéreas da pregação, e, ao ímpeto da reprovação, emitem o barulho da murmuração. Professam as palavras de Cristo (eis os canos), mas negam os seus feitos (cf. T 1, 16) (eis a dureza do ar).
Mas, porque a misericórdia desse Cristo é maior do que a aridez e dureza dos ossos, disse: “Eis que eu infundirei em vós o espírito, e vivereis” etc. Notemos estas quatro coisas: espírito, nervos, carnes e pele. O espírito designa a inspiração da graça preveniente; os nervos, a concatenação de bons pensamentos; as carnes, a compaixão com o próximo; a pele, a extensão da perseverança final. “Infundirei o espírito em vós, e vivereis.” Por isso é dito no Gênesis: “Soprou em sua face um sopro (spiraculum) de vida” (Gen 2, 7) etc. Leia-se o sermão sobre o evangelho: “Jesus foi levado para o deserto” (Dom. I in Quadrag., Sermo alter: De Poenitentia I).

11. “E dar-vos-ei nervos.” Há uma miríade de nervos junto às mãos, pés, costelas, e ao redor das espáduas e pescoço; e os ossos, que se articulam uns com os outros, são ligados pelos nervos. Ao redor deles há uma certa umidade, da qual se geram e nutrem os ossos. Quando o Senhor infunde o espírito da graça num pecador, então brota no seu coração a umidade da compunção, da qual se geram e nutrem os nervos da boa afeição e boa vontade, que compõem e ligam todo o corpo às boas obras.
“E farei crescer carnes.” Eis o que diz o mesmo Profeta: “Tirarei de vós do coração de pedra, e dar-vos-ei um coração de carne” (Ez 36, 26), que, compungido, doa-se de compaixão pelo próximo, porque o nosso irmão também é carne. (cf. Gen 37, 27). Ó coração de pedra, que não te moves de nenhuma compaixão para com o próximo! Diz ele: “Acaso eu sou guardião dos meus irmãos?” (Gen 4, 9). Saberás que em o guardar há uma grande recompensa (cf. Ps 18, 12). O primeiro livro dos Reis diz que “o coração de Nabal amorteceu dentro do peito, e tornou-se como uma pedra” (1Reg 25, 37). Porque ele não quis compadecer-se de Davi, nem dar-lhe do que era seu, mas prorrompeu em palavras afrontosas, dizendo: “Quem é Davi, e quem é o filho de Isaí? Hoje em dia, há cada vez mais escravos que fogem dos seus senhores. Pegarei, pois, eu os meus pães, a minha água, as carnes dos carneiros, que matei com as minhas navalhas, e darei a homens que não sei de onde são?” (1Reg 25, 10-11). Hoje, os avarentos e usurários, que têm o coração de pedra, dizem coisas semelhantes aos pobres de Jesus Cristo.
“E estenderei pele sobre vós.” A extensão da pele é a perseverância final. “Sois vós”, diz o Senhor, “os que permaneceram comigo nas minhas tentações” (Lc 22, 28). Mas ai daqueles que perderam essa perseverança. Por isso diz Jó: “A minha pele secou e contraiu-se” (Job 7, 5). A pele seca e contrai-se quando se retira à boa obra o efeito da perseverança final. Por isso diz o Eclesiástico: A denudação do homem é no seu fim (cf. Eccli 11, 29). Então aparecerá a sua feiura.
Está explicado como o Senhor vivifica os ossos secos, aquele que “é posto em ressurreição de muitos”.

 12. Segue-se: “E em sinal a ser contradito” (Lc 2, 34). Disso, em Mateus: “E então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem” (Mt 24, 30); e Isaías: “Sobre o monte esfumaçado elevai um sinal, erguei a voz, levantai a mão” (Is 13, 2). O monte esfumaçado é o diabo: monte, devido à soberba, e esfumaçado, devido à fumaça da sugestão, que aplica às almas. Sobre ele, então, os pregadores elevam um sinal, quando pregam-no vencido por virtude da cruz; erguem a voz quando oportuna e importunamente argúem, pregam, repreendem (cf. 2Tim 4, 2); levantam a mão, quando pregam com a voz, e praticam com obras.
Ainda sobre esse sinal, fala o Senhor em Ezequiel: “O sinal ‘thau’ (T) nas frontes dos homens que gemem e compungem-se por causa de todas as abominações que se fazem em meio a eles” (Ez 9, 4). Somente esses não contradizem o sinal da Paixão do Senhor, porque o carregam na fronte. Quem são os que gemem e compungem-se, senão os penitentes, pobres de espírito, que se gloriam na cruz de Cristo, e, por causa das abominações que se fazem no mundo, têm compunção e gemem? Os infiéis o contradizem por palavras e obras – por isso diz o Apóstolo: “Pregamos Jesus crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os pagãos” (1Cor 1, 23) -; os falsos cristãos, pelas obras. “Ai”, diz Isaías, “daquele que contradiz o seu feitor, sendo terracota entre os cacos da terra!” (Is 45, 9), isto é, um vaso. Caco de louça é chamado “Samius” em latim, pois nessa cidade são fabricadas louças. Terracota, ou cozida, é o falso cristão: tostado, porque sem devoção, frágil na obra, louça pela criação; o qual contradiz o seu feitor, Cristo, que, com as mãos pregadas na cruz, modelou-o, restituiu-lhe a honra da primeira dignidade, na qual não pode permanecer senão por ele. Por que, pois, o infeliz contradiz, com o testemunho de uma vida má, o seu feitor, o seu redentor?

13. Por isso, em Isaías: “Abri as minhas mãos o dia todo para um povo incrédulo, que caminha por um caminho não bom, atrás dos seus pensamentos; povo que, diante da minha face, sempre me provoca à ira, que imolam nos hortos e fazem sacrifícios sobre tijolos, que habitam em sepulcros e dormem nos templos dos deuses, que comem carne suína, e nos seus vasos há um direito profano” (Is 65, 2-4). “Abri” largamente, não negando nada aos que pediam. Por isso, nos Provérbios: “Abri minha mão, e não havia quem olhasse” (Prov 1, 24). Na sua primeira vinda, a mão do Senhor foi aberta, mas na segunda será fechada, e então baterá com o punho, “e quebrará as mandíbulas dos leões” (Ps 57, 7). “Abri”, pois, “as minhas mãos”, na cruz, como se dia nos Cânticos: “Suas mãos são torneadas, de ouro, cheias de safiras” (Cant 5, 14). As mãos de Cristo são ditas “torneadas” pela Paixão, porque foram perfuradas pelos cravos como um torno; “de ouro”, pela pureza das obras; “cheia de safiras”, isto é, dos prêmios da vida eterna; dos quais a primeira safira mereceu receber o Ladrão: “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23, 43).
“O dia todo”, e toda a noite, porque, quando o dia da prosperidade mundana nos sorri, então devemos recordar-nos da morte de Jesus Cristo. Por isso se diz que o sol, na sua morte, obscureceu-se (cf. Lc 23, 45). O sol da glória mundana deve obscurecer-se para nós à memória da Paixão do Senhor.
“Abri a um povo incrédulo.” Diz Isaías: “Quem é incrédulo age como um infiel” (Is 21 ,2). Diz Santo Agostinho: Crer em Deus é amar a Deus, e ir a ele, e incorporar-se aos seus membros. Quam não faz isso mente quando diz: Creio em Deus. Incrédulo é, pois, quem não crê nisso, e age como um infiel: a sua fé é morta, porque carece de caridade.
“Que caminha por um caminho não bom”, largo e espaçoso, que conduz à morte (cf. Mt 7, 13). Igualmente nos Provérbios: “O homem apóstata é um homem inútil, caminha com a boca pervertida, fala com o dedo, aponta com os olhos, esfrega com o pé” (Prov 6, 12-13). “Atrás de seus pensamentos”, dos quais se fala no livro da Sabedoria: “Os pensamentos maus separam de Deus” (Sap 1, 3); e: “O Espírito Santo se retira dos pensamentos que são sem inteligência” (Sap 1, 5).
“Povo que me provoca à ira”, isto é, à vingança, pelo zelo em fazer o mal. Por isso diz Sofonias: “Ai da cidade provocadora e redimida” (Soph 3, 1), como se dissesse: Aqueles que redimi com o meu sangue provocam-me à ira.
“Diante da minha face, sempre”, isto é, manifestamente, o que é pior. “O seu pecado”, diz Isaías, “alardearam como Sodoma, e não esconderam” (Is 3, 9).
“Que imolam nos hortos”, eis a luxúria. Por isso diz Isaías: “Enrubescereis sobre os hortos” (Is 1, 29), isto é, os locais voluptuosos, “que elegestes” para a vossa luxúria.
“E sacrificam sobre tijolos”, eis a avareza. Por isso, se diz no Êxodo: “Não vos será dada palha, e fareis o mesmo número de tijolos” (Ex 5, 18). Acontece muitas vezes que os avarentos e usurários tirem a palha, isto é, as riquezas, rendendo ao diabo os mesmos tijolos de avareza. Ou: sobre os tijolos sacrificam os que rezam ao Senhor o ofício divino junto ao fogo ou na cama.
“Que habitam nos sepulcros”, eis a detração. “A sua garganta é um sepulcro aberto” (Ps 13, 2) etc. “E dormem nos templos dos ídolos”, eis a hipocresia, que, como um ídolo, mostra uma aparência de religião, mas carece da verdade das obras. Ai! Quantos cultuadores de ídolos hoje são venerados como um simulacro, que simulam a santidade que não têm.
“Que comem carne de porco”, eis a imundície da gula; “e há nos seus vasos um direito provano”, isto é, nos seus corações, a impureza dos pensamentos. Os que fazem assim, contradizem o sinal da Paixão do Senhor.

14. Segue-se: “E uma espada transpassará a tua alma” (Lc 2, 35). A dor, que Santa Maria suportou na Paixão do seu Filho, foi como uma espada, que transpassou a sua alma. Isto diz Isaías: “Deu à luz antes dos trabalhos de parto” (Is 66, 7). Note-se que duplo foi o parto de Santa Maria: um segundo a carne e outro segundo o espírito. O parto da carne foi virginal e todo cheio de alegria, porque a Virgem deu à luz sem dor, com a alegria dos anjos. Por isso diz, com Sara, no Gênesis: “O Senhor fez-me um riso; todos os que ouvirem rirão comigo” (Gen 21 ,6). Devemos rir e alegrar-nos com Santa Maria no Nascimento do seu Filho; devemos também compungirmos com ela na Paixão dele, na qual a sua alma foi transpassada por uma espada, e então foi o segundo parto, doloroso e cheio de toda amargura. Isso não é de admirar, porque o Filho de Deus, que concebera e dera à luz sendo Virgem, com a cooperação do Espírito Santo, via ser pregado no lenho com cravos, e suspenso entre ladrões. Como não esperar que uma espada lhe transpassasse a alma? “Chegai e vede se há dor como a sua dor” (Lam 1, 12). Antes, portanto, de parir na Paixão, deu à luz no Natal.

15. Do ponto de vista moral. Diz Jeremias, em nome de Jesus Cristo, ao Pai: “Lembrar da minha pobreza e cruzamento é para mim absinto e fel” (Lam 3, 19). A Paixão de Cristo é chamada cruzamento, pois cruzou a dor e a paixão de todos os mártires. Por isso Lucas diz que “Moisés e Elias narrara, a sua passagem”, isto é, a sua Paixão, que passou por toda paixão, “que se daria em Jerusalém” (Lc 9, 31). Quando o homem justo atenta para isso, logo acrescenta o seguinte: “Lembrarei com a memória, e a minha alma se cala” (Lam 3, 20).
Ó Filho de Deus, “lembrarei com a memória” – a redundância de palavras exprime o grande afeto do amante – a tua “pobreza”, que foi tanta, que na morte não teria um sudário com o qual fosse envolvido, ou um túmulo no qual fosse sepultado, se não lhe fosse dado como a um pobre mendigo, como obra de misericórdia e esmola; “e o cruzamento”, isto é, a Paixão, com a qual cruzastes toda dor humana. Por isso se diz, em João: “Saiu Jesus com os seus discípulos para além da torrente de Cedron” (Jo 18, 1), que quer dizer “luto do triste”. Porque toda tristeza e luto foi percorrido na Paixão. Todos os mártires, antes de suportar a paixão, ignoravam quanta dor sofreriam nela, e assim não sentiam tanta dor quanto sentiriam se soubessem. O Senhor, porém, que sabe tudo antes que aconteça, antes de chegar à Paixão, sabia toda a força da sua dor, e, portanto, não é de admirar que se doesse mais do que todos os outros. “Absinto e fel”, dos quais se diz no Salmo: “Deram-me a comer fel” (Ps 68, 22) de touro, mais amargo do que qualquer coisa. Quando me lembro disso, cala-se a minha alma, que transpassa a espada da tua Paixão.
Quando isso acontecer, então, como diz o seguinte: “revelar-se-ão os pensamentos de muitos corações” (Lc 2, 35). Isto é o que diz Jó: “O que revela as profundezas das trevas, e revela na luz a sombra da morte” (Job 12, 22). Quando o Senhor transpassa uma alma com a espada da sua Paixão, então as “profundezas”, isto é, os vícios, que estão longe do fundo da suficiência, porque nunca dizem: “Basta”, mas sempre: “Traze, traze” (cf. Prov 30, 15), “revela das trevas”, isto é, da cegueira da alma, na contrição do coração, para que o homem a conheça, e, conhecida, manifeste-a na confissão; da qual se segue: “e revela na luz” da confissão “a sombra da morte”, isto é, o pecado mortal.

16. Com essa passagem evangélica, concorda esta parte da epístola de hoje: “Quando virá a plenitude dos tempos” (Gal 4, 4). Se, como diz o Eclesiastes, “todo negócio é tempo” (Eccle 8, 6), e o Eclesiástico: “o sabio calar-se-á até o tempo” (Eccli 20, 7), é próprio de Deus, no negócio da salvação do homem, observar o seu tempo para a emissão do Verbo. Note-se que há quatro estações no ano: inverno, primavera, verão e outono. De Adão até Moisés foi como o inverno: “Reinou”, diz o Apóstolo, “a morte de Adão até Moisés” (Rom 5, 14). A primavera foi de Moisés até Cristo. Nela começaram a pulular deveras as flores, prometendo frutos. Quanto, porém, veio o verão, que é a plenitude dos tempos, no qual as árvores enchem-se de frutos, então “enviou Deus o seu Filho, feito da mulher” (Gal 4, 4).
O Levítico concorda com isso: “Dar-vos-ei as chuvas nos seus tempos, e a terra germinará a sua semente, e as árvores encher-se-ão de frutos. A debulha do trigo durará até a vindima, e a vindima até a sementeira; e comereis o vosso pão à saciedade” (Lev 26, 3-5). O Senhor deu a chuva, quando pôs o orvalho no ar, e a chuva desceu como um véu (cf. Judic 6, 40), isto é, quando, pelo anúncio do Anjo, a Virgem concebeu o Filho de Deus. A terra germinou a semente, quando a mesma Vrigem deu ao mundo o Salvador, em cuja pregação e operação de milagres, as árvores, isto é, os apóstolos, encheram-se dos frutos das virtudes. E a debulha, isto é, a Paixão do Senhor, que foi debulhado por causa das nossas manchas (cf. Is 53, 5), apreendeu a vindima, isto é, a infusão do Espírito Santo, do qual foram inebriados os apóstolos: Os que o Espírito enchera eram considerados embriagados de vinho doce (cf. Act 2, 13-14). E essa vindima durou até a sementeira, isto é, a sua pregação, porque começaram imediatamente a pregar e dizer: “Fazei penitência, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo” (Act 2, 38).
O outono será na celestial bem-aventurança, na qual comerão o pão do santo à saciedade, “e sentar-se-ão”, como diz Miqueias, “abaixo da sua vinha e abaixo do seu figo, e não haverá quem os desterre” (Mich 4, 4).
Segue-se: “Feito sob a lei” (Gal 4, 4), isto é, submetido às observâncias da lei: “Não vim abrogar a lei, mas levá-la à plenitude” (Mt 5, 17), “para redimir os que estavam sob a lei” (Gal 4, 5). Semelhantemente, na epístola aos Hebreus: “Para que, pela morte, destruísse aquele que tinha o poder da morte, isto é, o diabo; e libertasse aqueles que, submetidos a vida toda ao temor da morte, eram ligados à servidão” (Hebr 2, 14-15). Eis aí claramente como ele foi posto em ruína para os demônios e ressurreição de muitos. Por isso segue-se: “Para que fôssemos recebidos na adoção dos filhos” (Gal 4, 5). Quanta graça! Adotou os servos como filhos! “Se filhos, também herdeiros: herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo” (Rom 8, 17).

III. NA ANUNCIAÇÃO OU NASCIMENTO DO SENHOR, E SOBRE A PENITÊNCIA

17. Com essa passagem da epístola, concorda o introito da Missa de hoje: “Quando um profundo silêncio envolvia todas as coisas, e a noite chegava ao meio do seu curso, vossa palavra todo-poderosa desceu dos céus e do trono real, e, qual um implacável guerreiro, arremessou-se no meio da terra do extermínio. Espada afiada, levando o teu império não simulado, e, em pé, encheu tudo de morte, e, pisando a terra, tocava os céus” (Sap 18, 14-16).
Eis o que disse o Senhor em Lucas: “Quando um forte armado”, isto é, o diabo, “guarda a sua casa”, isto é, o mundo ou inferno, “está em paz aquilo que ele possui” (Lc 11, 21). Por isso, Senaquerib, que representa o diabo, diz, em Isaías: “Minha mão encontrou como um ninho”, isto é, incapazes de proteger-se, “a fortaleza dos povos; e como se recolhem os ovos abandonados” pela mãe, “eu reuni a terra inteira, e ninguém moveu a asa”, isto é, a mão contra mim, “nem abriu o bico, nem piou” (Is 10, 14). Eis como um quieto silêncio continha tudo.
“E a noite chegava ao meio do seu curso.” O meio é dito com relação aos extremos. Os extremos da noite são o crepúsculo e a aurora. De Adão até a lei foi como o crepúsculo; da lei até a Anunciação a Santa Maria foi como a meia-noite, que representa a passagem do preceito. Nem Adão no paraíso, nem o povo no deserto guardou o preceito; todos eram obscurecidos pela neblina daquela noite, e por isso suspiravam pela aurora, isto é, a bênção do advento do Senhor, que começou com a saudação angélica. O princípio da noite foi a sugestão diabólica da serpente para Eva. O início do dia foi a saudação angélica a Maria. E então, ó Pai, o Verbo todo-poderoso consubstancial a vós, isto é, o Filho, veio dos vossos tronos reais, isto é, do seio da vossa majestade, do qual fala João: “O Filho unigênito, que está no seio do Pai, ele revelou” (Jo 1, 18).
“Implacável guerreiro.” Isto é dito em Lucas: “Se, porém, um mais forte do que ele sobrevier” (Lc 11, 22). Aquele que veio para quebrar as portas de cobre e despedaçar os ferrolhos de ferro (cf. Ps 106, 16), sem dúvida convinha que fosse um guerreiro implacável. Sobre o diabo, o Senhor diz, em Jó, que considera “palha o ferro, e pau podre o bronze. A flecha não o faz fugir, as pedras da funda são palhinhas para ele. O martelo lhe parece um fiapo de palha; ri-se do assobio da azagaia” (Job 41, 18-20). Que mais? “Foi feito para não ter medo de nada” (Job 41, 24). Convinha, pois, que fosse um implacável guerreiro, no qual ele não tivesse parte alguma, aquele que veio expoliá-lo.
“No meio da terra”, que está no meio entre o céu e o inferno, “do extermínio”, isto é, que o diabo exterminara, ou seja, pusera fora da vida eterna. Por isso Isaías dele fala: “Acaso é um homem esse que perturbou a terra, que quebrou os reinos, que fez do globo um deserto e destruiu as suas cidades?” (Is 14, 16-14), “arremessou-se”, juntos os pés da divindade e da humanidade.
“Espada afiada.” Isto é o que diz o Apóstolo: “A palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrável que toda espada de dois gumes” (Hebr 4, 12) etc. A espada é a divindade, que ficou escondida na bainha da humanidade. Por isso, diz Isaías: “Deveras tu és o Deus escondido, Deus salvador de Israel” (Is 45, 15). Por essa espada foi transpassado o diabo, que exterminava a terra. Por isso diz Isaías: “Acabou o pó, consumiu-se o miserável, faliu aquele que oprimia a terra” (Is 16, 4).

18. “Levando o vosso império não simulado.” Diz João: O Pai deu-lhe tudo na sua mão (cf. Jo 3, 35; 13, 3). E ainda: “Tudo o que o Pai tem é meu” (Jo 16, 5). E: “Tudo o que é meu é teu, e o que é teu é meu” (Jo 17, 10). Levou, pois, o imperio do Pai, que lhe dera poder sobre toda carne (cf. Jo 17, 2), o seu poder é um poder eterno (cf. Dan 7, 14), que dá ordens aos ventos e ao mar, e obedecem-no (cf. Lc 8, 25). “Levando o império não simulado”, isto é dito em Marcos: “Ensinava-os como quem tem poder, e não como os escribas” (Mc 1, 22) deles, que ensinavam em hipocrisia e simulação. E em Lucas: “Que discurso é este, porque, com poder e força, dá ordens aos espíritos imundos, e eles saem?” (Lc 4, 36).
“E, em pé, encheu tudo de morte.” Em pé, abriu as mãos na cruz, e encheu, com a sua morte, tudo o que havia sido esvaziado pela desobediência dos primeiros pais. De cuja plenitude nós todos recebemos (cf. Jo 1, 16).
“E tocava o céu”, no qual está a divindade, posto que a sabedoria atinge de um fim a outro, fortemente (cf. Sap 8, 1), “em pé sobre a terra”, que designa a humanidade. Diz ele em João: “Ninguém subiu ao céu, senão aquele que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu” (Jo 3, 13). Dele é falado em Jó: “É mais alto do que o céu, e que farás? Mais profundo que o inferno, e como conhecerás? A sua medida é mais longa do que a terra, e mais larga do que o mar” (Job 11, 8-9).
A ele, caríssimos irmãos, humildemente imploremos, para que nos faça morrer para os vícios, e ressucitar para as virtudes; que a espada da sua Paixão transpasse a nossa alma, para que mereçamos a alegria na ressurreição geral.
Conceda-no-lo aquele que é bendito pelos séculos. Amém.

19. “Quando um profundo silêncio envolvia todas as coisas” explicado no sentido moral. Fala Jó do diabo: “Dorme sob a sombra, no segredo dos caniços e dos lugares úmidos” (Job 40, 16). À sombra da soberba, chamada sombra da morte, ou o diabo. Assim como a sombra segue o corpo, assim a soberba segue o diabo. Por isso, se diz no Apocalipse: “Eis um cavalo pálido, e o nome do que o montava era morte; e o inferno o seguia” (Apoc 6, 8). Eis o cavalo, o soldado e o escudeiro. O cavalo pálido é o hipócrita; o soldado, cujo nome é morte, é o diabo; o escudeiro é o inferno, isto é, a soberba, que apascenta o cavalo com cevada e água, isto é, com a austeridade da abstinência, para que apareça jejuando perante os homens (cf. Mt 6, 16), sela-o com a humildade e freia-o com o silêncio. “O estúpido”, diz Salomão, “se se calar, será reputado como sábio” (Prov 17, 28), assim como o hipócrita será tido por santo. Montou aquele cavalo a morte, percorreu o mundo, saudada com louvores, com saudações nos foros, cátedras nas sinagogas, e primeiros lugares nos banquetes (cf. Mt 23, 6-7). Não há soberba maior do que a soberba dos hipócritas: a equidade simulada não é equidade, mas dupla iniquidade.
Ainda, nos caniços (em latim, calamus, donde vem a palavra “calamidade”) está a avareza, a cujo vazio (porque nunca diz: Basta) segue-se a eterna calamidade. Os lugares úmidos designam a gula e a luxúria. Porque a umidade é a mãe da corrupção, na qual se geram vermes e coisas semelhantes. Nos soberbos, avarentos e luxuriosos, dorme e descansa o diabo, e então, num quieto silêncio, prende todos os seus membros. Porque o coração cala-se para o bem pensamento, a língua, para o louvor de Deus, e a mão, para a obra reta. Diz Isaías: “Ai de mim, porque me calei” (Is 6, 5). Em tal silêncio está o ai da eterna condenação.
“E a noite chegava ao meio do seu curso.” A palavra noite vem do latim “nocere”, fazer mal, porque faz mal aos olhos, e simboliza o pecado mortal, que obscurece a luz da razão. Quem caminha de doite fere-se (cf. Jo 11, 10). Os extremos dessa noite são o crepúsculo e a aurora, esto é, o consentimento da alma cegada, e a infusão da graça, em cujo meio está essa ação e costume do pecado. Desse meio caminho fala-se no Salmo: “O caminho dos ímpios perecerá” (Ps 1, 6).
Isso ocorreu quando “a palavra todo-poderosa arremessou-se”, isto é, a graça do Espírito Santo, justamente chamada palavra todo-poderosa: todo-poderosa porque rompe todos os obstáculos postos à salvação; palavra (em latim, sermo), porque planta (serit) e insere na alma as virtudes, ou porque conserva (servat) a alma, que curou do pecado. Por isso, no livro da Sabedoria: Não foi uma erva, isto é, a verdura das riquezas, que logo seca, nem um emoliente de delícias que os curou, mas a vossa palavra todo-poderosa, Senhor, que cura tudo (cf. Sap 16, 12), “desde os tronos reais” da benignidade e misericórdia divinas. Por isso Joel: “Convertei-vos ao Senhor vosso Deus, porque é benigno e misericordioso” (Joel 2, 13).

20. “Guerreiro implacável”, na contrição. A graça é chamada guerreiro implacável, porque, como um martelo, bate na dureza da alma: Acaso as minhas palavras não são como o fogo, e como um martelo quebrando pedras? (cf. Jer 23, 29).
“No meio da terra”, isto é, na alma do pecador, que é chamada terra, porque é dada às coisas terrenas; meio, porque é posta entre a misericórdia e a justiça. Por isso João diz que “Jesus ficou sozinho com a mulher no meio” (Jo 8, 9), entre a misericórdia e a justiça.
“Do extermínio.” Dois são os términos: a entrada e a saída da nossa vida. Quando a alma do homem não habita neles, neles não pensa, e então é exterminada, isto é, posta fora dos términos. Diz Isaías: Circulou um clamor no confim de Moab (cf. Is 15, 8), que representa o pecador, em cujos ambos términos há clamor: quando entra no mundo, clamando, chora; quando sai, os seus choram. Por isso, no Eclesiastes: “Circularão” com o cadáver “chorando pela rua” (Eccle 12, 5).
Segue-se: “Espada afiada”, na confissão. A graça é, então, uma espada afiada, pois aguça a língua do pecador na confissão, para que possa dizer, com Isaías: “Fiz de minha boca uma espada afiada” (Is 49, 6). Disso fala o Senhor a Ezequiel: “E tu, filho do homem, toma para ti uma espada afiada, que raspe pêlos, e passa-a pela tua cabeça e tua barba” (Ez 5, 1). O pacador, com a espada da confissão, deve raspar a cabeça, na qual está a mente, para que nenhum pecado permaneça na consciência, e a barba, que representa a fortaleza das boas obras, para que não confie em si, mas no Senhor, do qual procede todo bem.
Por isso, segue-se: “Portando o teu império não simulado”. A verdadeira confissão não conhece simulação, pois elucida a verdade da consciência diante do Altíssimo e do seu confessor, e então carrega o não simulado império do Senhor. Note-se que são quatro os inimigos da confissão: e amor ao pecado, a vergonha de confessar, o temor da penitência e o desespero do perdão. Quem vence todos esses quatro inimigos na confissão, sem dúvida leva o império não simulado do Senhor.
Segue-se: “E, em pé, encheu tudo de morte”, na satisfação. A graça fica em pé quando faz o penitente perseverar virilmente na penitência, para que encha de morte, isto é, mortificação, todos os seus membros, para que, morto para o pecado, viva para Deus (cf. Rom 6, 11), e então se poderá dizer, a respeito dele, o seguinte: “E, de pé sobre a terra, alcançava o céu”. A graça chega até o céu, estando sobre a terra, quando faz o penitente, ainda na carne, atingir o céu, pela celeste conversação, para que diga, com o Apóstolo: “A nossa conversação está no céu” (Phil 3, 20).
Roguemos pois, caríssimos irmãos, ao Senhor Jesus Cristo, para que envie a graça do Espírito Santo no meio da terra do extermínio, para que quebre a dureza da alma, afie a língua na confissão, encha os corpos de mortificação, e, nessa celeste conversação, mereçamos atingir o céu. Conceda-no-lo aquele que é bendito pelos séculos. Amém.
Fonte e tradução: São Pio V





domingo, 21 de dezembro de 2014

Ordo Missae - Ordinário da Missa.

 Ordo Missae


PREPARAÇÃO


Orações ao pé do altar

De pé, diante dos degraus do altar, o celebrante começa a Missa, fazendo o sinal da cruz (X):
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito. Amém.
In nómine Patris, X et Filii, et Spiritus Sancti. Amén.
Subirei ao altar de Deus.
Introibo ad altare Dei.
R. Do Deus que alegra a minha juventude.
R. Ad Deum qui lætificat juventutem meam.
Salmo 42 (este salmo omite-se nas Missas de Defuntos e do Tempo da Paixão)
Julga-me, ó Deus, e separa a minha causa duma gente não santa. Livra-me do homem iníquo e enganador.
Judica me, Deus, et discerne causam meam de gente non sancta: ab homine iniquo et doloso erue me.
R. Tu que és, ó Deus, a minha fortaleza, porque me repeliste? E porque hei-de eu andar triste, enquanto me aflige o inimigo?
R. Quia tu es, Deus, fortitudo mea: quare me repulisti, et quare tristis incedo, dum affligit me inimicus?
Envia a Tua luz e a Tua verdade; estas me conduzirão e me levarão ao Teu santo monte e aos Teus tabernáculos.
Emitte lucem tuam et veritatem tuam: ipsa me deduxerunt et adduxerunt in montem sanctum tuum, et in tabernacula tua.
R. E aproximar-me-ei do altar de Deus, do Deus que alegra a minha mocidade.
R. Et introibo ad altare Dei: ad Deum qui lætificat juventutem meam.
Ó Deus, Deus meu, eu Te louvarei com a cítara. Por que estás triste, minha alma? E por que me inquietas?
Confitebor tibi in cithara Deus, Deus meus: quare tristis es anima mea, et quare conturbas me?
R. Espera em Deus, porque eu ainda O hei-de louvar, a Ele que é a minha salvação e o meu Deus.
R. Spera in Deo, quoniam adhuc confitebor illi: salutare vultus mei, et Deus meus
Glória ao Pai, e ao Filho, e ao Espírito Santo.
Gloria Patri, et Filio, et Spiritui Sancto.
R. Assim como era no princípio, seja agora e sempre, e por todos os séculos dos séculos. Amém.
R. Sicut erat in principo, et nunc, et semper: et in sæcula sæculorum.Amen.
Subirei ao Altar de Deus.
Introibo ad altare Dei.
R. Do Deus que alegra a minha juventude.
R. Ad Deum qui lætificat juventutem meam.
O nosso auxílio está no nome do Senhor. 
Adjutorium X nostrum in nomine Domine.
R. Que fez o Céu e a Terra.
R. Qui fecit caelum et terram.
Com grande desejo de se purificar, o Celebrante primeiramente, antes de se aproximar do altar, e depois os fiéis, acusam-se diante de Deus e dos Santos dos pecados que cometeram e pedem a Deus misericórdia.
Eu me confesso a Deus etc.
Confiteor Deo omnipotenti, etc.
R. Que Deus onipotente se amerceie de ti, que te perdoe os pecados e te conduza à vida eterna.
R. Misereatur tui omnipotens Deus, et dimissis peccatis tuis, perducat te ad vitam æternam.
Amém.
Amen.
  
Os assistentes dizem o Confiteor:
Eu pecador me confesso a Deus todo-poderoso,à bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao bem-aventurado São Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado São João Batista, aos santos apóstolos São Pedro e são Paulo, a todos os Santos e a vós, Padre, porque pequei muitas vezes, por pensamentos, palavras e obras, (bate-se por três vezes no peito) por minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa. Portanto, rogo à bem-aventurada Virgem Maria, ao bem-aventurado São Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado são João Batista, aos santos apóstolos São Pedro e São Paulo, a todos os Santos e a vós, Padre, que rogueis a Deus Nosso Senhor por mim.
Confiteor Deo omnipotenti, beatæ Mariæ semper Virgini, beato Michæli Archangelo, beato Joanni Baptistæ, sanctis Apostolis Petro et Paulo, omnibus Sanctis, et tibi, pater: quia peccavi nimis cogitatione, verbo, et opere: percutiunt sibi pectus ter, dicentes: mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa. Ideo precor beatam Mariam semper Virginem, beatum Michælem Archangelum, beatum Joannem Baptistam, sanctos Apostolos Petrum et Paulum, omnes Sanctos, et te, pater, orare pro me ad Dominum Deum nostrum.
Que Deus onipotente se compadeça de vós, que vos perdoe os pecados e vos conduza à vida eterna.
Misereatur vestri omnipotens Deus, et dimissis peccatis vestris, perducat vos ad vitam æternam.
R. Amém.
R. Amen.
O Celebrante pronuncia sobre si mesmo e sobre os fiéis a fórmula da absolvição:
Indulgência, absolvição, e remissão dos nossos pecados, conceda-nos o Senhor onipotente e misericordioso.
Indulgentiam X absolutionem, et remissionem peccatorum nostrorum, tribuat nobis omnipotens et misericors Dominus:
R. Amém.
R. Amen.
Inclinam-se todos para a recitação dos versículos seguintes:
Se Vos tornardes para nós, Senhor, dar-nos-ei a vida.
Deus, tu conversus vivificabis nos.
R. E o Vosso povo alegrar-se-á em Vós.
R. Et plebs tua lætabitur in te.
Mostrai-nos, Senhor, a Vossa misericórdia.
Ostende nobis Domine, misericordiam tuam.
R. E dai-nos a Vossa salvação.
R. Et salutare tuum da nobis.
Senhor, ouvi a minha oração.
Domine, exuadi orationem meam.
R. E fazei subir até Vós o meu clamor.
R. Et clamor meus ad te veniat.
O Senhor seja convosco.
Dominus vobiscum.
R. E com o vosso espírito.
R. Et cum spiritu tuo.
Ao subir ao altar, o Celebrante pede a Deus mais uma vez que o purifique de todos os pecados:
Oremos.
Lavai-nos, Senhor, de todo o pecado, a fim de merecermos penetrar de coração puro no Santo dos Santos. Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém
Oremus.
Aufer a nobis, quæsumus, Domine, iniquitates nostras: ut ad Sancta sanctorum puris mereamur mentibus introire. Per Christum Dominum nostrum. Amen.
O celebrante, inclinado, diz a seguinte oração:
Nós vos suplicamos, Senhor, pelos méritos de vossos santos,(beijando o centro do altar) cujas relíquias aqui se encontram, e de todos os demais santos, vos digneis perdoar todos os nossos pecados. Amém.
Oramus te, Domine, per merita Sanctorum tuorum, quorum reliquiæ hic sunt, et omnium Sanctorum: ut indulgere digneris omnia peccata mea. Amen.
Incensação do altar
Nas Missas solenes o Celebrante deita incenso no turíbulo e benze-o ao mesmo tempo com as palavras seguintes : « Bendito sejas por Aquele em honra de Quem vais ser queimado. » Depois incensa o altar.

PRIMEIRA PARTE: ANTE-MISSA
(Missa dos Catecúmenos)
Intróito
O celebrante vai para o lado da Epístola, e lê o Introito. Canto solene de entrada, o Intróito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia. Às primeiras palavras, todos se benzem, ao mesmo tempo que o celebrante.
1 - VER MISSA DO DIA
Kýrie, Eléison
O Kýrie é uma breve ladainha de procedência grega, uma tríplice invocação das três Pessoas Divinas. O celebrante, no meio do altar, diz, alternadamente com os assistentes:
Senhor, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade de nós
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
S. Kyrie, eleison.
M. Kyrie, eleison.
S. Kyrie, eleison.
M. Christe, eleison.
S. Christe, eleison.
M. Christe, eleison.
S. Kyrie, eleison.
M. Kyrie, eleison.
S. Kyrie, eleison.

 
Glória in Excélsis
O Glória in excelsis, que os gregos denominam a grande doxologia, é um cântico de louvor entretecido de aclamações e súplicas, dirigido à Santíssima Trindade. Abre com as palavras que os Anjos cantaram no nascimento do Salvador. – Omite-se nas Missas de Defuntos, em todas do Tempo do Advento, da Septuagésima e da Quaresma e nas férias sem festa.
Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade. Nós vos louvamos, Vos bendizemos, Vos adoramos e Vos glorificamos. Nós vos damos graças, por causa da Vossa grande glória, ó Senhor Deus, Rei do céu, Deus Pai onipotente. Ó Senhor, Filho Unigênito de Deus, Jesus Cristo. Senhor Deus, Cordeiro de Deus e Filho do Pai. Vós que tirais os pecados do mundo, tende compaixão de nós. Vós que tirais os pecados do mundo, ouvi a nossa prece. Vós que estais sentado à direita do Pai, tende compaixão de nós. Porque só Vós, Senhor Jesus Cristo, sois Santo, só Vós sois o Altíssimo. Com o Espírito Santo, X na glória de Deus Pai.
Amém.
GLORIA IN EXCÉLSIS DEO.
Et in terra pax hominibus bonæ voluntatis. | Laudamus te. | Benedicimus te. | Adoramus te. | Glorificamus te. | Gratias agimus tibi propter magnam gloriam tuam. | Domine Deus, Rex coelestis, Deus Pater omnipotens. | Domine Fili unigenite, Jesu Christe. | Domine Deus, Agnus Dei, Filius Patris. | Qui tollis peccata mundi, miserere nobis. | Qui tollis peccata mundi, suscipe deprecationem nostram. | Qui sedes ad dexteram Patris, miserere nobis. | Quoniam tu solus Sanctus. | Tu solus Dominus. Tu solus Altissimus, Jesu Christe. | Cum Sancto Spiritu X in gloria Dei Patris.
Amen.
O celebrante beija o altar, volta-se ao povo e diz:
O Senhor seja convosco.
V. Dominus vobiscum.
R. E com vosso espírito.
R. Et cum spiritu tuo.
  
Coleta
O celebrante, diante do missal, recita a COLETA. Breve oração que resume e apresenta a Deus os votos de toda a assembleia, votos estes sugeridos pelo mistério ou solenidade do dia
Orémus:
2 - VER MISSA DO DIA
O Celebrante saúda a assembleia e depois acrescenta a Deus em resumo os votos e aspirações que a Santa Igreja nos sugere em razão da festa ou do mistério que celebramos.  Respondamos todos com um Amém cheio de confiança. Conclusão:
...por todos os séculos dos séculos.
R. Amém.
...per ómnia saécula saeculorum.
R. Amen

 
Epístola
No decorrer do ano litúrgico, a Igreja vai-nos lendo os mais belos passos dos Profetas e os princípios basilares da doutrina dos Apóstolos.
3 - VER MISSA DO DIA
– Nas Missas solenes, a Epístola é cantada pelo Subdiácono. Nas rezadas responde-se no fim.
R. Graças a Deus
R. Deo grátias

 
Gradual, Aleluia, Tracto
O Gradual compõe-se geralmente de alguns versículos dum salmo que era outrora cantado por inteiro pelos cantores e pela assembleia. No Tempo Pascal, o Gradual é substituído por um Aleluia. – Aleluia é, em hebreu, uma espécie de interjeição de alegria. E de fato a melodia dos nossos Aleluias é uma explosão de júbilo, único modo que a alma, nesses momentos de dulcificante altura espiritual, encontra para se dirigir a Deus. Junta-se-lhe um versículo do salmo. – Durante a Septuagésima e a Quaresma, o Aleluia é substituído pelo Tracto.
4 - VER MISSA DO DIA
  
O Evangelho do Mestre
Antes de ler ou cantar o Evangelho, o Celebrante diz a oração « Munda cor meum » e pede a Deus que o abençoe. – Nas Missas solenes é o Diácono que canta o Evangelho. Recita o « Munda cor » e pede a benção ao Celebrante. Nas Missas de Defuntos diz-se o « Munda cor », mas omite-se a benção.
Senhor onipotente, purificai o meu coração e os meus lábios, Vós que purificastes os lábios do Profeta Isaías com um carvão em brasa. E dignai-Vos por tal modo purificar-me com a Vossa misericórdia, que possa dignamente anunciar o Vosso Santo Evangelho. Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.
Senhor, abençoai-me.
Munda cor meum ac lábia mea, omnípotens Deus, qui lábia Isaíae prophétae cálculo mundásti igníto: ita me tua grata miserratióne dignáre mundáre, ut sanctum evangélium tuum digne váleam nuntiáre. Per Christum Dómine nostrum. Amem. 
Que o Senhor resida no meu coração e nos meus lábios, para que anuncie digna e convenientemente o Seu Evangelho. Amém
Jube, Dómine, bene, benedicere. Dominus sit in corde meo et in labiis meis: ut digne et competenter annuntiem evangelium suum.Amen.
A leitura ou o canto do Evangelho, que nos recorda sempre um episódio da vida ou um ponto de doutrina do Salvador, rodeia-se de certa solenidade. A assembleia conserva-se de pé, por veneração e respeito para com a palavra de Deus. Nas Missas solenes organiza-se uma pequena procissão. Incensa-se o Livro dos Evangelhos e acompanha-se com círios acesos. – Às primeiras palavras - Sequéntia, etc. faz-se o sinal da cruz na testa, na boca e no peito.
O Senhor seja convosco
Dominus vobiscum.
R. E com vosso espírito.
R. Et cum spiritu tuo.
Sequência do santo Evangelho X segundo ....
R. Glória a Vós, Senhor.
Sequéntia sancti Evangélii X secúndum ....
R. Glória tibi, Dómine
5 - VER MISSA DO DIA
No fim, responde-se:
R. Louvor a vós, ó Cristo!
R. Laus tibi, Christe
O celebrante beija o sagrado texto, dizendo:
Que pelas palavras do Evangelho nos sejam perdoados os pecados.
Per evangelica dicta deleantur nostra delicta.
Segue-se a Homilia, ou explicação da Palavra de Deus.


 

Credo
A história deste Credo, que chamam de Nicéia, é uma brilhante afirmação de fé contra as heresias que a Igreja teve de defrontar no decorrer dos séculos. É o símbolo triunfante da nossa fé. Diz-se aos Domingos, nas festas dos Apóstolos e dos Doutores da Igreja, e em certas festas mais solenes.
CREIO em um só Deus.
Pai, todo poderoso, criador do Céu e da Terra,
de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho unigênito de Deus.
Nascido do Pai, antes de todos os séculos.
Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro.

Gerado, não feito, consubstancial ao Pai, por meio de Quem foram feitas todas as coisas.
Que por causa de nós, homens, e por causa de nossa salvação desceu dos Céus.
(todos se ajoelham) E SE ENCARNOU POR OBRA DO ESPÍRITO SANTO, EM MARIA VIRGEM, E SE FEZ HOMEM.

Também por amor de nós foi crucificado, sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras.
Subiu aos Céus, onde está sentado à direita do Pai.
Donde virá de novo, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos e cujo reino não terá fim.
Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho.
Que com o Pai e com o Filho é igualmente adorado e glorificado: ele o que falou pelos profetas.
Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica.
Professo um só Batismo, para a remissão dos pecados.
Espero a ressurreição dos mortos.
E a vida do século futuro. Amém.
CREDO in unum Deum.
Patrem omnipotentem, factorem coeli et terræ, | visibilium omnium et invisibilium.
Et in unum Dominum Jesum Christum, | Filium Dei unigenitum.
Et ex Patre natum ante omnia sæcula.
Deum de Deo, lumen de lumine, | Deum verum de Deo vero.
Genitum, non factum, | consubstantialem Patri: | per quem omnia facta sunt.
Qui propter nos homines, | et propter nostram salutem descendit de coelis.
(hic genuflectitur – aqui se ajoelha) ET INCARNATUS EST DE SPIRITU SANCTO EX MARIA VIRGINE: | ET HOMO FACTUS EST.
Crucifixus etiam pro nobis: | sub Pontio Pilato passus, et sepultus est.
Et resurrexit tertia die, secundum Scripturas.
Et ascendit in coelum: sedet ad dexteram Patris.
Et iterum venturus est cum gloria judicare vivos et mortuos: | cujus regni non erit finis.
Et in Spiritum Sanctum, Dominum et vivificantem: qui ex Patre, Filioque procedit.
Qui cum Patre, et Filio simul adoratur et conglorificatur: qui locutus est per Prophetas.
Et unam, sanctam, catholicam et apostolicam Ecclesiam.
Confiteor unum baptisma in remissionem peccatorum.
Et exspecto resurrectionem mortuorum.
Et vitam X venturi sæculi. Amen.



SEGUNDA PARTE: SACRIFÍCIO
OFERTÓRIO
Preparação para o Sacrifício
Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito. O celebrante volta-se ao povo com esta saudação:
O Senhor seja convosco
Dominus vobiscum.
R. E com vosso espírito.
R. Et cum spiritu tuo.
Orémus:
Segue-se em voz baixa.
6 - VER MISSA DO DIA
O Celebrante lê a Antífona do Ofertório, vestígio de um cântico que se executava outrora durante a procissão das oferendas. Esta procissão era constituída por todos os fiéis presentes, que levavam ao Sacerdote pão, vinho e outros dons, símbolos da oblação que fazia cada um de si mesmo. – Todas as orações do Ofertório exprimem este sentimento de oblação. Nas Missas dialogadas a assembleia pode recitar em português estas Antífonas.
Ofertório do pão e do vinho
O Celebrante oeferece o pão e coloca-o na patena. Coloquemo-nos também na patena, hóstias pequenas à beira da grande, ofereçamo-nos com ela ao Senhor. Ofereçamo-nos sim, e não retiremos dela, durante o dia, nehuma partícula da nossa oblação. Oferecimento do pão:
Recebei, santo Pai, onipotente e eterno Deus, esta hóstia imaculada, que eu vosso indigno servo, vos ofereço, ó meu Deus, vivo e verdadeiro, por meus inumeráveis pecados, ofensas, e negligências, por todos os que circundam este altar, e por todos os fiéis vivos e falecidos, afim de que, a mim e a eles, este sacrifício aproveite para a salvação na vida eterna. Amém
Suscipe, sancte Pater, omnipotens æterne Deus, hanc immaculatam hostiam, quam ego indignus famulus tuus offero tibi, Deo meo vivo et vero, pro innumerabilibus peccatis, et offensionibus, et negligentiis meis, et pro omnibus circumstantibus, sed et pro omnibus fidelibus Christianis vivis atque defunctis: ut mihi, et illis proficiat ad salutem in vitam æternam. Amen.
Ao lado direito do altar, o celebrante deita vinho no cálice, a que mistura umas gotas de água, dizendo a seguinte oração:
Ó Deus,  que maravilhosamente criastes em sua dignidade a natureza humana e mais prodigiosamente ainda a restaurastes, concedei-nos, que pelo mistério desta água e deste vinho, sermos participantes da divindade daquele que se dignou revestir-se de nossa humanidade, Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor Nosso, que sendo Deus convosco vive e reina em união com o Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.
Deus, X qui humanæ substantiæ dignitatem mirabiliter condidisti, et mirabilius reformasti: da nobis per hujus aquæ et vini mysterium, ejus divinitatis esse consortes, qui humanitatis nostræ fieri dignatus est particeps, Jesus Christus Filius tuus Dominus noster: Qui tecum vivit et regnat in unitate Spiritus Sancti Deus: per omnia sæcula sæculorum. Amen.
No meio do altar, o celebrante faz o oferecimento do cálice:
Nós vos oferecemos Senhor, o cálice da salvação, suplicando a vossa clemência. Que ele suba qual suave incenso à presença de vossa divina majestade, para salvação nossa e de todo o mundo. Amém.
Offerimus tibi, Domine, calicem salutaris, tuam deprecantes clementiam: ut in conspectu divinæ maiestatis tuæ, pro nostra et totius mundi salute, cum odore suavitatis ascendat. Amen.
Depois, inclinando-se diz:
Em espírito de humildade e coração contrito, sejamos por vós acolhidos, Senhor. E assim se faça hoje este nosso sacrifício em vossa presença, de modo que vos seja agradável, ó Senhor Nosso Deus.
In spiritu humilitatis et in animo contrito suscipiamur a te, Domine: et sic fiat sacrificum nostrum in conspectu tuo hodie, ut placeat tibi, Domine Deus.
Invoca o Espírito Santo e abençoa as oferendas:
Vinde, ó Santificador, onipotente e eterno Deus e, abençoai este sacrifício preparado para glorificar o vosso santo nome
Veni, Sanctificator, omnipotens æterne Deus: et benedic X hoc sacrificum, tuo sancto nomini præparatum.

O celebrante vai à direita do altar e lava as mãos, dizendo os seguintes versículos do salmo 25:
Lavo as minhas mãos entre os inocentes, e me aproximo do vosso altar, ó Senhor.
LAVABO inter innocentes manus meas: et circumdabo altare tuum, Domine.
Para ouvir o cântico dos vossos louvores, e proclamar todas as vossas maravilhas.
Ut audiam vocem laudis: et enarrem universa mirabila tua.
Eu amo, Senhor, a beleza da vossa casa, e o lugar onde reside a vossa glória.
Domine, dilexi decorem domus tuæ: et locum habitationis gloriæ tuæ.
Não me deixeis, ó Deus, perder a minha alma com os ímpios, nem a minha vida com os sanguinários.
Ne perdas cum impiis, Deus, animam meam: et cum viris sanguinum vitam meam.
Em suas mãos se encontram iniquidades, sua direita está cheia de dádivas.
In quorum manibus iniquitates sunt: dextera eorum repleta est muneribus.
Eu porém, tenho andado na inocência. Livrai-me, pois, e tende piedade de mim.
Ego autem in innocentia mea ingressus sum: redime me, et miserere mei.
Meus pés estão firmes no caminho reto. Eu te bendigo, Senhor, nas assembleias dos justos.
Pes meus stetit in directo: in ecclesiis benedicam te, Domine.
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos dos séculos, Amém.
Gloria Patri, et Filio, et Spiritui Sancto. Sicut erat in principio, et nunc, et semper: et in sæcula sæculorum. Amen.
Inclinado, ao meio do altar, o celebrante diz a Oração à Santíssima Trindade:
Recebei, ó Trindade Santíssima, esta oblação, que vos oferecemos em memória da Paixão, Ressurreição e Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo, e em honra da bem-aventurada e sempre Virgem Maria, de São João Batista, dos santos apóstolos Pedro e Paulo, e de todos os Santos; para que, a eles sirva de honra e a nós de salvação, e eles se dignem interceder no céu por nós que na terra celebramos sua memória. Pelo mesmo Cristo, Senhor Nosso. Amém.
Suscipe, sancta Trinitas, hanc oblationem, quam tibi offerimus ob memoriam passionis, resurrectionis, et ascensionis Jesu Christi, Domini nostri, et in honorem beatæ Mariæ semper Virginis, et beati Ioannis Baptistæ, et sanctorum apostolorum Petri et Pauli, et istorum, et omnium sanctorum: ut illis proficiat ad honorem, nobis autem ad salutem: et illi pro nobis intercedere dignentur in cælis, quorum memoriam agimus in terris. Per eumdem Christum Dominum nostrum. Amen.
O Celebrante volta-se para os fiéis e convida-os a que orem com ele para que Deus Se digne aceitar-lhes o sacrifício comum :
Orai irmãos, para que este sacrifício, que também é vosso, seja aceito e agradável a Deus Pai Onipotente
Orate fratres, ut meum ac vestrum sacrificium acceptabile fiat apud Deum Patrem omnipotentem.
R. Receba, o Senhor, de vossas mãos este sacrifício, para louvor e glória de seu nome, para nosso bem e de toda a sua santa Igreja.
R. Suscipiat Dominus sacrificium de manibus tuis | ad laudem et gloriam nominis sui, | ad utilitatem quoque nostram, totiusque Ecclesiæ suæ sanctæ.
Amém.
Amen.

Secreta
Depois diz a Secreta:
7 - VER MISSA DO DIA
– A Secreta diz-se, como o nome indica, em secreto. No entanto, para que os fiéis possam corroborar com um amém a toda a ação do Ofertório que terminou, o Celebrante conclue em voz alta:
...por todos os séculos dos séculos.
R. Amém.
...per ómnia saécula saeculorum.
R. Amen







CÂNON
Oblação do Sacrifício
O Cânon constitui a parte central da Missa. Com o Prefácio, começa a solene oração sacerdotal da Igreja e oblação propriamente dita do Sacrifício. Curto diálogo introdutório entre o celebrante e a assembleia desperta nas almas os sentimentos de ação de graças que convêm à celebração dos santos mistérios.
O Senhor seja convosco.
Dominus vobiscum.
R. E com o vosso espírito.
R. Et cum spiritu tuo.
Corações ao alto.
Sursum corda.
R. Temo-los para o Senhor
R. Habemus ad Dominum.
Demos graças ao Senhor, nosso Deus.
Gratias agamus Domino Deo nostro
R. É digno e justo.
R. Dignum et justum est.
Prefácio
8 - VER MISSA DO DIA

Prefácio da SS. Trindade
Diz-se nas festas e nas Missas votivas da SS. Trindade ; em todos os Domingos do ano, menos nas festas que tiverem próprio.
É verdadeiramente digno, justo, racional e salutar, que sempre e em toda a parte Vos rendamos graças, Senhor Santo, Pai onipotente e Deus eterno ; Que sois, com o Vosso Filho Unigénito e com o Espírito Santo, um só Deus e um só Senhor, não na singularidade duma só pessoa, mas na Trindade duma só substância. Porque tudo aquilo que nos revelastes e cremos da Vossa glória, isso mesmo sentimos, sem diferença nem distinção, do Vosso Filho e do Espírito Santo, de maneira que, confessando a verdadeira e eterna Divindade, adoramos a propriedade nas Pessoas, a unidade na Essência e a igualdade na Majestade, a qual louvam os Anjos e os Arcanjos, os Querubins e os Serafins, que não cessam de cantar dizendo a uma só voz: ...
Vere dignum et justum est, aequum et salutáre, nos tibi semper et ubíque grátias ágere : Dómine sancte, Pater omnípotens, aetérne Deus : Qui cum unigénito Filio tuo et Spiritu Sancto unus es Deus, unus es Dóminus : non in uníus singularitáte persónae, sed in uníus Trinitáte substántiae. Quod enim de tua glória, revelánte te, crédimus, hoc de Fílio tuo, hoc de Spíritu Sanco sine differéntia discretiónis sentímus. Ut in confessióne verae sempiternaéque Deitátis, et in persónis propríetas, et in esséntia únitas, et in majestáte adorétur aequálitas. Quam laudant Angeli atque Archángeli, Chérubim quoque ac Séraphim: qui non cessant clamáre quotídie, una voce dicéntes: ...

Sanctus
Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus dos Exércitos. A Terra e o Céu estão cheios da Vossa glória. Hosana no mais alto dos Céus.
Bendito O que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!
Sanctus, Sanctus, Sanctus, Dominus Deus Sabaoth. Pleni sunt cæli et terra gloria tua. Hosanna in excelsis.
Benedictus, qui venit in nomine Domini. Hosanna in excelsis.

Continuação do Cânon
O celebrante, profundamente inclinado, beija o altar e continua a grande oração sacerdotal.
A vós, Pai clementíssimo, por Jesus Cristo vosso Filho e Senhor nosso, humildemente rogamos e pedimos aceiteis e abençoeis estes dons, estas  dádivas, estas santas oferendas ilibadas.
Te igitur, clementissime Pater, per Jesum Christum Filium tuum, Dominum nostrum, supplices rogamus ac petimus, uti accepta habeas, et benedicas, hæc X dona, hæc X munera, hæc sancta Xsacrificia illibata;
Oração por toda a Igreja, em especial pela hierarquia:
Nós Vo-los oferecemos, em primeiro lugar, pela vossa santa Igreja católica, à qual vos dignai conceder a paz, proteger, conservar na unidade e governar, através do mundo inteiro, e também pelo vosso servo o nosso Papa..., pelo nosso Bispo..., e por todos os (bispos) ortodoxos, aos quais incumbe a guarda da fé católica e apostólica.
In primis, quae tibi offérimus pro Ecclésia tua sancta cathólica: quam pacificáre, custódire, adunáre et régere dignéris toto orbe terrárum: una cum fámulo tuo Papa nostro N. et Antístite nostro N. et ómnibus orthodoxis, atque cathólicae et apostólicae fídei cultóribus.
Momento dos vivos:
Lembrai-vos, Senhor, de vossos servos e servas N. e N., e de todos os que aqui estão presentes, cuja fé e devoção conheceis, e pelos quais vos oferecemos, ou eles vos oferecem, este sacrifício de louvor, por si e por todos os seus, pela redenção de suas almas, pela esperança de sua salvação e de sua conservação, e consagram suas dádivas a vós, o Deus eterno, vivo e verdadeiro.
Memento, Domine, famulorum, famularumque tuarum N. et N. et omnium circumstantium, quorum tibi fides cognita est, et nota devotio, pro quibus tibi offerimus: vel qui tibi offerunt hoc sacrificium laudis pro se, suisque omnibus: pro redemptione animarum suarum, pro spe salutis, et incolumitatis suæ: tibique reddunt vota sua æterno Deo, vivo et vero.
Memória dos Santos:
Unidos na mesma comunhão, veneramos primeiramente a memória da gloriosa e sempre Virgem Maria, Mãe de Deus e Senhor Nosso Jesus Cristo, e também de S. José, o Esposo da mesma Virgem, e dos vossos bem-aventurados Apóstolos e Mártires: Pedro e Paulo, André, Tiago, João e Tomé, Tiago, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Simão e Tadeu, Lino, Cleto, Clemente, Xisto, Cornélio, Cipriano, Lourenço, Crisógono, João e Paulo, Cosme e Damião, e a de todos os vossos santos. Por seus méritos e preces, concedei-nos, sejamos sempre fortalecidos com o socorro de vossa proteção. Pelo mesmo Cristo, Senhor Nosso. Amém.
Communicantes, et memoriam venerantes, in primis gloriosæ semper Virginis Mariæ, Genitricis Dei et Domini nostri Jesu Christi: sede t beáti Joseph, ejúsdem Viginis Sponsi, et beatorum Apostolorum ac Martyrum tuorum, Petri et Pauli, Andreæ, Jacobi, Joannis, Thomæ, Jacobi, Philippi, Bartholomæi, Matthæi, Simonis, et Thaddæi, Lini, Cleti, Clementis, Xysti, Cornelii, Cypriani, Laurentii, Chrysógoni,Joannis et Pauli, Cosmæ et Damiani, et omnium Sanctorum tuorum; quorum meritis precibusque concedas, ut in omnibus protectionis tuæ muniamur auxilio. Per eundem Christum Dominum nostrum. Amen.
Estendendo as mãos sobre as oblatas, o celebrante diz:
Por isso, vos rogamos, Senhor, aceiteis favoravelmente a homenagem de servidão que nós e toda a vossa Igreja vos prestamos, firmai os nossos dias em vossa paz, arrancai-nos da condenação eterna, e colocai-nos entre os vossos eleitos. Por Jesus Cristo, Senhor Nosso. Amém.
Hanc igitur oblationem servitutis nostræ, sed et cunctæ familiæ tuæ, quæsumus, Domine, ut placatus accipias: diesque nostros in tua pace disponas, atque ab æterna damnatione nos eripi, et in electorum tuorum jubeas grege numerari.Per Christum Dominum nostrum. Amen.
O celebrante abençoa as oblatas dizendo:
Nós vos pedimos, ó Deus, que esta oferta seja por vós em tudo, abençoada, aprovada, ratificada, digna e aceitável a vossos olhos, afim de que se torne para nós o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, vosso diletíssimo Filho e Senhor Nosso.
Quam oblationem tu, Deus, in omnibus, quæsumus, beneXdictam, adscriXptam, raXtam, rationabilem, acceptabilemque facere digneris: ut nobis CorXpus, et SanXguis fiat dilectissimi Filii tui Domini nostri Jesu Christi.
CONSAGRAÇÃO
Chegou o Celebrante ao momento soleníssimo da Missa. Vai renovar, sob a ordem e com as palavras de Jesus, o Sacrifício da última ceia, sacrifício que o Senhor instituiu para perpetuar de modo incruento o Sacrifício redentor do Calvário. Veneremos e adoremos o Corpo e o Sangue do Senhor, que o Sacerdote nos vai apresentar[1].
Ele, na véspera de sua paixão, tomou o pão em suas santas e veneráveis mãos, e elevando os olhos ao céu para vós, ó Deus, seu Pai onipotente, dando-vos graças, benzeu-o, partiu-o e deu-o a seus discípulos, dizendo: Tomai e Comei Dele, Todos.
Qui pridie quam pateretur, accepit panem in sanctas ac venerabiles manus suas,et elevatis oculis in cælum ad te Deum Patrem suum omnipotentem, tibi gratias agens, beneXdixit, fregit, deditque discipulis suis, dicens: Accipite, et manducate ex hoc omnes.
« Isto é o Meu Corpo »
« Hoc est enim Corpus meum »
Consagração do Cálice:
De igual modo, depois de haver ceado, tomando também este precioso cálice em suas santas e veneráveis mãos, e novamente dando-vos graças, benzeu-o e deu-o a seus discípulos, dizendo: Tomai e Bebei Dele Todos.
Simili modo postquam cænatum est, accipiens et hunc præclarum Calicem in sanctas ac venerabiles manus suas: item tibi gratias agens, beneXdixit, deditque discipulis suis, dicens: Accipite, et bibite ex eo omnes
« Este é o Cálice do meu Sangue, do novo e eterno Testamento : mistério de fé : que será derramado por vós e por muitos para remissão dos pecados. »
« Hic est enim Calix Sanguinis mei, novi et æterni testamenti : mysterium fidei : qui pro vobis et pro multis effundetur in remissionem peccatorum. »
Todas as vezes que isto fizerdes, fazei-o em memória de mim.
Hæc quotiescumque fecérit, in mei memóriam faciétis.

Fórmula da oblação
O celebrante continua depois as orações do Cânon:
Por esta razão, Senhor, nós, vossos servos, com o vosso povo santo, lembrando-nos da bem-aventurada Paixão do mesmo Cristo, vosso Filho e Senhor Nosso, assim como de sua Ressurreição, saindo vitorioso do sepulcro, e de sua gloriação Ascensão aos céus, oferecemos à vossa augusta Majestade, de vossos dons e dádivas, a Hóstia  pura, a Hóstia  santa, a Hóstia  imaculada, o Pão  santo da vida eterna, e o Cálice da salvação  perpétua.
Unde et memores, Domine, nos servi tui sed et plebs tua sancta, eiusdem Christi Filii tui Domini nostri tam beatæ Passionis, nec non et ab inferis Resurrectionis, sed et in cælos gloriosæ Ascensionis: offerimus præclaræ maiestati tuæ de tuis donis ac datis, hostiam Xpuram, hostiam X sanctam, hostiam X immaculatam, Panem Xsanctum vitæ æternæ, et Calicem X salutis perpetuæ.
Sobre estes dons, vos pedimos digneis lançar um olhar favorável, e recebê-los benignamente, assim como recebeste as ofertas do justo Abel, vosso servo, o sacrifício de Abraão, pai de nossa fé, e o que vos ofereceu vosso sumo sacerdote Melquisedeque, Sacrifício santo, Hóstia imaculada.
Supra quæ propitio ac sereno vultu respicere digneris; et accepta habere, sicuti accepta habere dignatus es munera pueri tui justi Abel, et sacrificium Patriarchæ nostri Abrahæ: et quod tibi obtulit summus sacerdos tuus Melchisedech, sanctum sacrificium, immaculatam hostiam.
Profundamente inclinado, o celebrante diz:
Suplicantes vos rogamos, ó Deus onipotente, que, pelas mãos de vosso santo Anjo, mandeis levar estas ofertas ao vosso Altar sublime, à presença de vossa divina Majestade, para que, todos os que, participando deste altar, recebermos o sacrossanto Corpo, e Sangue de vosso Filho, sejamos repletos de toda a bênção celeste e da Graça.Pelo mesmo Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém.
Supplices te rogamus, omnipotens Deus, jube hæc perferri per manus sancti Angeli tui in sublime altare tuum, in conspectu divinæ majestatis tuæ: ut quoquot ex hac altaris partecipatione sacrosanctum Filii tui CorXpus, et SanXguinem sumpserimus, omni benedictione cælesti et gratia repleamur. Per eumdem Christum Dominum nostrum. Amen.

Momento dos defuntos:
Lembrai-vos, também, Senhor, de vossos servos e servas (NN. e NN.), que nos precederam, marcados com o sinal da fé, e agora descansam no sono da paz.
A estes, Senhor, e a todos os mais que repousam em Jesus Cristo, nós vos pedimos, concedei o lugar do descanso, da luz e da paz. Pelo mesmo Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém
Memento etiam, Domine, famulorum famularumque tuarum N. et N. qui nos præcesserunt cum signo fidei, et dormiunt in somno pacis.
Ipsis, Domine, et omnibus in Christo quiescentibus, locum refrigerii, lucis et pacis, ut indulgeas, deprecamur. Per eumdem Christum Dominum nostrum. Amen.
O celebrante bate no peito, dizendo:
Também a nós, pecadores, vossos servos, que esperamos na vossa infinita misericórdia, dignai-vos conceder um lugar na comunidade de vossos santos Apóstolos e Mártires: João, Estevão, Matias, Barnabé, Inácio, Alexandre, Marcelino, Pedro, Felicidade, Perpétua, Águeda, Luzia, Inês, Cecília, Anastácia, e com todos os vossos Santos. Unidos a eles pedimos, vos digneis receber-nos, não conforme nossos méritos mas segundo a vossa misericórdia.Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.
Nobis quoque peccatoribus, famulis tuis, de multitudine miserationum tuarum sperantibus, partem aliquam, et societatem donare digneris, tuis sanctis Apostolis et Martyribus: cum Joanne, Stephano, Matthia, Barnaba, Ignatio, Alexandro, Marcellino, Petro, Felicitate, Perpetua, Agatha, Lucia, Agnete, Cæcilia, Anastasia, et omnibus Sanctis tuis: intra quorum nos consortium non æstimator meriti, sed veniæ, quæsumus, largitor admitte. Per Christum Dominum nostrum.
DOXOLOGIA FINAL
Por Ele, ó Senhor, sempre criais, santificais, vivificais, abençoais, e nos concedeis todos estes bens.
Per quem hæc omnia Domine, semper bona creas, sanctiXficas, viviXficas, beneXdicis, et præstas nobis.
Por Ele, com Ele e Nele, a Vós, Deus Pai  onipotente, na unidade doEspírito Santo, toda a honra e toda a glória
Per X ipsum, et cum X ipso, et in X ipso, est tibi Deo Patri Xomnipotenti, in unitate X Spiritus Sancti, omnis honor et gloria.
O celebrante termina em voz alta:
Por todos os séculos dos séculos
Per omnia sæcula sæculorum
R. Amém.
.R. Amen.
  
COMUNHÃO
Pater Noster
O Sacrifício já se ofereceu. Deus aceitou-o, deixou-se apaziguar, e vai-Se-nos dar a Si mesmo em Cristo na Santa Comunhão. O Celebrante prepara-se e recita a oração dominical, e pede a Deus que nos dê o pão de cada dia e as disposições de caridade para com Ele e o próximo indispensáveis para bem comungar. Porque receber a Sagrada Eucaristia é apertar os laços que nos unem com Jesus e com o Seu corpo místico:
OREMOS. Instruídos com estes preceitos salutares e com esta divina doutrina, ousamos dizer:
OREMUS.Præceptis salutaribus moniti, et divina institutione formati, audemus dicere:
Pai nosso, que estais nos céus, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céuO pão nosso de cada dia nos dai hoje, e perdoai-nos as nossas dívidasassim como nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixeis cair em tentação,
Pater noster, qui es in cælis: sanctificetur nomen tuum: adveniat regnum tuum: fiat voluntas tua, sicut in cælo, et in terra. Panem nostrum quotibianum da nobis hodie, et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris. Et ne nos inducas in tentationem,
R. Mas livrai-nos do mal.
R. Sed libera nos a malo.
O celebrante diz Amém em voz baixa, e continua:
Livrai-nos de todos os males, ó Pai, passados, presentes e futuros, e pela intercessão da bem-aventurada e gloriosa sempre Virgem Maria, dos vossos bem-aventurados apóstolos, Pedro, Paulo, André e todos os Santos, dai-nos propício a paz em nossos dias, para que, por vossa misericórdia, sejamos sempre livres do pecado, e preservados de toda a perturbação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que, sendo Deus, convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo,
Libera nos, quæsumus, Domine, ab omnibus malis, præteritis, præsentibus, et futuris: et intercedente beata et gloriosa semper Virgine Dei Genitrice Maria, cum beatis Apostolis tuis Petro et Paulo, atque Andrea, et omnibus Sanctis,  da propitius pacem in diebus nostris:  ut ope misericordiæ tuæ adiuti, et a peccato simus semper liberi, et ab omni perturbatione securi. Per eumdem Dominum nostrum Jesum Christum, Filium tuum. Qui tecum vivit et regnat in unitate Spíritus Sanctis Deus,
Por todos os séculos dos séculos.
Per ómnia saecula saeculórum.
R. Amém
R. Amen

Fração da Hóstia
Jesus « pacifica todas as coisas com o Seu sangue ». – O Celebrante divide a Hóstia em três partes, e com um pequeno bocado faz por três vezes o sinal da cruz sobre o cálice, desejando aos fiéis a paz de Cristo:
A paz  do Senhor seja sempre convosco.
Pax X Domini X sit semper vobisXcum.
R. E com o vosso Espírito.
R. Et cum spiritu tuo.
Que esta união e consagração do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo aproveite para a vida eterna àqueles que dela participamos. Amém.
Hæc commixtio et consecratio Corporis et Sanguinis Domini nostri Jesu Christi fiat accipientibus nobis in vitam æternam. Amen.

Agnus Dei
O celebrante bate três vezes no peito, dizendo (Nas Missas de Defuntos o misereré nobis é substituído por dona eis réquiem e na última vez ajunta-se sempitérnam : dai-lhes o descanso eterno):
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
R. Tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
R. Tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
R. Dai-nos a paz.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,
R. Miserere nobis.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,
R. Miserere nobis.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,
R. Dona nobis pacem.
Inclinado, recita a oração seguinte, pela paz da Igreja,
Senhor Jesus Cristo, que dissestes aos vossos apóstolos: "Eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz": não olheis os meus pecados, mas para a fé da vossa Igreja; dai-lhe, a paz e a unidade, segundo a vossa misericórdia. Vós que sendo Deus, viveis e reinais, em união com o Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.
Domine Jesu Christe, qui dixisti Apostolis tuis: Pacem relinquo vobis, pacem meam do vobis: ne respicias peccata mea, sed fidem Ecclesiæ tuæ: eamque secundum voluntatem tuam pacificare et coadunare digneris: qui vivis et regnas Deus, per omnia sæcula sæculorum. Amen.
Preparação para a Comunhão
Inclinado sobre o altar, o celebrante recita as duas orações seguintes, como preparação imediata para a Comunhão:
Senhor Jesus Cristo, filho de Deus vivo, que por vontade do Pai, cooperando com o Espírito Santo, por vossa morte destes a vida ao mundo. Livrai-me, por este vosso sacrossanto Corpo e por vosso Sangue, de todos os meus pecados e de todos os males. E, fazei que eu observe sempre os vossos preceitos, e nunca me afaste de Vós, que, sendo Deus, viveis e reinais com Deus Pai e o Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.
Domine Jesu Christe, Fili Dei vivi, qui ex voluntate Patris, cooperante Spiritu Sancto, per mortem tuam mundum vivificasti: libera me per hoc sacrosanctum Corpus et Sanguinem tuum ab omnibus iniquitatibus meis, et universis malis: et fac me tuis semper inhærere mandatis, et a te numquam separari permittas. Qui cum eodem Deo Patre et Spiritu Sancto vivis et regnas Deus in sæcula sæculorum. Amen.
Este vosso Corpo, Senhor Jesus Cristo, que eu, que sou indigno, ouso receber, não seja para mim causa de juízo e condenação, mas por vossa misericórdia, sirva de proteção e defesa à minha alma e ao meu corpo, e de remédio aos meus males. Vós, que sendo Deus, viveis e reinais com Deus Pai e o Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.
Perceptio Corporis tui, Domine Jesu Christe, quod ego, indignus sumere præsumo, non mihi proveniat in judicium et condemnationem; sed pro tua pietate prosit mihi ad tutamentum mentis et corporis, et ad medelam percipiendam. Qui vivis et regnas cum Deo Patre in unitate Spiritus Sancti Deus, per omnia sæcula sæculorum. Amen.


Comunhão do celebrante
O celebrante genuflecte e pegando depois na sagrada Hóstia, diz:
Receberei o Pão do céu e invocarei o nome do Senhor:
Panem cælestem accipiam, et nomen Domini invocabo.
Em seguida bate três vezes no peito, dizendo:
Senhor, eu não sou digno, de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e a minha alma será salva.
Domine, non sum dignus,  ut intres sub tectum meum: sed tantum dic verbo, et sanabitur anima mea.
Faz sobre si o sinal da cruz com a sagrada Hóstia, antes de a comungar:
O Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo guarde a minha alma para a vida eterna. Amém.
Corpus Domini nostri Jesu Christi custodiat X animam meam in vitam æternam. Amen.
Recolhe-se por uns instantes, e depois recita os seguintes versículos:
Que retribuirei ao Senhor por tudo o que me tem concedido? Tomarei o Cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor. Invocarei o Senhor louvando-O, e ficarei livre de meus inimigos.
Quid retribuam Domino pro omnibus quæ tribuit mihi?Calicem salutaris accipiam, et nomen Domini invocabo.Laudans invocabo Dominum, et ab inimicis meis salvus ero.
Toma o preciosíssimo Sangue, fazendo antes sobre si o sinal da cruz, dizendo:
O Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo  guarde a minha alma para a vida eterna. Amém.
Sanguis Domini nostri Jesu Christi X custodiat animam meam in vitam æternam. Amen.

Comunhão dos fiéis
Os fiéis, ou o acólito por eles, recitam o CONFITEOR:
Eu pecador me confesso a Deus todo-poderoso,à bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao bem-aventurado são Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado São João Batista, aos santos apóstolos São Pedro e São Paulo, a todos os Santos e a vós, Padre, porque pequei muitas vezes, por pensamentos, palavras e obras, (bate-se por três vezes no peito) por minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa. Portanto, rogo à bem-aventurada Virgem Maria, ao bem-aventurado São Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado São João Batista, aos santos apóstolos São Pedro e são Paulo, a todos os Santos e a vós, Padre, que rogueis a Deus Nosso Senhor por mim.
Confiteor Deo omnipotenti, beatæ Mariæ semper Virgini, beato Michæli Archangelo, beato Joanni Baptistæ, sanctis Apostolis Petro et Paulo, omnibus Sanctis, et tibi, pater: quia peccavi nimis cogitatione, verbo, et opere:  mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa. Ideo precor beatam Mariam semper Virginem, beatum Michælem Archangelum, beatum Joannem Baptistam, sanctos Apostolos Petrum et Paulum, omnes Sanctos, et te, pater, orare pro me ad Dominum Deum nostrum.
Voltando-se para os fiéis, o celebrante diz:
Que Deus onipotente se compadeça de vós, e perdoando os vossos pecados, vos conduza à vida eterna.
Misereatur vestri omnipotens Deus, et dimissis peccatis vestris, perducat vos ad vitam æternam.
R. Amém.
R. Amen.
Indulgência , absolvição, e remissão dos nossos pecados, conceda-nos o Senhor onipotente e misericordioso.
Indulgentiam X absolutionem, et remissionem peccatorum nostrorum, tribuat nobis omnipotens et misericors Dominus:
R. Amém.
R. Amen.
O celebrante volta-se para o altar, genuflecte e voltando-se pra os assistentes ergue a Hóstia, dizendo:
Eis o Cordeiro de Deus; eis O que tira os pecados do mundo.
Ecce Agnus Dei, ecce qui tollit peccata mundi.
E em seguida, três vezes:
Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e a minha alma será salva.
Domine, non sum dignus, ut intres sub tectum meum: sed tantum dic verbo, et sanabitur anima mea.
Ao dar a cada fiel a Sagrada Comunhão, diz:
O Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo , guarde tua alma para a vida eterna. Amem.
Corpus Domini nostri Jesu Christi X custodiat animam tuam in vitam æternam. Amen.
Abluções
O celebrante purifica primeiro o cálice e depois os dedos, e toma as abluções. Enquanto isso vai dizendo:
Fazei Senhor, que com o espírito puro, conservemos o que a nossa boca recebeu. E, que desta dádiva temporal, nos venha remédio para a eternidade.
Quod ore sumpsimus, Domine, pura mente capiamus, et de munere temporali fiat nobis remedium sempiternum.
Concedei, Senhor, que vosso Corpo e vosso Sangue que recebi, me absorvam intimamente, e fazei que, restabelecido por estes puros e santos Sacramentos, não fique em mim mancha alguma de culpa. Vós, que sendo Deus, viveis e reinais com Deus Pai e o Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.
Corpus tuum, Domine, quod sumpsi, et Sanguis, quem potavi, adhæreat visceribus meis: et præsta; ut in me non remaneat scelerum macula, quem pura et sancta refecerunt Sacramenta. Qui vivis et regnas in sæcula sæculorum. Amen.
Limpa o cálice e deixa-o, coberto, no meio do altar.
Antífona da Comunhão
O celebrante passa para o lado direito do altar, e recita a antífona da Comunhão.
9 - VER MISSA DO DIA
O Senhor seja convosco.
Dominus vobiscum.
R. E com o vosso espírito.
R. Et cum spiritu tuo.
Pós Comunhão
Orémus:
10 - VER MISSA DO DIA
Conclusão:
...por todos os séculos dos séculos.
R. Amém.
...per ómnia saécula saeculorum.
R. Amen
Final da Missa
O celebrante volta ao meio do altar, beija-o, e, voltando-se para os fiéis saúda-os:
O Senhor seja convosco
Dominus vobiscum.
R. E com o vosso espírito.
R. Et cum spiritu tuo.
Ide, a Missa acabou.
Ite, Missa est.
R. Demos graças a Deus.
R. Deo gratias.
Voltando-se para o altar, recita a seguinte oração:
Seja-vos agradável, ó Trindade santa, a oferta de minha servidão, afim de que este sacrifício que, embora indigno aos olhos de vossa Majestade, vos ofereci, seja aceito por Vós, e por vossa misericórdia, seja propiciatório para mim e para todos aqueles por quem ofereci. Por Cristo Jesus Nosso Senhor. Amém.
Placeat tibi, sancta Trinitas, obsequium servitutis meæ: et præsta, ut sacrificium quod oculis tuæ maiestatis indignus obtuli, tibi sit acceptabile, mihique, et omnibus pro quibus illud obtuli, sit, te miserante, propitiabile. Per Christum Dominum nostrum. Amen.
Beija o altar, volta-se para a assistência, e dá a bênção, dizendo:
Abençoe-vos o Deus onipotente, Pai, e Filho,  e Espírito Santo.
Benedicat vos omnipotens Deus: Pater, et Filius, X et Spiritus Sanctus.
R. Amém.
R. Amen.
ÚLTIMO EVANGELHO
O celebrante passa para o lado esquerdo do altar e recita, como último Evangelho, o princípio do Evangelho de S. João:
O Senhor seja convosco.
V.Dominus vobiscum.
R. E com o vosso espírito.
R. Et cum spiritu tuo.
Início do santo Evangelho, segundo São João
Initium sancti Evangelii X secundum Joannem.
R. Glória a Vós, Senhor.
R. Gloria tibi, Domine.
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.Ele estava no princípio com Deus Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João Este veio como Testemunha para dar testemunho da luz, afim de que todos cressem por meio dele. Não era Ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Ali estava a Luz verdadeira, a que ilumina a todo o homem que vem a este mundo Estava no mundo, e o mundo foi feito por Ele, e o mundo não O conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não O receberam. Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, aos que creem no seu Nome;Os quais não nasceram do sangue, nem do desejo da carne, nem da vontade do homem, mas nasceram de Deus.(ajoelha-se) E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, glória própria do Filho Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.
In principio erat Verbum et Verbum erat apud Deum, et Deus erat Verbum. Hoc erat in principio apud Deum. Omnia per ipsum facta sunt, et sine ipso factum est nihil quod factum est; in ipso vita erat, et vita erat lux hominum; et lux in tenebris lucet, et tenebræ eam non comprehenderunt. Fuit homo missus a Deo cui nomen erat Joannes. Hic venit in testimonium, ut testimonium perhiberet de lumine, ut omnes crederent per illum. Non erat ille lux, sed ut testimonium perhiberet de lumine. Erat lux vera quæ illuminat omnem hominem venientem in hunc mundum. In mundo erat, et mundus per ipsum factus est et mundus eum non cognovit. In propria venit, et sui eum non receperunt. Quotquot autem receperunt eum, dedit eis potestatem filios Dei fieri; his qui credunt in nomine ejus, qui non ex sanguinibus, neque ex voluntate carnis, neque ex voluntate viri, sed ex Deo nati sunt. (ajoelha-se) Et Verbum caro factum est, et habitavit in nobis: et vidimus gloriam ejus, gloriam quasi Unigeniti a Patre, plenum gratiæ et veritatis.
R. Demos graças a Deus.
R. Deo gratias.
ORAÇÕES NO FIM DA MISSA
De joelhos diante do altar, o celebrante diz com os fiéis as seguintes preces prescritas pelo papa Leão XIII e por Pio XI enriquecidas de indulgências (10 anos). Este último papa mandou que se rezassem pela conversão da Rússia.
Ave Maria (três vezes)
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois Vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.
Ave María, grátia plena, Dóminus técum, benedícta tu in muliéribus, et benedictus fructus ventris tui Jesus. Sancta Maria, Mater Dei, ora pro nobis peccatóribus, nunc et in hora mortis nostræ. Amém

Salve Rainha
Salve Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve!
A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva.
A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas.
Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei.
E depois deste desterro, mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre.
Ó clemente! Ó piedosa! Ó doce sempre Virgem Maria!
Salve Regína, Mater Misericórdia, vita, dulcédo et spes nostra salve.
Ad te clamámus, éxsules fílii Evæ.
Ad te suspirámus gementes et flentes in hac lacrimárum valle.
Eia ergo, advocate nostra, illos tuos misericórdes óculos ad nos converte.
Et Jesum, benedíctum fructum ventris tui, nobis, post hoc exsílium, osténde.
O clemens, o pia, o dulcis Virgo Maria!
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus
Ora pro nobis Sancta Dei Génitrix
R: Para que sejamos dignos das promessas de Cristo
R: Ut digni efficiámur promissionibus Christi.
Oremos:
Deus, nosso refúgio e fortaleza, olhai propício para o povo que a Vós clama; e, pela intercessão da gloriosa e imaculada Virgem Maria, Mãe de Deus, de S. José, seu Esposo, dos vossos bem-aventurados Apóstolos S. Pedro e S. Paulo e de todos os Santos, ouvi misericordioso e benigno as preces que Vos dirigimos para a conversão dos pecadores, para a liberdade e exaltação da Santa Madre Igreja. Pelo mesmo Jesus Cristo Senhor Nosso.
Orémus:
Deus, refugium nostrum et virtus, populum ad te clamantem propitius respice; et intercedente gloriosa et imaculata Virgine Dei Genitrice Maria, cum beato Joseph, ejus sponso, ac beatis apostolis tuis Petro et Paulo, et omnibus sanctis, quas pro conversione peccatorum, pro libertate et exaltatione sanctæ Matris Ecclesiæ, preces effundimus, misericors et benignus exaudi. Per eumdem Christum Dominum nostrum.
R: Amém
R: Amen
São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, cobri-nos com o vosso escudo contra os embustes e ciladas do demônio. Subjugue-o Deus, instantemene o pedimos. E vós, príncipe da milícia celeste, pelo divino poder, precipitai no inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas. Amém.
Sancte Michael Archangele, defende nos in prælio; contra nequitiam et insidias diaboli esto præsidium. Imperet illi Deus, supplices deprecamur: tuque, Princeps militiæ cælestis, Satanam aliosque spiritus malignos, qui ad perditionem animarum pervagantur in mundo, divina virtute in infernum detrude. Amen.
R: Amém
R: Amen
S. Pio X pediu se ajuntasse três vezes a seguinte jaculatória:
Sacratíssimo Coração de Jesus
Cor Jesu sacratíssimum
R. Tende piedade de nós.
R: Miserere nobis
   
Cânticos diversos
Adoro te devote:
Com devoção Te adoro, oculta Divindade,
Em verdade escondida sob estas figuras.
A Ti meu coração todo se confia,
Porque ao contemplar-Te cai e desfalece.
A vista, o gosto e o tato em Ti já nada alcançam, Mas só de ouvido eu creio e tenho fé, Pois creio no que disse o Filho do Deus vivo; E nada há mais verdadeiro que a palavra da Verdade.
Na cruz somente estava oculta a Divindade
Mas aqui também o está a humanidade;
Contudo creio e confesso uma e outra,
E peço o que pedia o ladrão arrependido.
Como Tomé, não vejo as chagas,
Contudo Te confesso por meu Deus.
Dá-me ter sempre crença em Ti,
Maior esperança e maior amor!
Ó memorial da morte do Senhor!
Pão vivo que ao homem dás a vida.
Que a minha alma sempre de Ti viva,
Doce lhe seja sempre o Teu sabor.
Pio pelicano, bom Jesus,
Imundo sou, purifica-me em Teu sangue
De que uma gota só pode limpar
O mundo todo de qualquer pecado.
Jesus, a quem oculto agora vejo,
Dá-me, peço-Te, o que tanto aspiro
E é, de face já sem véus,
Na glória contemplar-Te eternamente.
Amén.
Adoro te devote,
latens, Deitas,
Quae sub his figuris vere latitas;
Tibi se cor meum totum subiicit,
Quia te contemplans, totum deficit.
Visus, tactus, gustus in te fallitur.
Sed auditu solo tuto creditur;
Credo quidquid dixit Dei Filius,
Nil hoc verbo veritatis verius.
In Cruce latebat sola Deitas.
At hic latet simul et humanitas;
Ambo tamen credens, atgue confitens,
Peto quod petivit latro paenitens.

Plagas, sicut Thomas, non intueor,
Deum tamem meum te confiteor;
Fac me tibi semper magis credere.
In te spem habere, te diligere.
O memoriale mortis Domini,
Panis vivus vitam praestans homini:
Praesta meae menti de te vivere,
Et te illi semper dulce sapere.
Pie pellicane Iesu Domine,
Me immundum munda tuo Sanguine:
Cuius una stilla salvum facere
Totum mundum quit ab omni scelere.
Iesu, quem velatum nunc aspicio,
Oro, fiat illud, quod tam sitio,
Ut te revelata cernes facie,
Visu sim beatus tuae gloriae.
Amem.
Pange lingua:
Canta, ó língua minha, o mistério do Corpo glorioso e do Sangue precioso, que o Rei dos povos, filho da mais nobre das mães,
derramou em resgate do mundo. Foi-nos dado e para nós nasceu da Virgem toda pura; e depois de viver na Terra, espalhando a semente da verdade, pôs termo ao seu exílio com uma obra digna de eterno louvor.
Na noite da última ceia, estando sentado com os discípulos, e depois de ter cumprido com eles as prescrições legais acerca do banquete pascal, deu-se por suas próprias mãos aos Doze em alimento. O Verbo incarnado converteu com uma só palavra a sua carne em verdadeiro pão e em sangue de Cristo se converte o vinho. E ainda que isto não compreendamos com a nossa humana inteligência, a fé só é bastante para convencer os corações puros.
Tantum ergo Sacramentum:
Na presença, pois, dum
sacramento tão grande, prostremonos
por terra e adoremos. Que os
velhos símbolos deem lugar ao
novo rito e que a fé ilumine e
complete o que falta nos sentidos
para entender.
Seja pois dado ao Pai e ao Filho
louvor, glória e império, e Ao que
de Ambos procede retribuamos
igual louvor. Amén.
Pange lingua
gloriósi Córporis mystérium,Sanguinísque pretiósi, Quem in mundi prétium Fructus ventris generósi Rex effúdit géntium.
Nobis datus, nobis natus Ex intácta Vírgine,
Et in mundo conversátus, Sparso verbi sémine,
Sui moras incolátus Miro clausit órdine.


In suprémae nocte coenae Recúmbens cum frátribus, Observáta lege plene
Cibis in legálibus, Cibum turbae duodénae
Se dat suis mánibus.
Verbum caro, panem verum Verbo carnem éfficit;
Fit sanguis Christi merum;
Et si sensus déficit, Ad firmándum cor sincérum
Sola fides súfficit.
Tantum ergo Sacramentum,
Veneremur cernui
Et antiquum documentum
Novo cedat ritui
Praestet fides supplementum
Sensum defectui.
Genitori, Genitoque
Laus et jubilatio
Salus, honor, virtus quoque
Sit et benedictio
Procedenti ab utroque
Compar sit laudatio. Amen.
Jesu dulcis memória:
É doce a lembrança de Jesus, e dá
as verdadeiras alegrias do
coração: Mais doce, porém, que o
mel e que tudo é a doçura da Sua
presença.
Nada se canta mais suave, Nada se
ouve mais melodioso, Nada se
pensa mais doce, Do que Jesus,
Filho de Deus.
Ó Jesus, esperança dos
arrependidos: Como sois caridoso
para os que Vos imploram! Como
sois bondoso para os que Vos
procuram! O que sereis, então,
para os que Vos encontram?
Ó Jesus de doce coração,
Fonte de vida, luz do intelecto, que
excede todas as alegrias e todos os
desejos.
Não há palavra que o diga, Nem
letra que o saiba exprimir: Só
quem experimentou pode crer, O
que seja amar Jesus.
Ó Jesus glória dos anjos,
Doce canto dourado,
Desejo do mel dos méis,
Néctar dos céus no coração.
Sede, Jesus, nossa alegria, Vós que
haveis de ser nosso prêmio: Que a
nossa glória repouse em Vós Por
todos os séculos dos séculos.
Amém.

Jesu dulcis memoria,
Dans vera cordis gaudia,
Sed super mel et omnia,
Ejus dulcis praesentia.

Nil canitur suavius,
Nil auditur jucundius,
Nil cogitatur dulcius
Quam Jesus, Dei Filius.
Jesu spes poenitentibus,
Quam pius es petentibus!
Quam bonus te quaerentibus!
Sed quid invenientibus?

Jesu dulcedo cordium,
Fons vitae, lumen mentium,
Excedit omne gaudium,
Et omne desiderium.
Nec lingua valet dicere,
Nec littera exprimere:
Expertus potest credere,
Quid sit Jesum diligere.
Jesu decus angelicum,
In aure dulce canticum,
In ore mel melificum,
In corde nectar coelicum.
Sis, Jesu nostrum gaudium,
Qui es futurus praemium:
Sit nostra in te gloria,
Per cuncta semper saecula.
Amen.
Ave Regina:
Ave, ó Rainha dos Céus, ave ó
Senhora dos Anjos, salve, ó
rebento de Jessé, salve ó porta
por onde veio ao mundo a luz
salvadora. Exulta, ó Virgem
gloriosa, de beleza sem igual.
Eu Te saudo, ó formosura
soberana, roga a Cristo por
nós.
-Dignai-Vos aceitar, Senhora,
os meus louvores.
-E dai-me coragem para
combater os Vossos inimigos.
Regina Caeli:
Rainha do Céu, regozijai-Vos,
aleluia. Porque Aquele que
merecestes trazer no seio,
aleluia, ressuscitou como
dissera, aleluia. Rogai a Deus
por nós, aleluia.
-Exultai e regozijai-Vos, ó
Virgem Maria, aleluia.
-Porque o Senhor ressuscitou
verdadeiramente, aleluia.
Ave Verum:
Ave corpo verdadeiro, da Virgem
Maria nascido, Que pelo homem
padeceu e foi imolado na cruz. De
seu lado trespassado manou água
e sangue. Oxalá nós o bebamos na
hora da nossa morte. Ó doce
Jesus, Ó piedoso Jesus, Ó Jesus,
filho de Maria!
Ave Regina
cælórum, Ave Dómina
Angelórum. Salve radix, salve
porta, Ex qua mundo lux est
orta: Gaude Virgo gloriósa,
Super omnes speciósa: Vale, o
valde decóra, Et pro nobis
Christum exóra.
-Dignaré me laudáre te, Virgo
sacráta.
-Da mihi virtútem contra
hostes tuos.
Regina Caeli,
laetare, alleluia:
Quia quem meruisti portare,
alleluia:
Resurrexit, sicut dixit, alleluia.
Ora pro nobis Deum, alleluia.
-Gaude et laetare, Virgo
Maria, alleluja.
-Quia surrexit Dominus vere,
alleluja.
Ave Verum
Corpus natum de María
Vírgine. Vere passum,
immolátum in cruce pro
hómine. Cujus latus
perforátum fluxit aqua et
sánguine. Esto nobis
prægustátum mortis in
exámine. O Jesu dulcis, O Jesu
pie, O Jesu, fili Maríæ.